Jader Resende

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

  Matar reputações


autor: Jader Resende 

O poder ou a sombra dele subestima a população, além é claro, de aterrorizar, manipular e ignorar suas básicas necessidades.
O povo sempre foi sábio, criativo, improvisa suas prendas constrói sua história e tradições independente dos governos e aprende os ensinamentos que lhes são dados.
Vê as manobras e armações mirabolantes com produções caríssimas, onde tudo é valido para manter  aqueles com mais poder. A moral e o imoral unidos na violência do silencio desta força perversa na sociedade.  
Na impossibilidade de segregar em prisões ou manicômio, negros, pobres ou militantes políticos, são privatizados do direito de viver quando marcados a ferro em brasa como inimigos.
Justiceiros obedecem cegamente à manipulação dos com pouco ou muito poder e partem eufóricos para crucificar todo e qualquer suposto inimigo, na esperança dum lugar a sombra do grande irmão.  
Pregam que, presos políticos levaram para dentro dos presídios novas formas de organizações, influenciaram na formação de varias siglas do submundo. Pode ate ser.
Torturas também poderiam ser difundidas e sorrateiramente adaptadas, camufladas psicologicamente nas  entrelinhas da dominada comunicação, são armas extremamente dolorosas, eficazes e impiedosamente destruidoras.
Pode parecer novidade, mas já se tornou arma de domínio público, manipular um crime é assunto de qualquer grupo desocupado em volta de uma caixa de isopor nas esquinas da cidade.
Discretamente nas armações, difamações, mentiras, metalinguagem e do assedio moral, retém a vitima na pura vida de sofrimento.
 Vale qualquer acusação para quebrar a linha moral, por mais absurda que seja. Mudam a camuflagem das agressões de acordo com o que melhor se adapta ao momento. 
Tudo será usado nas diabrites executadas, mudança de uma vírgula, valores, frases, ideias ou até palavras são canalizadas em beneficio dos com pouco ou muito poder ou dos que vivem a sombra deles.
Cultivam a rivalidade entre sua vitima e qualquer outra pessoa próxima a ela. Semear animosidades é de suma importância para isolar a vitima, deixá-la sem poder se comunicar, assim não poderá explicar, se defender ou receber ajuda tão pouco reunir forças para lutar.
A turba anônima e justiceira alegremente dosa na intensidade e no tempo as difamações, fofocas, provocações diárias e constantes, na  transformação de grandes mentiras em verdade a troco de promessas, favores ou conduzidas por manipulações.
Aos poucos e homeopaticamente numa forma calculada de sofrimento destrói o passado da vitima, fazendo da sua vida um inferno, levando o infeliz a sérias enfermidades, desprezo pela justiça a ponto de se matar ou enlouquecer.
Ninguém vê, além do que lhe é imposto. Os crimes invisíveis não deixam pistas, marcas, culpados ou condenados.
Agridem o tempo todo sem medo e risco, vão torturando psicologicamente, sistematicamente vão matando sua reputação, identidade, destruindo seus códigos moral, sua honra e sua confiança no ser humano. Enfim, dosar o sofrimento na intensidade e no tempo deixa o criminoso livre das provas de seus crimes e alcança seus objetivos.
"Mas agora estava tudo em paz,
tudo ótimo, acabada a luta.
Finalmente lograra a vitória sobre si mesmo.
Amava o grande irmão."
George Orwell, 1984

Depois de matá-la sem nenhum risco de ser preso ou responder por seus crimes, seu papel na sociedade já esta definido como carrascos de aluguel.
A vida roubada e massacrada impiedosamente  transforma-se em pura indignação e um exemplo nas facilidades dos crimes invisíveis por mais fútil que seja o benefício dos poderoso ou ex-poderosos.
A repetição destes crimes no cotidiano é destrutiva para a sociedade, a barbárie e a crueldade passam a ser uma necessidade na existência dos capatazes justiceiros, que continuaram sempre fabricando outras vitimas. 

Jader Resende
A minha natureza inquieta, fé no trabalho e confiança num futuro onde: espírito, liberdade e natureza, estejam numa só manifestação do homem é que me leva a ser sempre Jader Resende e não imitador de Jader Resende


Segue texto de Emilio Lima falando sobre TORTURA, uma complementação com alguns elementos que cairiam bem em meu texto. É um texto interessante.

sábado, 12 de abril de 2014



O Emílio Lima parte para o ataque ... 'Brasil: Mengele está vivo?'





buscado no Molina





por Emílio Lima



Segundo fontes reservadas da comunidade de informações, o famoso monstro nazista está vivo e ativo no Brasil.

O famigerado torturador de crianças e de adultos em Auschwitz, onde costumava injetar tinta nos olhos das crianças e contar quantas coronhadas um adulto suportava antes de morrer, teria adotado um perfil mais moderno.

Não se sabe ainda se por assassinato ou sequestro, Mengele teria ocupado o lugar de um político brasileiro de boa reputação, passando a contar com alcance pelo menos nacional, nesta imensidão que é o Brasil, em sua capacidade de manipular pessoas, organizar pequenas quadrilhas locais de pressão, e de praticar pequenos delitos infames, além de novas formas, mais sofisticadas e aparentemente brandas, de tortura.

Também não se sabe ao certo se especializou-se ele ou se para isto dispõe de uma equipe, mas é capaz de invadir os computadores das pessoas, abortar o envio de seus e-mails, bloquear softwares, tornar lento o funcionamento da máquina e até fazer desaparecer mensagens eletrônicas.

Se uma de suas vítimas não obedece prontamente a seus ditames tirânicos e absolutamente ilegais e inconstitucionais, pune-a, com corte em suas comunicações telefônicas familiares, com cortes no abastecimento doméstico de água e gás, sabotagens em seus automóveis, ligação de serras elétricas fora de hora, irritação de cães para que ladrem desesperada e desesperadoramente, rondar incessante de motocicletas que aceleram deliberadamente no local exato, caras feias da quadrilhinha local, tentativas noturnas e canhestras de intimidação e coisas ridículas como o sobrevoo incessante e perdulário de aeronaves públicas e privadas.

As casas e os automóveis das vítimas são "equipados" com localizadores e escutas, porque Mengele carrega uma necessidade insaciável de saber de tudo em todos os seus detalhes.

Ameaças veladas às vítimas e a seus familiares estão entre as formas usadas por Mengele para tentar obter sua obediência.

Tentativas de censura a idéias, textos e publicações, nem sempre bem-sucedidas, também fazem parte das práticas usuais do criminoso nazista. Frequentemente com ridículas e dissimuladas adesões posteriores de Mengele, quando o interessado é mais poderoso do que ele.

Diz a fonte, que não quer se identificar. que o mais curioso, é que depois de adotar este comportamento por mais de 18 meses, Mengele pretende convocar inapelavelmente suas vítimas para que se desloquem, não importa quantos quilômetros, em que condições pessoais, ou a que custo, para aplaudí-lo, cidadão exemplar que quer fazer crer que é, em cerimônias públicas.

Segundo a fonte, as investigações são mantidas em sigilo, porque as autoridades têm esperança de encontrar, ainda com vida, o respeitável cidadão que Mengele "substituiu". 



(http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/7789)









Sistema Livre

por Jader Resende

Pra suavizar um pouco esse pesado clima de políticas presumidamente confiáveis, nada como falar sobre sistema livre.
Que não podemos trabalhar livremente nossas ideias nem mesmo questioná-las, isso todos sabem.
Somos seguidamente interpretados pela lei do lucro imediato e mais fácil, somos sufocados pelas manipulações dos poderosos ou dos que vivem a sombra deles.
É fundamental expor a prisão em que vivemos. Sentimos na pele a dominação total dos nossos passos e pensamentos.
Viver numa sociedade onde a dignidade alheia vale muito pouco, podemos sim, cuidar do outro, agora e para o futuro. A educação dos jovens poderá fazer brilhar lampejos de luz em gerações futuras.
Arquivo livre é viável, única arma de defesa da nossa vulnerabilidade diante do sistema proprietários, pelo menos é a única alternativa.
Uma empresa 100% proprietária, quando usada seja para qual fim for, será dominada pelo proprietário, ele estipula sem consideração ao mercado o seu preço e ponto final.
O controle do mercado como podem constatar, pode ser feito através da incompatibilidade intencional dos sistemas operacionais, dos milhares de supostos programas gratuitos que na verdade ao pouco alicia e escraviza todos nós, lentamente amarra este mundo binário a seu modo. Esta incompatibilidade pode provocar o desaparecimento da nossa história.
O arquivamento de toda história estará sequestrado em mãos de quem não conseguimos imaginar.
Enfim, tudo é gravado em sistemas, nossos movimentos e documentos estão lá, quando um proprietário resolver não aceitar sistemas passados ou de concorrentes que há muito não existem. Como ficara todo passado ali gravado? Acredito que nenhum governo terá forças para impor a História do seu povo, se por acaso até lá existir.
Quem nunca ouviu esta frase. “Não tenho culpa é o sistema", "O sistema caiu” ou “O sistema só liberou 2 vagas”.
Vamos imaginar uma pessoa a espera de um avião para uma planejada e longa viajem. No aeroporto resolve fazer uma transação bancaria, perto do fim, cai o sistema, seus documentos ficam retidos, não tem como terminar, cancelar ou ter seu cartão de volta, sem ele não pode viajar, é obrigado a esperar e só muito horas depois volta ao ar e uma trabalheira surge para remarcar a viajem e seus planos, isto se for a recreio do contrario nem é bom falar...
Comemos, dormimos, cuidamos da saúde, lemos, ouvimos musicas e nos divertimos somente o que determina o poder, pouco ou nada podemos questionar e podemos perder nosso passado e nossas tradições.
Tudo não passa de manipulação e domínio. Enfim, tudo na internet e principalmente sistemas e programas estão atrelado ao poder econômico.
Quem controla os sistemas proprietários, tem nas mãos a indústria, engenharia e meio mundo de operários, é muito dinheiro e poder rolando pra um só lugar.
É de grande importância o conhecimento do sistema livre no aprendizado dos jovens nesta geringonça chamada computador e seus programas. Através da educação pode-se fornecer elementos para reforçar os valores sociais e a liberdade de criação, não só agora como no futuro.
Temos em comum um grande inimigo e ele se chama poder econômico e pouco pode-se fazer a não ser conhecer as entrelinhas do sistema de domínio, ter consciência do que acontece a nossa volta e tentar levar para gerações futuras conhecimentos transmitidos através da importância dos códigos e do sistema livre.
Mesmo com toda essa parafernália logaritima, a realidade de Matrix pairando sobre as nuvens e 1984 chegando sorrateiramente, continuamos a ver gerações desvalorizando a cultura e uma rica fonte de conhecimentos livres.
Devemos lutar contra a ignorância, principal requisito imposto pelo poder aos 99%.  Sentimos no dia a dia a destruição da cultura e do conhecimento pela imposição da ignorância.
A arte imita a vida e vida imita a arte, assim vamos levando nosso presente.
Acredito que em 2006 Mel Gibson realizou o filme “Apocalipse”.
Retrata a decadência e os últimos dias da civilização Maia antes da chegada dos espanhóis.
Os sacerdotes e governantes supremos dos Maias, donos da vida e da morte de um povo, dominavam a ciência entre outras artes e sabedores da eclipse fazem sacrifícios humanos para acalmar os deuses e manter o povo sob domínio do medo e da ignorância.
Em nome dos deuses, impôs centenas de sacrificados que duraram dias e noites antes da eclipse.
Terminada a eclipse o sol volta a brilhar como prometera os sacerdotes, quando o caçador de pessoas para serem sacrificados pergunta ao pé de ouvido do sacerdote chefe.
— E agora o que eu faço com o restante de presos e ele responde.
— Não precisamos mais deles. Leve para a floreta e mate como quiser.
O medo e ignorância do povo foi e ainda é forma de domínio
O final do filme leva também a dominação através da ignorância.
Os maias esperavam os deuses chegar na terra trazendo uma nova vida para todos e a chegada dos espanhóis era para eles a chegada dos deuses em forma de homens. Ai, começa a extinção do povo Maia e termina o filme.
É muito triste a sensação de impotência diante das gerações perdidas que nós rodeia diariamente, terrivelmente vulneráveis diante da força bruta em nome de uma suposta segurança, como os sacerdotes quando se dirigem ao povo depois do s sacrifícios;
 —Com estes sacrifícios acalmei os deuses e fiz voltar a luz dos sol, vocês agora podem voltar com segurança para seus afazeres. Não existe segurança alguma a não ser manipulações para impor obediência e servidão.
O sistema livre não vingou ainda, esta em faze difícil diante do estrangulamento econômico, deixa um bom legado para gerações. Não custa conhecê-lo, dominá-lo e entender melhor o mundo computadorizados a nossa volta.
Pouco pode fazer os migrantes tatuados pela natureza com o poder do código livre.
O poder esta nas mãos jovem, precisam dominar o sistema Livre.


Jader Resende


  ooooooooooooo

Eternos Migrantes





Por Jader Resende
Todos os dias somos sufocados pelas modificações na sua estrutura física e lógica, com pequenas, planejadas e homeopáticas novidades, que diariamente aparecem para a felicidade do bilionário comercio digital e desumano suplício da natureza na exploração dos recursos naturais do nosso solo.
Esta parafernália comercial acaba transformando a todos em eternos migrantes nesse mundo binário. Pela impossibilidade de acompanhar esta transformação constante e forçada, seremos considerados seres inferiores e continuaremos explorados e sem liberdades.
Como se não bastasse fazer vista grossa diante dos infinitos meios de manipulações nesta confusão que cobre o ar que respiramos na ilusão de bem próximo os distantes e longe os bem próximos. Partem para controle absoluto dos meios de comunicação e impiedosamente as corporações controlam tudo e todos eliminando qualquer vestígio de inteligência de um povo. A dominação pelas armas tornou-se dispendiosa para os que nada têm e tudo quer. Mesmo assim, bilhões são gastos militares e sacrifício de muitas vidas acontecem. Interesses econômicos de gananciosos grupos dominam através de sofisticadas manipulações e espionagens.
A condenação ou recriminação tem agora maior visibilidade e facilidades de registro dos fatos com fotos e filmes através do mundo virtual e também enganos são cometidos pela velocidade na comunicação. Justiçamentos, linchamentos e assassinatos de reputações tornaram-se uma constante, melhor dizendo, já ganhou o domínio público, de forma não tão sofisticada quanto às impostas pelas ditas corporações, mas de grande efeito na insegurança generalizada nas básicas necessidades do povo.
A importância das manifestações através das redes sociais mostra como nunca, a força e poder da periferia, da favela e das minorias na vida política e cultura da cidade.
O mundo invisível dos bytes nos contamina diariamente e nos envolve nesse mundo binário que veio para ficar.
Web esta presente em todo e qualquer lugar, dependemos dela para tudo, dela fazemos parte e ninguém escapa. A Web superficial é um verdadeiro mercado da diversidade apesar de ser um terço do desconhecido e profundo mundo da Deepnet.
De grande importância na superfície da internet, entre muitos outros, temos a participação no sistema de transplantes de órgãos, salvando vidas, trazendo novas chances para muitos voltarem ao prazer de viver. Através da presteza e agilidade da internet na simples organização da fila de espera de um transplante, até os precisos instrumentos utilizados pelos médicos, tudo passa pelo computador para o bem da humanidade.
O mal também se faz presente, pode estar no mais alto escalão do poder, até bandidos de todos os tipos. Existem os que por pouco se vendem, outros a troco de vantagens ou favores, alguns com técnicas avançadas são capazes de mirabolantes transações desonestas, outros nem tanto, contudo com uma vírgula elimina alguém ou faz de sua vida um inferno.
Fingimos não ver invasões, mortes em massa, destruição de países, espionagem na vida privada e econômica pelos verdadeiros donos do poder. Fingimos não ver o roubo de nossas riquezas, destruição de nossos códigos de honra, nossas tradições e principalmente a imposição de consumo planejado que só destrói a vida.
Fingimos não sentir a manipulação de nossas emoções, onde somos atingidos facilmente pelos invisíveis crimes cibernéticos, destruindo principalmente os que se manifestam contra o poder corporativo, por mínimo que seja o protesto será castigada de forma impiedosa e desumana.
Esse é o preço que pagamos pelas facilidades e importância da Web.
Enfim. Sem levar em conta o poder da robótica. O seu domínio principalmente na indústria substituindo o operariado, na repressão social, tal qual nos filmes que já tivemos a oportunidade de ver. Teremos outros desafios, outros amigos e outros inimigos. As inovações tornaram os robôs cada vez mais humanos e também mais cruéis.
Diante de todos os avanços seguirei acreditando que por traz de um computador terá sempre alguém salvando ou destruindo vidas.
Acima de tudo continuarei acreditando que não conseguiremos resolver nenhum problema se não darmos a natureza o que ela merece e transformá-la no que sempre foi, a essencia da vida.



 

A obsolescência programada da humanidade



O mundo é grande o suficiente para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequeno, para a ganância de alguns.

Mahatma Gandhi


Por Jader Resende
Na sombra do poder, a obsolescência programada se torna cada dia mais dominante. Nenhum produto industrializado suporta seu uso natural, visa somente garantir um consumo constante.
Obrigando-nos a viver na eterna busca do novo que rapidamente se torna obsoleto, aos poucos nos tornamos dependentes da obsolescência psicológica, ou seja, jogar fora o velho esta se torna a felicidade de comprar o novo.
Tenhamos petróleo, ex-sal, ouro, ferro, vidro, e madeira, também tínhamos diversas profissões tradicionalmente familiares e extintas pela ganância de poucos. Nesta avalanche de produtos descartáveis visando somente maximizar o lucro, nada mais. Em breve este suplício imposto a humanidade sairá caro.
Se não bastasse vender nossa soberania e nossas riquezas e não incentivar a criação de patentes (veja Bina ), somos usados como laranjas, transportando malotes de dinheiro para outros países através das marcas e patentes.
Generosamente damos matéria prima  e somos obrigados a comprar o que não dura e não presta. Desta forma estruturam cada vez mais o consumo de bens materiais. Neste objetivo insane de lucrar, cada vez mais, o neoliberalismo como uma doença vai aliciando todos sem piedade.
Num esforço teatral, ficamos cheio de dedos numa extrema delicadeza artificial, tentando fechar a “torneira plástica” finamente projetada (pra Inglês ver), que acaba sempre quebrando em pouco tempo e suas peças em blocos de plásticos  não permitem consertos.
Convivemos com portas de armário conglomerados  desabando ao menor toque, gavetas que nada suportam e vivem  despencando na cabeça de “velhos e crianças” que dependem de visinhos, porteiros e até mesmo transeuntes para socorrê-los. Trocar frequentimente lâmpadas e outros eletrodomésticos que vivem a queimar ou quebrar é rotina.
O fenômeno industrial da obsolescência programada destrói o poder mágico de dar vida a tudo que nos rodeia, de sentir no lar as vibrações deixadas por gerações passadas. Destroem as lembranças dos velhos, acelerando sua morte e condenam os mais novos a não conhecerem a ultima face mágica vida.
Envelhecer em qualquer situação e difícil. A constante presença da morte entre amigos, visinhos e pessoas queridas é dolorosa, a aceitação das deficiências que surgem com a idade é uma luta constante e buscar nas lembranças escondidas durante a vida em tudo aquilo que o envolve torna-se uma riqueza.
Privá-los destas lembranças é como se arrancasse o idoso de uma casa onde viveu toda sua vida para viver num local completamente desconhecido do seu passado.
Éramos encantados ao ouvir: “Este moveis pertenceram a meus avos e os guardo com carinho, em cada canto tenho um tesouro”. Brotava lembranças em sua face marcada pelas tatuagens da natureza, fluía em seus mínimos detalhes o sorriso suave e um monte de casos buscados no fundo da alma, para cada móvel da casa uma mágica lembrança. Não era necessário remédio para doenças de esquecimentos. Lembranças eram a ultima companhia na solidão da velhice imposta pela sociedade.
Não mais existem estes belos sentimentos que transformava os moveis de madeira de lei num refúgio seguro para os sonhos do passado que a sociedade não conseguiu tomar dos velhos.
A natureza na sua precisão da aos velhos o poder de vivenciar o passado em cada objeto que o cerca, esta felicidade é destruída por aqueles que sem noção do seu próprio envelhecimento convivem com o poder desumano do dinheiro.
O sonho mágico deixou de existir, a aceleração da vida moderna priva-nos de conviver com os objetos que nos transportava para as alegrias vividas, em nome da maldita obsolescência programada. Só a natureza paga por fornece matéria prima para esse esbanjamento estúpido que terá graves consequências ambientais.
Meios de comunicação são usados para impor o consumo e aquecer a economia, partem para endividar o povo, financiando um emaranhado de lixo para o lar sem valor sentimental ou comercial, aproximando cada vez mais a destruição do passado e futuro num curto espaço de tempo.
Tornando-nos consumidores doentios, sugam nossos suor e nosso pão para benefícios dos proprietários de grandes marcas e patentes, destruindo de imediato o companheirismo entre os próprios trabalhadores e da natureza. Cedo ou tarde este desperdício custara caro, isto na melhor das hipóteses.
Espertalhões em mirabolantes e lucrativos casamentos das monstruosas marcas e patentes tornam-se, o que existe de mais genial em nossas vidas. Descartáveis em negociatas nos cassinos econômicos se eternizam como gênios da nossa História.
O futuro dependera do que deixamos ou não, as oito famílias que agora dominam o mundo, fazerem. Haverá tempo deles construírem um mundo artificial? Se for isto que pensam acredito que não.
Por fim podíamos estar fazendo muita coisa produtiva e não podemos somos manipulados e obrigados a venerar o grande irmão pelo suplicio imposto à natureza. 

 

 

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Na cara



autor: Jader Resende 
 
De um lado e do outro da rua, aos poucos formavam aglomerados de olho na sinaleira.  Logo, logo, brilhou o sinal verde, esperamos o invasor de sinal passar. Infelizmente um rapaz confiando na faixa amarela não percebeu o apressado, foi atingido pelo carro e atirado no meio da rua. Todos correram para ajudar. Quando uma voz grossa berrou.
—Sai da frente que vou dar uma lição nesse vagabundo. Atingindo-o com um murro na cara. Quando tentaram segurar o furioso homem, ele fez um gesto suspeito com ódio encarniçado na cara e disse:
—Vão me encarar? Foi o bastante pra todos se afastarem. Entrou no carro e disse:
—Anote a placa, dê queixa na delegacia e saio cantando pneus.  Todos foram chegando lentamente e falando ao mesmo tempo.
—Leva o homem pro pronto socorro, dizia uma mulher.
—O rapaz foi atropelado, apanha e ninguém faz nada. Falava um senhor.  
—Esse queria se matar, dizia outro.
—Cala boca, já viu alguém se matar na faixa de segurança.
—Esta cheirando a desilusão amorosa. Insistia o adepto ao suicídio.
—É culpa do governo, pobre só serve pra votar e tomar na cara.
—O fuzuê estava formado.  Apareceu gente de todos os lados.
A dona da loja em frente socorreu o rapaz sem ninguém perceber e deu-lhe água com açúcar. Como ele nada falava, ela perguntou.
—Você quer alguma coisa, um café, telefonar pra alguém? Ele balançava negativamente a cabeça. Sentou-se a seu lado e perguntou.
—Você se machucou?
Não, nada grave.
—Como é seu nome?
—Zé. Respondeu numa introversão denunciando sua origem.
—Zé, vá direto a delegacia dar queixa.
—Pra quê?
—Pra tomarem a carteira dele.
—Vou não, senhora.
—Ele te atropelou e ainda te agrediu.
—O que se há de fazer?
—Meu filho que pessimismo é esse. Temos leis, justiça. Vá por mim, vai dar tudo certo.
—Vai não, senhora.
—Mas por que, meu filho? Vira-se para sua vendedora e diz.
—Fecha à porta, por favor. Ela fechou, ficando do lado de fora olhando o tumulto.
—Então meu filho, seja corajoso, vá e registre queixa.
—Não vou senhora.
—Olha, Maria anotou a placa do carro, cor, modelo e tudo. Esta no meio da confusão, mas ela volta.
—Agradeço, mas não vou.
—Então diga. Por quê?
—Nunca entrei numa delegacia e não vou de jeito nenhum.
—Meu filho, precisa fazer valer seus direitos.
—Não acredito.
—Como, não! Zé.
— Esse golpe é velho. É justamente o que ele quer. Invadiu o sinal, me atropelou encima da faixa. Nessa altura já esta na delegacia e registrou queixa contra mim.
— Como assim, meu filho?
—Diz que o sinal foi invadido por um louco e ele freou bruscamente para não me atropelar, que tentei esfaqueá-lo e com medo de ser morto buscou ajuda da policia.
—Mas isso não é verdade.
—Pois é. Se aparecer numa delegacia vai dar flagrante, quando me condenarem, já cumpri o dobro esperando julgamento.
—Virgem Mãe de Deus, isso é muito triste. Como você sabe disso?
—Vejo acontecer todos os dias onde moro, com pessoas desempregadas como eu e de varias formas. A senhora não precisa ficar constrangida que não vou à delegacia, nem preciso de testemunhas.
—Posso ficar aqui até ter certeza que a policia não veio me buscar.
—Claro que pode. Admirava a inteligência daquele rapaz, sua inconsciência coletiva se manifestava firme e forte. O motorista infrator aplicava uma tentativa de psicologia reversa,  pretendia anular o seu crime através de uma contradição proposital, planejada e fazer do Zé um criminoso.
Pensava no poder de uma técnica tão primária da psicologia assumida pelo povo, onde se procura construir um resultado através de outro inverso, de forma tão covarde e desumana. Via no seu gesto, verdades que os meios de comunicação e a justiça negam a todos. Só restou a tomada de consciência social adquirida no dia a dia, talvez vendo seus amigos de infância serem presos ou mortos sem terem cometido nenhum crime e acabou criando um sistema de auto defesa.
Incapaz de ajudá-lo sofria por sua fraqueza, tinha vergonha de sentir tanta impotência pairando entre eles. Pensou  na lei de Greshan que determina a destruição de uma moeda boa para a sobrevivência da ruim. O homem bom, inteligente e humano como esse rapaz esta sendo destruído pela política da desinformação dos governos de todo o mundo.
Como estátuas permaneceram quietos e mudos até a rua ficar deserta.
Despediram-se de cabeça baixa sem se olharem.
Conto de Jader Resende

 

 

sábado, 4 de janeiro de 2014

A porquinha princesa



Autor: Jader Resende
No alto do morro sob um sol causticante, as crianças brincavam preguiçosamente puxando seus carrinhos de carretéis de linha, ligados por pedaços de barbantes formando comboios.
Gritos vinham morro à cima, aos poucos se percebia a respiração ofegante de Zé, tornando a subida longa e difícil. Os meninos trepados  num cercado de madeira viam o caminho íngreme morro abaixo.
—Mãe, o pai esta chegando. Gritavam eufóricos. Tião, o maiozinho, ciente da sua liderança falou.
—Mãe, o pai esta avexado subindo a ladeira truvado num mocó, ele vai leva um tombo.
—Vem fardado atrás dele?
 —Não mãe. Num tem ninguém, mas ele ta agoniado.
—Ta bom, agora sai da bera do barranco. Tira teus irmãos da cerca, senão vou dar bordoadas em todo mundo.
Cabisbaixos e curiosos amontoavam-se em frente a casa.
—Zé, estafado pela subida passou sem dificuldade se esquivando entre os meninos. O caçula de olhos arregalados, a todo custo tentava acompanhar a movimentação, se agarrava como podia em qualquer coisa, sempre acabava caindo e chorando.
—Gente. Cheguei.  Zé se engasgava entre a euforia e o cansaço.
—Que gritaria é esta, home de Deus?
—Só alegria Zefa.
—Que diabo tem dentro desse mocó?
—Oxente! Calma meu doce de jenipapo. Dizia Zé
—Zé, se assunta que é melhor. Não me venha com problema.
—Muié, tu sabe que sou caidinho por ti. Lembra quando te conheci? Bastava um arrocho e tu ficavas toda arrepiada, quando cochichava no seu ouvido tu me apertavas que só Deus sabe como. Zé conservava o mesmo brilho nos olhos, de esperança e otimismo, deixando transparecer a energia retida pela falta de oportunidades.
Zefa de olhar sério movia-se lentamente no banco, fazendo ranger suas velhas tábuas. Sentia um aperto no coração toda vez que Zé sonhava, eram tão reais que cativavam seu coração. Não pegava no batente como todo mundo,  vivia  inventando estórias que nos levariam para uma lugar que só dentro dele existia. Dizia que lá ninguém passaria fome e os meninos seriam gente da escrita. Empurrados pela miséria sempre rondando suas vidas, mudaram de rua até subirem o morro.
Do fundo da casa via-se toda a cidade com seus  arranha-céus espremidos entre montanhas e o mar. Gostavam do mar, às vezes perdiam-se em suas águas e esqueciam-se da vida em que viviam.
Zefa  aflita ao ver aquele mundaréu de água do mar, pensava em voz alta:  E se esse tal buraco de num sei o que,  derreter o gelo de num sei da onde e fazer a água do mar subir, vai ser um Deus nos acuda.  O povo da cidade vai invadir o morro. Ria baixinho e continuava pensando alto. O povo morre de inveja da gente morar cá no  céu, ar puro, ver o sol e a lua aparecer de um lado e sumir lá no fim do mar.
Um dia eles vão botar a policia no morro e vão espremendo tudo o que é de gente, até o povo daqui sumir. A ganância empurrava os bacanas cada  vez mais pra cima, mais dias menos dias seremos expulsos.
Com os olhos fixos no horizonte esquecia a tristeza e sorria, sonhava olhando o mar e nos seus sonhos via os sonhos do Zé. Pouco esperava da vida. Via o destino dos meninos serem jogados de encontro a policia. O mais velho, desaparecia durante meses, às vezes chegava quando dormiam e saia cedo sem nada falar.
—Ta bom, Zé, Deus sabe o que faz. Desembucha logo home. O que você tem dentro desse mocó? Porque ta correndo morro acima feito condenado, todo afobado?
Zé, cercado pelos meninos procurava escapar andando de um lado para o outro. A gurizada revolta tentava a todo custo ver dentro do mocó. Vendo-se cercado e agarrado levanta o mocó à altura da cabeça.
O caçula arrastava um caixote de madeira pra todos os lados acompanhando os movimentos do pai, sem esperança de ser notado coloca o caixote num ponto estratégico,  subiu, olhou para todos, vendo-se despercebido abriu os braços e o maior berreiro.
—Chico, pega teu irmão, ele vai cair do caixote.
—Mãe tem um bicho  dentro do mocó.
—Num quero sabe, pega teu irmão se ele cair tu apanha.
—Começaram a gritar, tem um bicho, tem um bicho!
—Mãe, o bicho está se bulino.
—Olha, coisa ruim se for cachorro, enxoto você e ele.
—Num fala assim meu doce de umbu!
—Seu doce azedou, num vou peleja com bicho nenhum.
—Porra Zefa! Vê se me escuta.
—To aperreada e num vem vino com sem-vergonhice, to cansada de passar vexame na vida. Majestosamente se abanava com a tampa de caldeirão espantando o mormaço.
O caçula cansado de chorar e desanimado, desce do caixote e volta a seus carrinhos de carretéis.
 As crianças começavam a perder o interesse pelo mocó.
Prá chamar a atenção, Zé mete a mão no mocó, com ar teatral fala;
—Respeitável  público está é a única oportunidade que terão na vida... Vendo a cara de desanimo geral, rapidamente puxa de dentro do mocó um pequeno animalzinho de olhos esbugalhados. Levantou nas mãos como se fosse a copa do mundo, começou a dançar, as crianças largaram tudo e fizeram coro atrás do pai.
Zefa acompanhava a todos com seu jeito sério.
—Uma porquinha,  mulher. Nós vamos melhorar de vida.
—Inda que mal pergunte, como é que essa leitoinha vai melhorar alguma coisa?
Alisavam, pegavam e puxavam por todos os lados aquele assustado animalzinho.
 —Pai como é o nome dela.
—Princesa, larga o rabo da bichinha, olha aqui cambada, quero respeito, nada de judiação com a princesa.
—Pai cadê o príncipe?
—Num tem Mané príncipe coisa nenhuma. Num cutuca a bichinha, larga isso, num sacoleja menino.
—Você roubou essa porquinha?
—Comprei Zefa, na feira do Rôlo.
—Com que dinheiro, isso esta cheirando a mutreta, leva de volta.
—Fiado mulher, vou pagar com trabalho.
—A  vizinhança é fuxiqueira, vai dizer que é tu roubou.
—Mulher, sou honesto, nunca fiquei com nada de ninguém. Já pensou agente morando numa casa de taco, com privada de louça no banheiro, água encanada e luz elétrica, igual ao dono da venda.
 —Home de Deus se aquieta, seu Mané é rico!
—Explorador, ele vende uma colher de óleo por...
—Cala boca home, ele vende fiado e tu nunca paga em dia.
—Mas pago. Eu fiz as contas em cada dez colheres dá pra ele compra um litro, Sabe por que ele faz isso, sabe?
—Ele ajuda quem é pobre e ainda suporta os caloteiros.
—Faz, porque não podemos comprar um litro, ele é embusteiro, aquele negocio de cimento importado é culhuda. De-já-hoje, o compadre Bicudo, falou que aquilo é pó xadrez que mistura no cimento fresco e fica vermelho, ele é veiaco.
—Lá vem você metendo seu Bicudo nessa história, dizem em conversa de pé de ouvido que ele abandonou a família e fugiu com uma sirigaita lá da cidade.
—Êta  povo da língua grande. Fugiu coisa nenhuma, ta dando um duro dos pecados, vive falando no patrão, é patrão pra lá, é patrão pra cá. Tem mais de ano que trabalha pra esse tal Drº. Dizem que o home é podre de rico, qualquer problema ele passa a caneta e pronto,  é assim que quero que meus filhos sejam. Não precisa ser rico, mas tem que ser letrado.
—Tu pensa que morri  Zé?  To viva, desacorçoada, cheia desta miséria, mas num tem jeito. Às vezes penso até que seria bom tu roubar, pelo menos agente não passava fome.
—Bota essa boca prá lá, mulher! Sou pobre, mas sou honesto, nunca fiquei devendo um tostão.
—Sua esperança de sair daquela vida estava ali, sabia que era a concretização dos seus sonhos.
—Zeferina, meu doce de abobra, a sorte grande chegou. Preciso fazer um cercado prá Princesa e quando nascer os porquinhos é só aumentar o cercado. Depois  negociar alguns, deixar outros pra cria, outros pra engorda e em pouco tempo vamos ter carne na gororoba.
—Agente já se acostumou sem carne, eu num gosto de mata bicho nenhum e como é que esse bicho vai pari. Criatura de Deus.
—Não se preocupe,  é só esperar ela entrar no cio e meu compadre vai fazer o encafifamento com o porco dele.
Zé repregou um caixote velho, forro com folhas de jornais e tomou cuidado para não deixar espaço para os ratos não entrarem, as ratazanas até os meninos tentavam morder. Colocou o caixote num canto da sala e falou vou deixar ela aqui... Rispidamente repreendido por Zefa.
—Não quero essa titica aqui dentro de casa. Bota no quintal
—Ela esta muito piquititica pra dormir no relento;
—Amanha você faz um cercado no quintal, é só hoje.
—À noite, Zefa e Zé deitados de mãos dadas com os olhos fixos na cumiera da casa, sonhavam. A fumaça do candeeiro subia formando uma linha reta, deixando uma mancha escura nas telhas. Levemente uma brisa do mar deslocava o ar fazendo a fumaça dançar pra Zé e Zefa.
Com a chegada da porquinha, Zé passou a sair cedo pra  feira com andar rápido e sério, trabalhava em tudo que aparecia. Todos estranharam o seu jeito sério e feliz. Voltava  pra casa carregando um embornal com de legumes, frutas e restos de comida para a princesinha. Com os pés no chão, calça arregaçada até os joelhos, camisa de manga comprida encardida e seu inseparável chapéu Nat King Cole dava-lhe uma aparência marcante, criativa e cativante. Imagem que só se modificava diante de Zefa, das crianças e da porquinha quando perdia o ar sério.
Chegava apressado, atravessava a casa se esquivando das crianças e parava em frente ao chiqueiro, onde a porca já se manifestava festiva com sua presença, enquanto caminhava até o coxo, falava com ternura.
 —Olha o que eu trouxe, tu vai ficar rechonchuda que só vendo, esse chape-chape vai te dar sustança.
A vida aos poucos voltava ao normal, princesa continuava a crescer.  Meio esquecida por todos, menos por  Zé que cercou o chiqueiro, calçou a área com pedras, uma cobertura  feita com pedaços de plástico e um coxo de pedras e cimento.
O filho mais velho, ainda com jeito adolescente não conhecia princesinha, estava sumido há meses, Zefa sem forças para controlar o destino, sabia que dia menos dias cairia nas mãos do tráfego ou da policia.
Não há como esconder a miséria nem tão pouco esconder-se dela, mas a casa ficou diferente,  com  mais cores, cheiro e calor,  havia mais brilho nos olhos de todos. Zé passou a trabalhar  com gosto, trazia sempre comida e diariamente preparava   a lavagem da princesa. Cuidava dela por horas, tornando-se sereno e carinhoso. Na cama ficava de mãos dadas com Zefa, falando de princesa e sua prole, olhando a fumaça colorida do candeeiro dançar para eles.
—Zefa, carece trabalhar cedinho. Nem bem terminava a frase dormia segurando apertado a mão de Zefa.
Zefa amava Zé, sonhava os teus sonhos, mas agora ela não mais sonhava. Seus sonhos não podiam ser sonhados sem os sonhos de Zé. Nunca teve medo de enfrentar a vida.  Agora se sentia desamparada, frágil e com medo da realidade. Sentava-se no batente da porta onde gostava de admirar o mar e ficava olhando o Zé tratar da leitoa. Princesa já conhecia sua voz e se agitava. Zé tentava imitá-la. Parecia até que conversavam.
Princesa cada vez mais gorda,  em pouco  tempo entraria no cio, tudo estava sendo preparado para ser levada a casa do seu compadre para o cruzamento.
Zé passou o fim de semana serrando e pregando um grande caixote com rodas para levar a princesa.
 No domingo à tardinha a família  resolveu  testar o carro, colocaram os dois filhos menores dentro, puxaram o carro de rolimãs de um lado para o outro, tudo funcionava bem para o fim da próxima semana.
Os visinhos foram chegando festivamente com cervejas e até um improvisado churrasco  surgiu no vizinho ao lado, em homenagem a princesa. Zé, acostumado com estas improvisadas festas onde tudo era motivo para um festivo de fim de semana, não desgrudava da princesa.
Princesa arredia àquela movimentação, insistia em não sair do chiqueiro,  andava de um lado pro outro sentindo que seu espaço já não era tão grade. Naquele momento era  centro das atenções, restabelecimento da identidade cultural de cada um, um pretexto para aquela gente voltar as suas raízes, justificar o embarque no pau de arara  para tentar a sorte na cidade grande. Com  suas vidas expostas sem medo, mostravam solidariedade e alegria  em animar os sonhos do Zé, mesmo sabendo que era lutar contra o inelutável, eram humano esquecido, sem identidades, excedentes de uma sociedade onde a força animal se moviam com força de extrema maldade e violência criminosa sobre eles.
—Viva princesinha.  E todos respondiam. —Viva. E o qui, qui, qua, qua, qua estava formado.  
—Ela esta ficando ressabiada com toda essa balbúrdia. Dizia à vizinha que mais parecia  fiscalizar a bebedeira do marido.
—Ta nada, essa sirigaita é muito assanhada. Zé escolheu um porção bem taludo, quando o bichão monta nela,ela vai arria.
       —É hoje em danada? Ela vai ver o peso do porco.  Viva a noiva!
—Tadinha, num ta vendo que ela ta acabrunhada.
—Agora. Na hora do vamo vê, ela vai se escancara pro lado do doidão e vorta aluada.
—Benza Deus como ela ta gordinha e bonita.
O menor que participava de tudo cheio de curiosidade fala.
—Mãe, ta todo mundo arrudiano a princesinha e ela num ta nada gostano, não deixa levar ela.
—Ela ta escabreada, vai dar um passeio e volta, agora chega pra lá, eu to ocupada.
—Zé e um bando de meninos puxavam o carrinho e outros empurravam ladeira abaixo até a via expressa, lá  fizeram uma rampa e com muita luta conseguiram colocá-la dentro do caixote.
Princesa pela grade de madeira via os carros passando em alta velocidade. O sol queimava seu corpo, recessecava seu focinho e a fumaça dos carros ardia seus olhos. Estava assustada, sentia falta da sombra da amendoeira e o silencio do chiqueiro.
Grumia forte, como se estivesse avisando do perigo,  sem poder se agitar no apertado carrinho balançava a cabeça para os lados,  para cima e para baixo, sentia a fumaça de incêndio e nada podia fazer. Depois de andarem alguns quilômetros, Zé, seus dois amigos e Zefa chegaram à favela do seu Alubi. Princesinha foi deixada lá com mil recomendações de Zé.
      Uma semana se passou. Com a prática de Alubi dono da pocilga e amigo de Zé foi  fácil colocá-la no carrinho de volta. À tardinha já instalada em seu chiqueiro, princesa andou varias vezes de um lado para o outro calmamente e deitou-se sob o olhar atento de toda a família.
Comentários  alegres surgiram em torno da lua de mel de princesinha. Todos faziam silencio quando Zé falava da realidade do seu sonho bem ali no fundo da casa. Dizia que em poucos meses princesinha teriam filhotes,  metade era do seu compadre  a sua metade viveriam  em  dois cercados, um para os machos e outro para as fêmeas, alguns machos seriam vendidos e abatidos para a alimentação da família os outros pra aumentar a prole. Todos foram dormir deixando Zé com seus planos.
Semanas depois. Pela manha Zé e Zefa saíram de madrugada para ir à casa de Alube, iriam passar o dia aprendendo  sobre criação de porcos e comemorar o futuro. O ar silencioso e o sol começando preguiçosamente a mudar as cores lá longe atrás do mar davam um ar de tranqüilidade duma manha de domingo.
Quando passaram pela sala Zefa falou.
—Zé olha quem está dormindo com os meninos, nosso filho virou um homem, esta mais alto que você.
—Zefa, agora num temos tempo, vamos embora.
—Eu tenho saudade dele. Ele nem conhece a princesinha.
Eu também. Vá se acostumando, ele só vem aqui quando esta sem dinheiro,  uma hora dessas, ele não volta mais, vamos embora cuidar da vida.  Saíram sem forças para lutar contra o destino do filho.
Aos poucos as crianças foram despertando,  inibidos com a presença do irmão mais velho que se tornara quase um estranho.
Carrancudo,  procurava  o que comer vendo que nada tinha nem mesmo café, sentou-se no degrau da porta da cozinha e ficou olhando a princesinha com o olhar possuído de um processo de decomposição enraizado na alma.
Os meninos engoliam o choro, só o mais novo  choramingava dizendo. O pai vai brigar porque pato a pricesa princesa.
Cala a boca. Dizia o mais velho ainda com a roupa suja de sangue. De cara amuada continuava a salgar os quartos da porca.  Desapareceu por alguns minutos e voltou com um amigo e juntos carregaram quase toda a carne e desapareceram morro abaixo.
Todos estavam na porta quando Zé e Zefa chegaram ao anoitecer. Espantados com o silencio e os olhos inchados de todos, entraram devagarzinho na casa, sobre a mesa, restos de carne e ossos, lentamente caminharam até o quintal e grande mancha de sangue espalhada pelo chiqueiro confirmava a morte de princesa
Densas trevas pairaram sobre Zé, a mesma arma que matou princesa o atingio, sentiu sua impotência diante de tamanha crueldade. Despedaçado pela dor, sentou-se  como se todo o peso do mundo o empurrasse para dentro da terra, as lagrimas desceram silenciosamente molhando o saco de farelo seguro em suas mãos.
Zefa pela primeira vez viu Zé chorar.
Zé viu sua vida parar ali. Sua dor suavemente amortecia a vontade de morrer.
Ninguém falava nada. O caçulo ainda entre soluços disse.
—Mãe, eu não quero comer a princesa.
—Não vai comer não, meu anjo.
—Nem nunca. Falou chorando.
—Para de chorar e vem pro colo da mamãe. Eu também acho que numca mais vou comer carne de bicho nenhum.  Abraçou e beijou os filhos a sua volta, sabendo que na princesa era os sonhos de Zé.
Dia depois, Zé apareceu morto sentado no batente da porta de onde admirava o mar e princesa.
Conto de Jader Resende

 


domingo, 31 de outubro de 2010


Caros amigos



Desde janeiro de 2010 procuro dar meu apoio  a
Presidenta Dilma Rousseff.

Sei que não é o fim, é o caminho para uma sociedade mais humana e justa, onde possar haver valorização do trabalho artesanal, sobre tudo, uma justa e digna distribuição de renda e avanços sociais.

Hoje sabemos com mais segurança quais são nossos problemas dentro e fora do pais e devemos nos orgulhar de participar do que é justo para o povo, por quase um ano deixei claro minha posição em favor da igualdade social, somos um grande e rico pais e não merecemos tanta desigualdade social.

Não pertenço a nenhum partido politico nem estou vinculado a nenhum politico, muito menos ganhei um tostão furado com meu trabalho, votei sempre em Lula e votei na Dilma, na esperanças de uma vida digna de ser vivida.

Não vou mais manter um espaço politico, sou um artista, um pintor e dentro deste quadro seguirei meu destino, sei que é difícil ficar omisso a situações que continuaram existindo no Brasil e no mundo, tentarei manter algumas observações sobre o que considero grave, como o caso de Mumia Abu-Jamal, A Prisão de Guantánamo, Cinco prisioneiros cubanos, Cuba, Gaza, a Fome no Mundo, Trabalho Escravo, o Agronegócio, Palestina, entre tantas injustiças não poderei deixar de citar a REFORMA AGRÁRIA e valorização da agricultura familiar.

Esta eleição representa um novo rumo na politica da América Latina e do mundo, a riqueza que sempre existiu no solo brasileiro não pode continuar sendo devastada, e esperamos que seja dado um basta na desembestada forma de acabarem com nossas florestas e bichos, com nosso orgulho de ser Brasileiro. Não é só o pré-sal com seus trilhões de barris de petróleo, temos pedras preciosas, animais, bio pirataria, e até o já comentado contrabando de água do amazonas, a questão, é a ganancia daqueles que querem sustentar uma politica de dominação aniquilando populações para continuarem donos do poder absoluto e de suas riquesas naturais.

O Brasil está se tornando um dos poucos lugares onde existe ar puro, água pura e terra em abundancia num planeta devastando pela incompetência do homem, deveríamos ter uma preocupação com o consumo controlado de nossas riquezas naturais, afinal o Brasil não é quintal do mundo.

Lamentavelmente estão preocupados em ter controle absoluto da internet, circula por ai que já existe uma lei correndo pra tirar um pouco de liberdade que temos na internet.

Como todos, estou feliz com a eleição da Presidente Dilma, contudo continuo triste em saber que podemos perder esse meio de compartilhamento e cultura na internet.
Triste, por saber que novas leis eleitorais tornaram mais difícil, como já se tornou, o processo eleitoral, muitos brasileiros não sabem e não conseguem entender como funciona o voto, tornado o ato de votar cada vez mais frio, e sem opção, deixando-nos sonambulo, como num ensaio da cegueira. Cegos, desnorteados, humilhados e com uma forte sensação de impotência no peito no mais baixa nível mental proporcionado pela campanha politica.

Não estou satisfeito Presidente Dilma, é preciso continuar enxergando o povo, ai sim, não estaremos fazendo um trabalho de Sísifo .

Devido a falta de tempo, rapidez e importância de vários jornalistas, escritores e blogs também participando deste apoio, passei a reproduzir seus esclarecedores textos em meus blogs, muitas vezes não concordei com termos, trechos ou parágrafos, que na verdade não trazia prejuízo para o texto.
Como não se pode modificar textos reproduzidos peço que não considerem esses pequenos exageros, muitas vezes é só o calor das eleições.

Espero ter contribuído para uma melhor reflexão sobre os temas e questionamentos sobre as necessidades do povo, divulgado o bom trabalho de vários jornalistas e de importantes blogs.

Dei o link de todas as matérias para que pudessem conhecer a origem dos textos e seus autores. Caso queiram copiem os endereços antes da excluisão que irei fazer dos posts
Agradeço aos que me acompanharam, aos autores, jornalistas e blogs.

Meu objetivo era participar destas eleições dentro de uma descontração cultural, lamentavelmente misturei os caminhos em meus espaços, não tenho como manter dois blogs, com o final da campanha encerro O BLOG JADER RESENDE ARTE, algumas matérias serão transferidas para o outro espaço e aos poucos vou eliminando os posts da campanha politica. 

Farei uma lista das matérias e autores com seus respectivos links e publicarei no meu outro blog para que possa servir de pesquisas e referencias.

Aos que me acompanham peço que continuem em aqui neste espaço, só assim poderei compartilhar com um pouco mais de descontração, sem toda essa pressa e pressão de uma eleição.

Enfim, espero contar
com todos 
aqui no blog
Jader Resende.
E boa sorte
Dilma Rousseff,
nossa
Presidente do Brasil
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

JADER RESENDE

Resumo

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

Lateinameriksaal Munique/Alemanha, 1976 – 1981

Instituto Cultural Brasil Alemanha, Salvador,1981

Museu Regional de Feira de Santana, Bahia, 1984

Galeria Malhoa – Salvador, 1984

Art Gallery – Salvador, 1985 – 1989 – 1995 – 1996

Museu Regional de Feira de Santana, Bahia, 1985

Museu de Arte da Bahia, Salvador, 1986

Hotel Le Méridien, Salvador, 1987



EDIÇÕES

Capa da Revista Exu – Fundação Casa de Jorge amado

Livro “Contos Sem Flores” 1984
32 pág. 3 ilustrações

I Fotonordeste - Funarte
Coletiva de fotógrafos nordestinos, 1984

Bloco Postal, 1989
Arte postal com 30 aquarelas

Livro de contos
“Estrovenga” 1990

Painting – Photographs – Scultures – Drawings
96 Pág - 72 Ilust – 21x22cm
Edição Polinlígue, 1991

Poemas e Contos Fora de Cena, 1992
Poesias – Contos – Ilustrações
108 Pág – 37 Ilustrações
21x21 cm

O reconhecimento da Expressão como identidade, 1994
Fotografias – Funarte

Pinturas – Jader Resende, 1997
120 Pág,
150 Ilustrações
21x22 cm

CAPAS DE LIVROS

Depoimentos 


Eduardo Sganzerla - 
Jader Resende é um cartesiano por excelência. Método em seu modo de vida, pontual em seu trabalho, conciso no trato social, de poucas mas precisas palavras, como se fosse um contista. Seu ateliê, arejado e ordeiro, com cada tela em seu devido lugar, lembra Paris da década de 20, quando o mundo, parece hoje, nos dava o prazer de rodar em 32 quadros por segundos, como a leitura de um interminável romance.


A arte desse baiano de pouco mais de cinquenta anos, entretanto quando plasmada, é categoricamente oposta a quem vê (ou tem a ilusão de ver) este artesão da pintura na tranquila faina de seu dia-a-dia. Explosão de cores, traços arrojados, fantasmas de seres, octaedros, olhares desfocados, suturas cirúrgicas, elipses primitivas, minúcias, organismos pulsantes, formas fractais.
Numa metáfora, um quadro de Jader Resende é como um vulcão: da natureza dormente, brota o cataclismo, jorram cores, muitas cores, e as lavas-pinceladas, depois de espalharem cinzas, descem a montanha e se espraiam suaves suaves na planície.
As telas do pintor são como a própria natureza da matéria, mostram belezas singulares, umas agressivas como as feições dos retirantes de Portinare, outras por demais singelas, a exemplo das rosas pastéis de Scliar, por detrás de traços, figuras e junções intrinsecamente caóticas.
É justamente neste contraste, entre a água e o vinho das cores e os meandros da nevoa das formas que reside todo vapor da pintura de Jader Resende.
Depois de 25 anos de sua primeira exposição no exterior, Munique, Alemanha, outra dezena de mostras pelo Brasil, alguns livros publicados, Jader Resende encontra-se em plena atividade produtiva e revela toda a sua maturidade artística. Guarda um sem-numero de telas e aquarelas inéditas de surpreendente beleza. Diz não estar preocupado com isso. Radical, continua acreditando no que faz, mantém o seu espírito inquieto, mordaz.
E ao iniciar mais um dia, no remanso de sua aparência, age com os pinceis como registrou em seu próprio poema, decifrado; Criar é fazer/se esta feito/não importa/desfaz/refaz/importa é fazer...(...) Mas vou fazer/refazer/até deixar de ser/um ser/e sentir-a-ser/um ser/em todo ser”...
Texto de Eduardo Sganzerla,– Edito, escritor, poeta, critico de arte - outubro de 2001




Lago Junior
- Astronáutico -

Verbalizar sobre o artista plástico baiano Jader Resende é querer engabelar o verbo em si. É querer ultrapassar o imediato, pretender poder descrever (assim mesmo, com os três verbos no infinito), não o aqui e agora, mas seu inverso (?); o acolá, o devir. Seus painéis em madeira – técnicas mistas, colagem, óleo, acrílico, aquarela, desenho, felpas – são visões panteístas de um universo psíquico fantasiosamente instigante.
O que se vê em seus trabalhos, se vê de cima. Ele faz do observador um ser transporto à estratosfera, um ser que pode vislumbrar continentes amarelos e vermelhos, ilhas vulcânicas...imensas escarpar azuis, escaldantes desertos, gigantes matagais em flor-de-útero. Florestas recriadas em piaçavas, formas e re-formas em transformação. Nada ali esta parado. Nem o observador. Artista ousado, experimentador; um curioso, um moicano. É como diria:
“Sempre uma coisa nova”.
Profissional de técnica apurada, Jader Resende é um dos nomes mais fecundos das artes plásticas baianas. Também escreveu e publicou livros de contos e poesias, e do seu imaginário pictórico, peculiarizados pelo alto nível da qualidade de seu trabalho.
Também nos apresenta seu universo artístico induzido na madeira (o suporte), em pinturas, relevos, sobreposições, sinuosidades...isósceles...formas sem formas estabelecidas. As cores são variadas: rosados, azulados, esverdeados... Em um ou outro painel surge uma cor-abóbora como prenúncio desconcertante de possíveis teorias em linha sobre sua criação.
O artista sugere ao observador de sua obra um novo ponto de partida, de chegada. Sua arte é a parte dele mesmo que ele não consegue, não quer e não pode dissimular. Se socialmente é um anacoreta, da arte ele não consegue se esconder: Ela expõe, o larga, o despoja como um lagarto ao sol, que espera, que sabe da espera para além dos limites do animal bio-lógico. De cima se quisermos, podemos observar um desenlace Homem/Espírito (comunhão?) na arte de Jader Resende. Seremos também criadores do devir, deuses que não sabem, mas que ainda serão. Deuses.

Lago Junior, poeta, escritor, crítico de arte e jornalista


Albano Neves e Souza
A arte é um segredo e os símbolo continuam insolúveis. Todas as concepções de Arte derivadas do mundo ambiente são reformulados pela sensibilidade do artista. Não existe nada na natureza que não exista em nós. As imagens despojadas quase ascéticas e sua figuração gira em torno de coisas inanimadas, tocando por vezes a fronteira do abstracionismo.
Em busca da pureza muitas vezes o artista senti-se compelido a eliminar formas naturais por uma forma de arte. Ele não quer que seu trabalho pareca o que não é.
O artista não pode se furtar a mostrar o que são quando pintam, esculpem ou escrevem. Uma exposição é uma espécie de confissão...
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Vi há tempos uma exposição de Jader Resende e vi agora alguns dos seus trabalhos que se propõe a expor. Noto que há uma procura honesta de formas e uma grande melhoria de técnica o que leva a crer que tem desenvolvido um honesto trabalho de procura.
O artista do século vinte olha muitas vezes a sua realidade e o mundo de um ângulo diferente dos artistas do passado preocupados com concepções clássicas
A arte é um segredo e os símbolos continuam insolúveis. Todas as concepções de Arte derivadas do mundo ambiente são reformuladas pela sensibilidade do artista. Não existe nada na natureza que não exista em nós. As imagens despojadas quase ascéticas e sua figuração gira em torno de coisas inanimadas, tocando por vezes a fronteira do abstracionismo.
Em busca da pureza, muitas vezes o artista sente-se compelido a eliminar formas naturais por uma forma de Arte. Na verdade ele não quer que seu trabalho pareca o que não é.
Em busca da pureza muitas vezes o artista sente-se compelido a eliminar formas naturais por uma forma de arte. Ele não quer que seu trabalho pareça o que não é.
O artista não pode se furtar a mostrar o que são quando pintam, esculpem ou escrevem. Uma exposição é uma espécie de confissão.
Albano Neves e Souza.



James Amado 
 Mudanças

As aquarelas de Jader Resende é duplamente significativas: para público e critica, postos diante de peças que se impõem pelo conjunto de seus valores, nítidos variados e bem fixados tecnicamente, e para o próprio artista que cumpre uma etapa de sua procura e conquista, ao reunir sua vida e seu trabalho, condições de um verdadeiro profissional, condições rara que nem sempre, como neste caso, é assegurada num diploma de formação acadêmica.
A trajetória de Jader tem sido feitas de indagações muito mais sentidas do que formuladas, como ocorre aos autodidatas, num processo, lento e continuado, de afirmação de uma sensibilidade para a construção de uma linguagem particular.
Do estímulo de realizações com as quais encontra afinidades legítimas como as de Scliar, principalmente, Jader Resende fez seu caminho tortuoso pelo cipoal moderno mantendo duas constantes: sua fidelidade à aquarela e sua preocupação pelo despojamento maior.
Processa-se uma mudança constante na relação do artista com a pintura e sua problemática. Da representação de objetos do mundo exterior, que subordinava a cor a um papel complementar, ele avançou para um desenho que se retrai e cede seu papel dominante. Essa busca de autonomia para a linguagem pictórica permiti-lhe exercitar a imaginação e propõe nova utilização dos elementos expressivos: composição, formas, cores, despegam-se da sujeição ao objeto, passam a estabelecer relação no âmbito da obra, única realidade básica. É caminho certo para a abstração, que ele próprio presente quando afirma; “Quero me liberta da linha”.



Matildes Matos

Percorrendo um caminho inverso ao dos artistas que buscam na fotografia inspiração para sua pintura, a câmara de Jader Resende é o seu pincel e suas tintas e com elas desafia a realidade. As fotos que compõem esta e tantas outras amostras revelam a percepção do pintor abstrato na função de formas e cores, na proposição metafísica de mostrar um espaço que se refere a outro, onde a imagem e superfície se fundem numa composição que transcendem a realidade da fotografia. Os motivos destas fotos são dois: Os carros do trio elétrico e a rampa do mercado modelo com seus personagens e saveiros. As fotos mais abstratas são a dos trio elétricos com detalhes da pinturas, das texturas e das engrenagens que nos remetem ao abstrato, os signos e palavras no trio afro reforçando a sugestão da pintura. A figura humana entra como medida para acentuar ao gigantismo do trio. Nas fotos dos desmontes dos trios, nos tons cinzentos da quarta feira, surgem enfileirados os banheiros da Prefeitura para o Carnaval e por trás deles, como abençoa-los, a torre delapidada da Igreja da Ajuda. Na Rampa do Mercado Modelo é evidente a empatia do fotógrafo/artista por tudo que envolve a rampa. Feitas nos anos 80, quando os saveiros ainda chegavam cheios de mercadorias do Recôncavo e das ilhas, são hoje fotos históricas. Ficou na fotografia sensível de Jader, um misto de poesia e encantamento, uma certa atmosfera de faz de conta, de que aquilo que se vê, não é. Algumas fotos de saveiro são puras abstração. Nas mais realistas há sempre a exploração de um ângulo novo, a fusão inusitada de elementos constantes ou a simples geometria de coisas prosaicas como os saquinhos de amendoim torrados empilhados, funcional bem na composição. Originais e bem resolvidas estas fotos revelam a visão e o humanismo do artista, no respeito como ele apresenta os motivos.
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A alquimia e a fantasia de um artesão

“É certo que a vida não explica a obra, porem certo é também que se comunicam”.
(Merleau-ponty)

Os objetos ou painéis de madeira de Jader Resende que oscilam entre a escultura e a pintura ou entre a ordem e o caos, o artesanato é um meio de conhecer a força e os mistérios da matéria, e revelar seus sonhos. O artista é um artesão que trabalha e inscreve na matéria suas duvidas e incertezas, diante da solidão do mundo.


Um plano de madeira sob o olhar do artista é um convite para um relacionamento onde a mão não pode ser passiva. É preciso produzir com traços, cortes, superposição de pedaços; inventar volumes, relevos e frestas com a manipulação das superfícies. Organizar a ordem ou a desordem. Jader enfrenta os desafios da madeira, imagina com as mãos despertando formas e gestos.
“ A matéria é assim o primeiro adversário do poeta da mão, (Bachelard)”.
A mão corta, serra, cola, pinta etc...para responder as provocações da madeira, dentro de um território histórico sinalizado por cortes, rupturas e releituras.
Nestes desafios da agilidade da mão contra a passividade da madeira, para não falar da luta do desejo de construir um trabalho, vivendo na hostilidade e na estupidez de um cotidiano que ignora a sensibilidade e o saber do artesão, o artista inventa um universo secreto de cores, formas, texturas e volumes. Serão estes painéis de madeira espelhos que refletem fantasmas de seu autor? Por não entregar seus segredos, o olhar se acha no direito de inventar um destino, um lugar ou um discurso que tangencia sua superfície.
O contato efetivo com a obra de um artista desperta um conhecimento e uma curiosidade. O trabalho diz mais do que a percepção pode captar. Acabamos sempre por atribuir significações do nosso referencial do lugar de onde olhamos. Mas perceber um quadro é habita-lo, é entrar em seu mundo particular. Estes trabalhos de Jader Resende devem ser não contemplados mas penetrados com o olhar, imaginados, eles são a performance de um estilo de vida.

Almandrade, poeta, artista plastico, jornalista e artista.

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Arte é pergunta.

É Preciso olhar. È preciso olhar e isto está fundamentado em todas as ações como ponto de partida para uma nova visão do mundo. Olhar é um pouco além de ver. Olhar é interpretar. A arte é arte através de si própria. Esta é a sua realidade (re) criando outras realidades, mesmo que estas queiram direta ou indiretamente interferirem na sua própria interferência – o processo criador. Transgredir interferências é o ponto de partida para uma visão da arte. São histórias e questões. Mas não problemas. Problemas já trazem em si as respostas.

ARTE É PERGUNTA. Mas o que faz a palavra no território da cor? Seria um vilão, um vírus? E para que o discurso? O brasil é feito apenas de palavras, tradição bacharelesca que nos acaricia e envolve – (envolver: abranger, abarcar, encerrar, conter, trazer em si, confundir, embrulhar). -É a palavra dirigindo o olhar. Mas para que a palavra no território da cor, se o sujeito é objeto e basta em si mesmo?
Múltiplas leituras, divergentes. Ainda bem, para não encarcerá-lo em alguma gaveta da burocracia do ver. E diante de sua arte a passividade diz: Basta! Olho. E olhar é refletir, e olhar é interpretar, e olhar é perguntar. A sua arte não termina na aventura e no risco de ponto de partida, geometria como fundo e figura, caminhos opostos na dicotomia que exigem que tudo na vida exista. E é através da geometria, que chegas a ausência de linhas. Mas será que essa dualidade abstrato/figurativo é real? É uma pergunta. E seja o que for é o fora para dentro da palavra no território da cor. Este é seu universo. O colorido em sua própria textura ou a escrita de imagens despojadas de cores para composição de formas re-integradas pelo olhar.
O OBJETO É A ARTE DE JADER RESENDE.
Há uma beleza intrínseca no discurso pictórico que só o olhar revela. E obra de arte é para ser olhada. Não basta ver a beleza, pois ver o belo é muitas vezes traduzido com algo que apenas delicia. Enfim, a arte não esta aí para deixar espectadores satisfeitos. A sua realidade é outra se opondo a outras realidades. A arte nega para multiplicar, por um dom da gratuidade. Seja por isto, ou seja pela estética da fome, ou seja pela plasticidade da vida. Um tempo só num só tempo. A arte só se aceita inquieta, insatisfeita e transformadora, e ninguem pode responder a priori por ela. Sua coerência é intrínseca, seus sentimentos e seus desejos são intríssecos. Sua sensibilidade vital é intrínseca.
Arte é pergunta. Daí olhem a arte de Jader Resende e façam a sí mesmo todas as possibilidades de perguntas. Aqui, de minha parte, quis algumas. Olhar é interrogar. 


Claudius Portugal. 07/89

Mario Cravo Neto - Fotografo 
As imagens fotográficas do artista plástico Jader Resende que usa a fotografia como fonte de expressão plástica apresentam uma sensível caligrafia cromática, despojada de efeitos de trucagem e do uso de falsos elementos.
Digo Caligrafia cromática pois na maioria das imagens sobre o mesmo tema “A Rampa do Mercado” surgem com singularidade e despojamento, elementos de prôa, detalhes de sua fachada e por vezes o homem integrando-se aos reflexos do elemento líquido quando projetados, provocando estranhas combinações de cores e formas – sutil elaboração de um artista em frente a natureza humana. A fotografia existe no traço do visionário que a enquadra de acordo com seu domínio técnico e suas exigências formais.
A meticulosa busca de detalhes desta natureza situa o artista frente a vida e sua sensibilidade poética.



Caixote da História
Por Jader Resende

A fotografia rouba, aprisiona e toca nossa alma.
Desde o primeiro caixote fotográfico medindo alguns metros quadrados no século XIX, a fotografia transformou a vida do homem. Essa fantástica estrovenga de retratar tem se aperfeiçoado constantemente, mantendo todo impacto de sua descoberta numa revolucionária atuação em tudo e todos.
O retrato da família depois de horas exposta numa chapa de vidro à luz do sol, a cena de uma paisagem inglesa numa atmosfera bucólica cheia de paz ainda ofuscada pela falta de nitidez técnica já demonstrava em 1888 essa grande invenção.
Hoje podemos folhear grossos e luxuosos álbuns com resoluções propiciada por tecnologia digital de altíssimo nível abrangendo vários temas: soldados mortos nas guerras, vitimas de campo de concentração, crianças, homens, mulheres, animais, plantas, transexuais, a aura humana, micro e macrocosmo, planetas distantes, sub-divisão do átomo, enfim tudo se torna permanentemente presente, acalentando-nos, rompendo fronteiras, enriquecendo e alimentando o espírito.
Sua precisão técnica ao registra momentos tristes, alegres, domésticos, científicos, jornalísticos ou artístico nos transporta para uma leitura onde o olhar determina um processo fundamental a vida e a recriação.
Hoje com o avanço a digitalização e a intermete continuamos modificando também nossa criação e sua participação no nosso jeito de ser com suas cenas grotescas, cômicas, trágicas, denunciadoras nos envolve a fotografia nos tira de qualquer apatia ou comodismo.
Quando olhamos uma foto jornalística, podemos pensar que é um acaso oportunista devido a situação imprevisível. A pressão imposta pela necessidade diária de um flagrante, deixa o fotógrafo tenso, ansioso, o que favorece a procura inconsciente dos fatos. Mesmo assim, ele não deixa a arte e objetividade que seu ofício exige. Seu dia-a-dia é feito da preocupação em estar no local e hora certa, de ver o que não é (pré)visto, de fazer os outros sentirem o que ele próprio sentiu naquele fragmento de fração de segundo, quando usa toda parafernália técnica ao dispara o mecanismo de sua máquina fotográfica, para extrair daí sua arte – Farejar um flagrante se torna necessidade para sua criativa, humana e rápida arte, de interesse aos leitores diário.
Por habito seu raciocínio se adapta rapidamente a necessidade de um flagrante que poderá até mudar o rumo de uma história. Sua intuição fala alto, muitas vezes não percebe o risco que corre. A morte de repórteres fotográficos, cinegrafistas, não só mostra a importância da imagem como também da arte e é um fato vergonhoso para a humanidade que só faz evidenciar o pouco que conhecemos de nós mesmos.
Normalmente resulta de tão grandioso trabalho, o mínimo necessário a sua sobrevivência. Infelizmente não tem o stato de um fotografo de publicidade,
modas ou industrial o que considero injusto.
Cito os fotógrafos jornalísticos 


Trio eletrico
Por Jader Resende

Com máquina de fotômetro embutido, uma lente de 50 milímetros e um filtro ultravioleta, procurei ângulos onde linhas, formas, cores e sombras se harmonizassem numa foto simples e provocativa. Nesse breve espaço de tempo podemos ver no repouso do trio elétrico a grandeza de seu magnetismo. Busquei, nessa hora, em sua arrojada roupagem os elementos que normalmente passam despercebidos ao olhar, no envolvimento contagiante do Carnaval. Os arranjos gráficos muitas vezes poluídos pela desinformação e a ânsia inconcebida de uma fácil mensagem publicitária foram evitados para melhor harmonia. Mesmo com a poluição visual da comercialização do Carnaval, existe uma riqueza inesgotável e inexplorada - e que espero provocar com estas fotos. A paixão, alegria, suor desconhecido e a espontaneidade do povo espremido nos cantos e transversais das ruas e avenidas mostra na dança a mais pura emoção da revelação do corpo. Onde quer que o som alcance todos brincam, sem pudor, vergonha do certo ou errado, falsa moralidade, coreografia mirabolantes ou palavra de ordem.
Este é meu jeito de dizer: olhe, veja e viaje nas fotos da máquina da alegria. Mas se você esta de mal com a vida, tem mais um motivo pra correr atraz da fóbica de Dodô e Osmar.



Estrovenga
Por  Jader Resende
Buscar inspiração, fazer releituras do já feito é uma constante forma de transição em toda atividade criatividade artística.
A soma do amadurecimento das várias fazes dos meus trabalhos, resultando numa abertura com infinitas variantes. É também a forma de questionar no tempo e espaço, meu auto-controle técnico.
Diante das muitas incertezas dos nossos dias, cristaliza-se em suas formas e cores um apelo à emoção, à mente e ao corpo.
Neste eterno desafio aos meus próprios limites e na ânsia de perpetuar um momento, transporto a tela da sua passividade a uma agitada metamorfose global, libertando o modelo original do seu ostracismo institucional para criar novos momentos de identidade inexprimível.

Apesar da não pintura estar caduca e da transformação gradual pela inteligência artificial da cultura em simples jogos de informação, a pintura sempre será a forma de comunicação mais profunda do homem e neste mundo não existem preconceitos, raças cor, anjos ou demônios, níveis sociais se dissipam, nem bonito ou feio, nenhuma seleção é nele instituída. Todos podem participar: deficientes físicos ou mentais, animais, neuróticos, crianças, velhos, aposentados, analfabetos ou intelectuais, desde o homem da caverna ao yupie de Nova Iork, do país mais rico ao mais pobre. Enfim é a pintura puramente um convite à alma.



Mario Cravo
Por Jader Resende

No domingo dia 09/08/09, busquei durante todo dia um depoimento que tinha guardado sobre minhas fotos datado de 02/05/1986, pela minha desorganizada organização, tive que cavucar no meio de muitos guardados. Depois de encontra-lo, resolvi publica-lo na noite de domingo neste blogue e nele permaneceu até a tarde de terça feira dia 11/08/09. Quando passava por uma banca de jornal fui atraído pela noticia em destaque da cremação do corpo do Fotografo Cravo Neto, desnorteado pelo choque de perda tão significativa, voltei para o computador e exclui a entrada com sua crítica sobre as minhas fotos nessa mesma tarde, precisava me recompor com a noticia de que ele tinha morrido no domingo.
Hoje não coloco somente seu depoimento e sim meu lamento e minha homenagem ao grande fotografo e ser humano que tive a oportunidade de conhecer.
Como diz o Poeta, “ Um dia amigo, estaremos todos juntos...”


JADER RESENDE OR OBSTINACY

THE UNACCOMPLISHABLE IS A FUNCTION OF THE ARTIST. SUBVERTING ORDINARINESS AND CONVENTION, HE TAKES LABELS OFF THINGS AND GIVES THEM BACK TO OUR EYES FULLY RE-SENSITIZED BY THEIR IMAGE. A NEW LOGIC IS ESTABLISHED, CONTEMPORARY AND ATEMPORAL, CHECK-MATING PRE-ESTABLISHED CODES. PERSISTENTLY HAS THIS CARATINGA-BORN BAHIAN DEDICATED HIMSELF WITH POSITIVE DETERMINATION TO A LONESOME RESEARCH OF TECHNIQUES FOR YEARS NOW. ALL THIS TIME HE HAS BEEN GOING THROUGH TRING AND DOING IT, ENLIVENED BY THE WILL OF VANQUISHING BOUNDARIES, RESISTING DIFFICULTIES, OVERCOMING LIMITATIONS. A SEVERAL-DESTINATION TRAVELER, HE HAS ALWAYS BEEN LINKED WITH THE SEARCH FOR WAYS OF EXPRESSION THROUGH WHICH HE HAS BEEN BUILDING HIS OPTION FOR THE ART. AS A RESULT, THE MEANS MAY BE EITHER CANVAS, PAPER, STONE AND WOOD, OR LEATHER, FILM, PHOTOGRAPHY AND EVEN WORDS.A REBEL IN ART, A REBEL IN LIFE RISK AND THE COURAGE TO RUN RISKS AND TO EXPOSE HIMSELF ARE TYPICAL OF HIM. LIKE A TRAPEZE ARTIST, HE THRUSTS HIMSELF, NO SAFETY NET, IN SUCH DIRECTIONS THAT VERY FEW CURRICULUMS WOULD EVER BE COMPREHENSIVE ENOUGH AS TO INCLUDE. ON THE CONTRARY, WHAT TO SAY OF SUCH ODD ITEMS AS: PLUMBER, ACTOR, CARTOGRAPHER, AD AGENTE, BUILDER´S LABORE, THEATER WRITER, EDITOR, DRIVER, DRAWER AND PRECIOUS-STONE CUTTER; A REVOLUTIONARY WITH NO INSTRUCTION MANUAL, WITH PERFECT RESOLUTION HE TREATS HIMSELFT TO THE LIBERATING ACTIVITY OF FACING FEARS AND IMPOSITIONS, MOBILIZED BY THE WISH TO CRAVE HIS OWN FLAG, HIS DREAMS, DEEP INTO REALITY. THE PASS-WOR: JADER RESENDE OR OBSTINACY.

Obstinação

O irrealizável é função do artista. Subvertendo o comum e o convencional, arranca os rótulos pegados às coisas e as devolve a nossos olhos re-sensibilizados por sua imagem. Nova lógica é instaurada, contemporânea e atemporal, que põe em cheque o código do pré-estabelecido. Com persistência, que se traduzem em uma positiva determinação com que se dedica há anos a solitária pesquisa técnica, este baiano de Caratinga vem trilhando, animado pela disposição de vencer fronteiras, resistir a dificuldades, sobrepor-se a limitações, o caminho do intentar e fazer. Viajante de vários destinos, essa condição sempre esteve vinculada à buscas de formas de expressão com que vem construindo sua opção pela arte. Assim, o meio pode ser tanto tela, papel, pedra ou madeira, como couro, película, fotografia ou até mesmo a palavra. Transgressor na arte, transgressor na vida. O riso e a coragem são marcas suas, trapezista sem rede de proteção que se atira em direções que em pouquíssimos currículos talvez se incluíssem. De outro modo, que dizer de itens tão inusitados como torneiro mecânico, ator, cartógrafo, publicitário, trabalhador da construção civil, dramaturgo, editor, motorista, desenhista, lapidador, revolucionário sem livrinho de instruções, com perfeita resolução se entrega à libertadora atividade de enfrentar medos e imposições, mobilizado pelo desejo de cravar no real sua bandeira, seus sonhos. A senha: Jader Resende ou a Obstinação.

Texto e tradução de Marta Rosas
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Nilda Spenser
Por Jader Resende

Na Sessão Especial em homenagem a “Nilda Spenser e o Teatro Baiano” requerida pela Vereadora Vânia Galvão, realizada dia 13/11/09 no Centro Cultural da Câmara Municipal´é de muita importância para as lembranças de uma cidade.
Nilda Spenser sempre foi muito generosa a todos que abraçavam o “Fazer Arte”, ajudava a todos que a procuravam, sua vida foi um incentivo a criação. Sua presença marcante no palco, proporciona justíssima homenagens ao teatro e principalmente a sua vida.
Sem estas lembranças não existe o presente, precisamos lembrar dentro do passado tudo aquilo que foi exemplo e através destes momentos projetamos o futuro.
As lembranças dos que lá estavam tornou magica nossas vidas nestes poucos momentos de um contato maior com a essência da vida de Nilda, como nos belíssimos desenhos de Albert Uberzo num festival de druidas na floresta, cada um dos druidas faz fantásticas magicas e Panaromix acaba ganhando “Asterix” , as palavras e varinha magicas aqui também nos levava ao mais puro sabor do Teatro Baiano.
Quando se fala em Nilda e no teatro a imagem desta cidade faz parte deste cenário e da uma serie de fisionomias diferente a serem vistas, o que deixa diversos questionamentos. A vida de um artista é um luta desigual e árdua, são muitos anos de luta constante, principalmente no teatro e para uma mulher na época de Nilda Spencer, onde reinava o machismo na sobra do coronelismo. Temos exemplos de grandes artista com dedicação de monge, só estes conseguem fazer a história de nossa cidade, entre tantos Nilda Spenser. Caberá agora, a sua família e amigos a luta para manter vivo o trabalho de muita dedicação e amor a arte de interpretar, a luta continuara sendo árdua, devido a falta de uma politica cultural de grande compromisso com o passado, presente e futuro.
Arte no Teatro pouco deixa de herança material, não existe esse legado no teatro e mesmo que existisse, o que poderíamos fazer para que as lembranças tão necessária ao futuro de uma cidade permaneçam vivas, não por capricho mas sim por necessidade cultural.
O trabalho de um artista é eterno, mesmo depois de sua morte, ou seja, aquele que cumpriu todas as etapas de sua criação, continua através das lembranças uma politica justa e concreta para com a arte.
Nilda, Gostaria de ver uma Escola de Teatro maior, moderna e com uma boa estrutura para engrandecer cada vez mais o teatro da Bahia.
Nilda gostaria de ver a atual “Escola de teatro” com seu belíssimo casaram ser transformado em um museu do teatro e não o que vem acontecendo, as mutilações e descaracterizações de uma bonita casa, derrubaram um verdadeiro bosque florestal e seu jardim onde ficávamos deitados na grama decorando texto ou estudando, sangraram a alma de uma casa tão importante na cultura baiana, para construir não sei o que e depois construíram um prédio, eu posso até estar completamente fora da realidade mas creio que o passado daquela casa não merece essas transformações.
Nilda gostaria de ver a Educação teatral, sendo uma pratica de domínio exclusivo de uma politica cultural onde o governo oferece ao professor, ao ensino e a educação meios concretos e planejados de uma boa politica cultural voltada ao passado, ao presente e ao futuro para o bem da cidade.
Tenho certeza que Nilda gostaria de ver a casa dos artistas, onde o artista pudesse ser acolhido em sua velhice e ali ter todo apoio necessário no fim da vida, evitaria que grandes nomes da nossa arte na sua velhices serem deixados ao léu ou amparados por vizinhos ou amigos numa humana mais improvisada ajuda, quando muito.
Tenho certeza que ela gostaria de ver uma casa do estudante de teatro, para aqueles de outros estados ou do interior e não tivesse onde morar.
Tenho certeza que ela gostaria de ver suas lembranças num museu.
Ela fez o papel dela com muita grandeza, agora resta saber se os que possuem o poder vão fazer a sua parte que é a meu ver, a mais fácil, só depende de vontade politica.
Ela ficaria muito feliz ao ver esta foto ilustrando estas lembranças.


Pintor Albano Neves e Souza
Por Jader Resende
 
Já que estamos falando de museus, artes, defesa da natureza, racismo e tantas outras injustiças, não poderia deixar de citar um grande amigo.
ALBANO NEVES E SOUSA.
Salvador teve o privilegio de receber um grande pintor e tive a honra de conhece-lo, aqui ele deixou um legado da historia da Africa e a grandeza de sua arte.
Albano Neves foi fiel a sua raiz africana. Em Salvador continuou sua paixão pela Africa e pela pintura. Particularmente vejo uma injusta indiferença dos poderosos desta terra, talvez por sua simplicidade, sua humildade e sua dedicação a arte pela arte.
Não só eu mas todos que o conheceram sabem que Albano Neves é o que melhor representou a Africa nesta terra tão conhecida por sua afro-descendência, não quero com isso tirar mérito de ninguém, só me revolta a estupides e falta de respeito a um grande artista.
Sua estada em Salvador só não passou despercebida devido a grandeza e reconhecimento que sempre teve a sua arte em todo o mundo e isso os fazedores de cultura não podiam negar.
É triste ver que existe museu que não se identifica com a realidade de nossa história nem com nosso povo e um dos maiores pintores africanos que por aqui esteve pouco se fala.
Como disse, não vou ser migrante em meu país e só me resta registrar minha tristeza com todos que tem poderes e o fazem pra defender interesses que não são os nossos.
Espero que os movimentos negro resgatem a importância de Albano Neves.
Espero que os políticos fieis as raízes deste povo resgatem sua memória e a memória desta terra.
Nada fizeram, nada fazem mas a sua estada entre nos já é parte da cultura, já é a história desta terra.
Faço deste momento um momento de ALBANO NEVES, um artista verdadeiramente Humano, que nunca colocou seu trabalho em prol de nenhuma politica, modismo ou interesses econômicos.
Albano foi a genuína representação da cultura negra que essa cidade teve e a ele esta cidade tem uma divida que espero um dia ser paga.
Se não bastasse, sua pintura é inquestionável e isso ninguém pode negar.
É claro que o poder econômico do petróleo e da energia atômica representam muito, mas que não se deve deixar que saiam atropelando a tudo e a todos com suas mesquinhas e oportunistas formas de se auto promover.
O movimento negro sim, merece um Museu.
Albano Neves sim, merece um Museu.
Deixo claro que ninguém precisa de minha defesa, estou sim expondo minha tristeza e lembranças de Albano Neves. Pelo menos isso eu posso.

Ao meu querido amigo Albano deixo meu carinho e admiração.




Aproveito para convidar a todos para se unir em torno do voto Facultativo, eu, como já disse antes,vou continuar votando no voto Bota fora, ou seja, eu voto naquele que é contra aquele outro.
Não me venham falar de liberdade ou democracia se não posso me recusar a votar, se não existe referendos e plebiscitos coisas básicas numa democracia.
Nem tão pouco dizer que o povo não sabe votar, essa desculpa não cola mais.

Precisamos do VOTO Facultativo, Referendos e Plebiscitos isto é pedir muito?

TEXTOS


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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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terça-feira, 22 de setembro de 2009
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