A ocupação do Mundo

 

 

ECONOMIA - Como a elite domina o mundo.

 

buscado no Blog De Um Sem Mídia

Ex-jurista do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo

Karen Hudes, ex-informante do Banco Mundial, despedida por ter revelado informação sobre a corrupção no banco, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar nosso planeta.
 
Fonte: http://goo.gl/hFNlWE  
A reportagem é publicada pelo sítio RT, 03-03-2014. A tradução é do Cepat.
Karen Hudes (foto), graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de ‘assessora jurídica superior’, teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. Desse modo, o que conta não é uma ‘teoria da conspiração’ a mais.
De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta.
Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista ‘Plos One’ a respeito da “rede global de controle corporativo”, Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, em sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. “O que realmente está acontecendo é que os recursos do mundo estão sendo dominados por esse grupo”, explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os “capturadores corruptos do poder” também conseguiram dominar os meios de comunicação. “Isso é permitido a eles”, assegurou.
O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipe do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma “super-entidade” de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.
Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Estadunidense, que controla toda a emissão de dinheiro e sua circulação internacional.
O banco central dos bancos centrais
A cúpula desse sistema é o Banco de Compensações Internacionais: o banco central dos bancos centrais.
“Um organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Compensações Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais em nível mundial pertencem ao Banco de Compensações Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais se reúnem na Basileia para outra ‘Cúpula de Economia Mundial’. Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem a todo homem, mulher e criança do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Compensações Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado”.
Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida.
“Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam em suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona nosso sistema”, afirmou.

 

  


A rede do poder corporativo mundial

 

                              LE MONDE
 buscado no diplomatique – BRASIL

Controlar de forma organizada uma cadeia produtiva gera naturalmente um grande poder econômico, político e cultural, e outra caracteristica desse poder corporativo, é o quanto ele é desconhecido
por Ladislau Dowbor


Exemplo de apenas algumas conexões financeiras internacionais. Em vermelho, grupos europeus, em azul norte-americanos, outros países em verde. A dominância dos dois primeiros é evidente, e muito ligada à crise financeira atual. Somente uma pequena parte dos links é aqui mostrada. Fonte Vitali, Glattfelder e Fattiston, http://j-node.blogspot.com/2011/10/network-of-global-corporate-control.html)
There is a big difference between suspecting the existence of a fact
and in empirically demonstrating it”¹
Todos temos acompanhado, décadas a fio, as notícias sobre grandes empresas comprando-se umas as outras, formando grupos cada vez maiores, em princípio para se tornarem mais competitivas no ambiente cada vez mais agressivo do mercado. Mas o processo, naturalmente, tem limites. Em geral, nas principais cadeias produtivas, a corrida termina quando sobram poucas empresas, que em vez de guerrear, descobrem que é mais conveniente se articularem e trabalharem juntas, para o bem delas e dos seus acionistas. Não necessariamente, como é óbvio, para o bem da sociedade.
Controlar de forma organizada uma cadeia produtiva gera naturalmente um grande poder econômico, político e cultural. Econômico através do imenso fluxo de recursos – maior do que o PIB de numerosos países – político através da apropriação de grande parte dos aparelhos de Estado, e cultural pelo fato da mídia de massa mundial criar, através de pesadíssimas campanhas publicitárias – financiadas pelas empresas, que incluem os custos nos preços de venda – uma cultura de consumo e dinâmicas comportamentais que lhes interessa, e que gera boa parte do desastre planetário que enfrentamos.
Uma característica básica do poder corporativo, é o quanto é pouco conhecido. As Nações Unidas tinham um departamento, UNCTC (United Nations Center for Transnational Corporations), que publicava nos anos 1990 um excelente relatório anual sobre as corporações transnacionais. Com a formação da Organização Mundial do Comércio, simplesmente fecharam o UNCTC e descontinuaram as publicações. Assim o que é provavelmente o principal núcleo organizado de poder do planeta deixou simplesmente de ser estudado, a não ser por pesquisas pontuais dispersas pelas instituições acadêmicas, e fragmentadas por países.
O documento mais significativo que hoje temos sobre as corporações é o excelente documentário A Corporação (The Corporation), estudo científico de primeira linha, que em duas horas e doze capítulos mostra como funcionam, como se organizam, e que impactos geram. Outro documentário excelente, Trabalho Interno (Inside Job), que levou o Oscar de 2011, mostra como funciona o segmento financeiro do poder corporativo, mas limitado essencialmente a mostrar como se gerou a presente crise financeira. Temos também o clássico do setor, Quando as Corporações Regem o Mundo (When Corporations Rule the World) de David Korten. Trabalhos deste tipo nos permitem entender a lógica, geram a base do conhecimento disponível.
Mas nos faz imensa falta a pesquisa sistemática sobre como as corporações funcionam, como se tomam as decisões, quem as toma, com que legitimidade. O fato é que ignoramos quase tudo do principal vetor de poder mundial que são as corporações.
 É natural e saudável que tenhamos todos uma grande preocupação em não inventarmos conspirações diabólicas, maquinações maldosas. Mas ao vermos como nos principais setores as atividades se reduziram no topo a poucas empresas extremamente poderosas, começamos a entender que se trata sim de poder político. Agindo no espaço planetário, e na ausência de governo mundial, manejam grande poder sem nenhum controle significativo.
A pesquisa do ETH (Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica)  vem pela primeira vez nesta escala iluminar a área com dados concretos. A metodologia é muito interessante. Selecionaram 43 mil corporações no banco de dados Orbis 2007 de 30 milhões de empresas, e passaram a estudar como se relacionam: o peso econômico de cada entidade, a sua rede de conexões, os fluxos financeiros, e em que empresas têm participações que permitem controle indireto. Em termos estatísticos, resulta um sistema em forma de bow-tie ¸ou “gravata borboleta”, onde temos um grupo de corporações no “nó”, e ramificações para um lado que apontam para corporações que o “nó” controla, e ramificações para outro que apontam para as empresas que têm participações no “nó’.
A inovação, é que a pesquisa aqui apresentada realizou este trabalho para o conjunto das principais corporações do planeta, e expandiu a metodologia de forma a ir traçando o mapa de controles do conjunto, incluindo a escada de poder que às vezes corporações menores detêm, ao controlarem um pequeno grupo de empresas que por sua vez controla uma série de outras empresas e assim por diante. O que temos aqui, é exatamente o que o título da pesquisa apresenta, “a rede do controle corporativo global”.
Em termos ideológicos, o estudo está acima de qualquer suspeita. Antes de tudo, é importante mencionar que o ETH de Zurich faz parte da nata da pesquisa tecnológica no planeta, em geral colocado em segundo lugar depois do MIT dos Estados Unidos. Os pesquisadores do ETH detêm 31 prêmios Nobel, a começar por Albert Einstein. A equipe que trabalhou no artigo entende tudo de mapeamento de redes e da arquitetura de poder que resulta. Stefano Battiston, um dos autores, assina pesquisas com J. Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial. O presente artigo, com 10 páginas, é curto para uma pesquisa deste porte, mas é acompanhado de 26 páginas de metodologia, de maneira a deixar transparentes todos os procedimentos. E em nenhum momento tiram conclusões políticas apressadas: limitam-se a expor de maneira muito sistemática o mapa do poder que resulta, e apontam as implicações. 
 A pesquisa é de difícil leitura para não leigos, pela matemática envolvida. Pela importância que representa para a compreensão de como se organiza o poder corporativo do planeta, resolvemos expor da maneira mais clara possível os principais aportes, ao mesmo tempo que disponibilizamos abaixo o link do artigo completo. 
O que resulta da pesquisa é claro: “A estrutura da rede de controle das corporações transnacionais impacta a competição de mercado mundial e a estabilidade financeira. Até agora, apenas pequenas amostras nacionais foram estudadas e não havia metodologia apropriada para avaliar globalmente o controle. Apresentamos a primeira pesquisa da arquitetura da rede internacional de propriedade, junto com a computação do controle que possui cada ator global. Descobrimos que as corporações transnacionais formam uma gigantesca estrutura em forma de gravata borboleta (bow-tie), e que uma grande parte do controle flui para um núcleo (core) pequeno e fortemente articulado de instituições financeiras. Este núcleo pode ser visto como uma “super-entidade” (super-entity) o que levanta questões importantes tanto para pesquisadores como para os que traçam políticas.”(1/36)
Para demostrar como este travamento acontece, os autores analisam a estrutura mundial do controle corporativo. O controle é aqui definido como participação dos atores econômicos nas ações, correspondendo “às oportunidades de ver os seus interesses predominarem na estratégia de negócios da empresa”. Ao desenhar o conjunto da teia de participações, chega-se à noção de controle em rede. Esta noção define o montante total de valor econômico sobre a qual um agente tem influência.
O modelo analisa o rendimento operacional e o valor econômico das corporações, detalha as tomadas mútuas de participação em ações (mutual cross-shareholdings) identificando as unidades mais fortemente conectadas dentro da rede. “Este tipo de estruturas, até hoje observado apenas em pequenas amostras, tem explicações tais como estratégias de proteção contra tomadas de controle (anti-takeover strategies), redução de custos de transação, compartilhamento de riscos, aumento de confiança e de grupos de interesse. Qual que seja a sua origem, no entanto, fragiliza a competição de mercado... Como resultado, cerca de ¾ da propriedade das firmas no núcleo ficam nas mãos de firmas do próprio núcleo. Em outras palavras, trata-se de um grupo fortemente estruturado (tightly-nit) de corporações que cumulativamente detêm a maior parte das participações umas nas outras”. (5)
Este mapeamento leva por sua vez à análise da concentração do controle. A primeira vista, sendo firmas abertas com ações no mercado, imagina-se um grau relativamente distribuído também do poder de controle. O estudo buscou “quão concentrado é este controle, e quem são os que detêm maior controle no topo”. Isto é uma inovação relativamente aos numerosos estudos anteriores que mediram a concentração de riqueza e de renda. Segundo os autores, não há estimativas quantitativas anteriores sobre o controle. O cálculo consistiu em identificar qual a fração de atores no topo que detém mais de 80% do controle de toda a rede. Os resultados são fortes: “Encontramos que apenas 737 dos principais atores (top-holders) acumulam 80% do controle sobre o valor de todas as ETNs... Isto significa que o controle em rede (network control) é distribuído de maneira muito mais desigual do que a riqueza. Em particular, os atores no topo detêm um controle dez vezes maior do que o que poderia se esperar baseado na sua riqueza.”(6)
Combinando o poder de controle dos atores no topo (top ranked actors) com as suas interconexões, “encontramos que, apesar de sua pequena dimensão, o núcleo detém coletivamente uma ampla fração do controle total da rede. No detalhe, quase 4/10 do controle sobre o valor econômico das ETNs do mundo, através de uma teia complicada de relações de propriedade, está nas mãos de um grupo de 147 ETNs do núcleo, que detém quase pleno controle sobre si mesmo. Os atores do topo dentro do núcleo podem assim ser considerados como uma “super-entidade” na rede global das corporações. Um fato adicional relevante neste ponto é que ¾ do núcleo são intermediários financeiros.”
Os números em si são muito impressionantes, e estão gerando impacto no mundo científico, e vão repercutir inevitavelmente no mundo político. Os dados não só confirmam como agravam as afirmações dos movimentos de protesto que se referem ao 1% que brinca com os recursos dos outros 99% O New Scientist reproduz o comentário de um dos pesquisadores, Glattfelder, que resume a questão: “Com efeito, menos de 1% das empresas consegue controlar 40% de toda a rede”. E a maioria são instituições financeiras, entre as quais Barclays Bank, JPMorgan Chase&Co, Goldman Sachs e semelhantes. 
Algumas implicações são bastante evidentes. Assim, ainda que na avaliação do New Scientist as empresas se comprem umas as outras por razões de negócios e não para dominar o mundo, não ver a conexão entre esta concentração de poder econômico e o poder político constitui evidente prova de miopia. Quando numerosos países, a partir dos anos Reagan e Thatcher, reduziram os impostos sobre os ricos, lançando as bases da trágica desigualdade planetária atual, não há dúvidas quanto ao poder político por trás das iniciativas. A lei recentemente passada nos Estados Unidos que libera totalmente o financiamento de campanhas eleitorais por corporações tem implicações igualmente evidentes. O desmantelamento das leis que obrigavam as instituições financeiras a fornecer informações e que regulavam as suas atividades passa a ter origens claras. 
Outra conclusão importante refere-se à fragilidade sistêmica que geramos na economia mundial. Quando há milhões de empresas, há concorrência real, ninguém consegue “fazer” o mercado, ditar os preços, e muito menos ditar o uso dos recursos públicos. Esses desequilíbrios se ajustam com inúmeras alterações pontuais, assegurando uma certa resiliência sistêmica. Com a escalada atual do poder corporativo, as oscilações adquirem outra dimensão. Por exemplo, com os derivativos em crise, boa parte dos capitais especulativos se reorientou para commodities, levando a fortes aumentos de preços, frequentemente atribuídos de maneira simplista ao aumendo da demanda da China por matérias primas. A evolução recente dos preços de petróleo, em particular, está diretamente conectada a estas estruturas de poder. 
Os autores trazem também implicações para o controle dos trustes, já que estas políticas operam apenas no plano nacional: “Instituições antitruste ao redor do mundo acompanham de perto estruturas complexas de propriedade dentro das suas fronteiras nacionais. O fato de series de dados internacionais bem como métodos de estudo de redes amplas terem se tornado acessíveis apenas recentemente, pode explicar como esta descoberta não tenha sido notada durante tanto tempo”(7) Em termos claros, estas corporações atuam no mundo, enquanto as instâncias reguladoras estão fragmentadas em 194 países, sem contar a colaboração dos paraisos fiscais.
Outra implicação é a instabilidade financeira sistêmica gerada. Estamos acostumados a dizer que os grandes grupos financeiros são demasiado grandes para quebrar. Ao ver como estão interconectados, a imagem muda, é o sistema que é grande e poderoso demais para que não sejamos todos obrigados a manter os seus privilégios. “Trabalhos recentes têm mostrado que quando uma rede financeira é muito densamente conectada fica sujeita ao risco sistêmico. Com efeito, enquanto em bons tempos a rede parece robusta, em tempos ruins as empresas entram em desespero simultaneamente. Esta característica de ‘dois gumes’ foi constatada durante o recente caos financeiro” (7).
Ponto chave, os autores apontam para o efeito de poder do sistema financeiro sobre as outras áreas corporativas. “De acordo com alguns argumentos teóricos, em geral, as instituições financeiras não investem em participações acionárias para exercer controle. No entanto, há também evidência empírica do oposto. Os nossos resultados mostram que, globalmente, os atores do topo estão no mínimo em posição de exercer considerável controle, seja formalmente (por exemplo votando em reuniões de acionistas ou de conselhos de administração) ou através de negociações informais”. (8)
Finalmente, os autores abordam a questão óbvia do clube dos super-ricos:  “Do ponto de vista empírico, uma estrutura em “gravata borboleta” com um núcleo muito pequeno e influente constitui uma nova observação no estudo de redes complexas. Supomos que possa estar presente em outros tipos de redes onde mecanismos de “ricos-ficam-mais-ricos” (rich-get-richer) funcionam... O fato do núcleo estar tão densamente conectado poderia ser visto como uma generalização do fenômeno de clube dos ricos (rich-club phenomenon).” (8) A presença esmagadora dos grupos europeus e americanos neste universo sem dúvida também ajuda nas articulações e acentua os desequilíbrios. 
Conclusões gerais a se tirar? Não faltam na internet comentários de que o fato de serem poucos não significa grande coisa. Na minha análise, é óbvio que se trata sim de um clube de ricos, e de muito ricos, que se apropriam de recursos produzidos pela sociedade em proporções inteiramente desproporcionais relativamente ao que produzem. Trata-se também de pessoas que controlam a aplicação de gigantescos recursos, muito mais do que a sua capacidade de gestão e de aplicação racional. Um efeito mais amplo é a tendência de uma dominação geral dos sistemas especulativos sobre os sistemas produtivos. As empresas efetivamente produtoras de bens e serviços úteis à sociedade teriam todo interesse em contribuir para um sistema mais inteligente de alocação de recursos, pois são em boa parte vítimas indiretas do processo. Neste sentido, a pesquisa do ETH aponta para uma deformação estrutural do sistema, e que terá em algum momento de ser enfrentada.
E quanto ao que tanto preocupa as pessoas, a conspiração? A grande realidade que sobressai da pesquisa, é que nenhuma conspiração é necessária. Ao estarem articulados em rede, e com um número tão diminuto de pessoas no topo, não há nada que não se resolva no campo de golfe no fim de semana. Esta rede de contatos pessoais é de enorme relevância. Mas sobretudo os interesses são comuns, e não é necessária nenhuma conspiração para que os defendam solidariamente, como na batalha já mencionada para se reduzir os impostos que pagam os muito ricos, ou para se evitar taxação sobre transações financeiras, ou ainda para evitar o controle dos paraísos fiscais.
O caos financeiro planetário, em última instância, tem uma base muito articulada (tight-nit) de poucos atores. No pânico mundial gerado pela crise, debatem-se as políticas de austeridade, as dívidas públicas, a irresponsabilidade dos governos, deixando na sombra o ator principal, as instituições de intermediação financeira. No inicio do pânico da crise financeira, em 2008, a publicação do FMI Finance & Development estampou na capa em letras garrafais a pergunta “Who’s in charge?”, insinuando que ninguém está coordenando nada. Para o bem ou pra o mal, a pergunta está respondida. 
Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia, e professor titular da PUC-SP. É autor de A reprodução social e Democracia economômica - um passeio pelas teorias (contato http://dowbor.org).

1 - "Há uma grande diferença entre suspeitar a existância de um fato, e demonstrá-lo empiricamente” – Vitali, Glattfelder e Battiston - http://bit.ly/pWslEs
2 - S. Vitali, J.B Glattfelder e S. Battiston – The Network, of Global Corporate Control -  Chair of Systems Design, ETH Zurich – corresponding author sbattiston@ethz.ch . O texto completo foi disponibilizado em arXiv em pré-publicação, e publicado pelo PloS One em 26 de outubro de 2011: http://bit.ly/smmhvg .  A ampla discussão internacional gerada, com respostas dos autores da pesquisa, pode ser acompanhada em http://bit.ly/pWslEs
3 - Link para a resenha do New Scientist traduzida para o português no
site Inovação Tecnológica: http://bit.ly/sUsMjN e link para a resenha em inglês no site New Scientist: http://bit.ly/omulCA
4 - O aumento do risco sistêmico nos grandes sistemas integrados é estudado por Stiglitz em Risk and Global Economic Architecture, 2010,  http://www.nber.org/papers/w15718.pdf

 

Para ler, refletir e guardar *


buscado no Bourdoukan








INVASÕES NORTE-AMERICANAS

Ronald  Santos Barata**


I - Na América Latina

MÉXICO
1846/1848–EUA anexaram a República do Texas;
1913 -Fuzileiros invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução. Bloqueiam as fronteiras.
1914/1918 -Marinha e exército invadem e interferem na luta contra nacionalistas;.

HAITI
1891 - Tropas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA;
1915/1934 - Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia, permanecendo lá durante 19 anos;
1994/1999 - Bill Clinton determina que tropas americanas ocupem o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe. Na verdade, era para evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos para os Estados Unidos;

HONDURAS
1903 -Fuzileiros Navais desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho;
1907 - Fuzileiros Navais desembarcam e ocupam o país durante a guerra de Honduras com a Nicarágua;
 1911 - Tropas invadem para proteger interesses americanos durante a guerra civil.
1912 - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano
1919 - Fuzileiros desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço;
1924/1925 - Tropas dos EUA desembarcam e invadem o país duas vezes durante eleição nacional;
1983/1989 - Tropas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira invadem o país;
2009 - Zelaya é derrubado por golpe militar.

GUATEMALA
1920 - Tropas invadem e ocupam o país durante greve operária;
1954 - Comandos americanos orientados pela CIA derrubam o presidente Jacobo Arbenz, democraticamente eleito e impõem uma ditadura militar no país. Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e realizava a reforma agrária;
1966/1967 - Boinas Verdes e marines invadem o país para combater movimento revolucionário;

NICARÁGUA
1894 - Tropas ocupam Bluefields, cidade no mar do Caribe, durante um mês.
1898 - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur;
1899 - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem o pais todo;
1907 - Tropas invadem e impõem a criação de um protetorado sobre o território livre da Nicarágua;
1910 - Fuzileiros navais desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto
1912/1933- EUA invadem com tropas com a desculpa de combaterem guerrilheiros e ocupam o país durante 20 anos;

PANAMÁ
1895 - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana;
1901/1914 - Marinha apoia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; Tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início a polêmica construção do canal;
1908 - Fuzileiros invadem o país durante período de eleições.
1912- Fuzileiros navais invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais
1925 - Tropas invadem para debelar greve geral dos trabalhadores;
1958 - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos;
1989 – Invasão batizada de “Operação Causa Justa”, com 27 mil soldados, para prender o pres.. Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Bush mandou derrubá-lo por estar promovendo tráfico de drogas para os EUA. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos EUA.

CUBA
1898/1902 - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana
1906/1909 - Tropas dos EUA invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições;
1912 - Tropas invadem o país com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana;
1917/1933 - Tropas desembarcam e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos;
1961 – Exilados anticastristas nos EUA, treinados pela CIA e pelo exército norte-americano invadem a Baía dos Porcos. São rechaçados no episódio denominado La Batalia de Giron.

REPUBLICA DOMINICANA
1903/1904 - Tropas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução;
1914 - Fuzileiros navais invadem o solo dominicano e interferem na revolução em Sto. Domingo;
1916/1924 - Os EUA invadem e estabelecem governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos;
1965/1966 - Trinta mil fuzileiros e paraquedistas desembarcaram em Santo Domingo, para impedir nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.

EL SALVADOR
1932 - Navios de Guerra são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional – FMLN, comandadas por Marti; (carece de mais pesquisa para confirmar)

PORTO RICO
1898 - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos
1950 - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce;

GRANADA
1983/1984 - Após bloqueio econômico de quatro anos, a CIA coordena o assassinato do Primeiro Ministro Maurice Bishop. Por determinação de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha, alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos, mas era para eliminar a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.

BOLIVIA
1964 - Victor Paz Estenssoro é derrubado por um golpe militar liderado pelo vice-presidente René Barrientos e Alfredo Ovando, ,comandante do exército, com a ajuda de CIA.
1971- O governo socialista de Juan José Torres González é derrubado por violento golpe militar
1986 – Exército norte-americano invade o território boliviano sob o pretexto de ajudar no combate ao tráfico de cocaína e erradicação de plantações de coca.

HAWAI
1893 - Marinha enviada para suprimir o reinado independente e anexar o Hawaí aos EUA

ILHAS VIRGENS
1989 - Tropas americanas invadem a parte ocidental das ilhas durante revolta do povo contra o governo americano; É território dos EUA.

PARAGUAI
2012 - Fernando Lugo é derrubado por um golpe-branco, com apoio de multinacionais americanas.

CHILE
1891 - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas
1973 - A CIA trabalhou, sem sucesso, para evitar que Salvador Allende, eleito em 1970, assumisse a presidência do país. O presidente dos EUA, Nixon, mandou que se promovessem ações que fizessem a “economia do Chile gritar”. O golpe de Estado foi consumado em 11 de setembro de 1973, Oficiais do exército e da marinha chilena, com apoio militar e financeiro da CIA e de organizações terroristas neofascistas colocam Augusto Pinochet na presidência.


VENEZUELA
1947 - Com apoio dos EUA que invadiram e derrubaram o presidente eleito Rómulo Gallegos, que havia aumentado o preço do petróleo exportado, os militares colocam um ditador no poder;
2002 - Hugo Chávez é derrubado por um golpe militar, mas graças a militares nacionalistas, impõe-se o contra-golpe.

EQUADOR
1963 - O presidente esquerdista Carlos Julio Arosemena Montoy é deposto por um golpe militar e deportado para o Panamá.
1972 -  José Maria Velasco Ibarra tentou implantar a reforma agrária. Foi derrubado por um golpe militar.

URUGUAI
1973 - golpe militar.que acabou em 31/10/2004 com a eleição de Tabare Vasquez que tomou posse em março/2005.

PERU
1992 - Alberto Fujimori dá um autogolpe, com o apoio dos militares. Ocupa a presidência de julho/1990 a novembro/2000. Foi condenado por corrupção e genocídio. Inicialmente ocupava uma cela de 800m” e hoje uma “cela” de 10.000 m”, com imensas mordomias.

COLOMBIA
2000 - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, Esse Plano, engendrado nos EUA, destinava-se, formalmente, a combater o tráfico de drogas e erradicar as plantações de coca, mas visava também a desestruturar as guerrilhas de esquerda, como as FARC <http://pt.wikipedia.org/wiki/FARC> , com ajuda financeira e militar dos EUA ao governo colombiano.

ARGENTINA
1890 - Desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos;
1966 - Arturo Umberto Illia é derrubado por golpe militar apoiado pelos EUA por ter cancelado contratos de extração de petróleo por companhias estrangeiras, reduziu a miséria, o desemprego, iniciou um plano de alfabetização e aprovou a lei do salário mínimo. Assumiu o general Jaun Carlos Ongania.
1976 - Junta militar retira Isabel Perón do poder.



BRASIL

1964 – Temendo que o presidente João Goulart transformasse o Brasil numa China de 1960 (declaração do ex-embaixador Lincoln Gordon), os EUA apoiaram o golpe liderado pelo Marechal Humberto Castelo Branco, então chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Nos dias anteriores ao golpe, a CIA encorajou manifestações contra o governo, promoveu ampla campanha de calúnias com o apoio da grande mídia e forneceu combustível e armas de origem não norte-americanas” (procedência raspada) aos que apoiavam os militares. Entre outos trabalhos, há na internet o vídeo ou assista clicando no titulo a seguir “O dia que durou 21 anos”.

                                              

II - OUTRAS REGIÕES

A atuação imperialista dos EUA não se restringe à América Latina. Segue resumo de alguns exemplos na Ásia, África e Europa, alongando-me um pouco apenas em dois países que considero emblemáticos. Veja abaixo:

China (4 vezes), Coréia (2 vezes), Filipinas, Ilha de Guam (hoje colônia, juntamente com as Ilhas Marianas, no Pacífico), Ilha de Samoa, Laos (2x), Camboja (2 x), Rússia (5x - derrotadas pelo exército bolchevique), Iugoslávia, Turquia, Albânia, Irã, Grécia, Egito, Líbano, Libéria (2 x), Iraque (3x), Afeganistão, República do Congo (Zaire), Libia... UFA! tem mais... mas já basta.



VIETNAM

É uma história de heroicas lutas. Depois de mil anos de dominação chinesa, o Vietnam conquista a independência no ano 939. Ressentimentos permanecem até hoje. A França promove um processo de colonização e finalmente consegue, no sec. XVI, dominar o território da Conchichina e daí todo o país. Em 1747 o país é dividido em dois.e reunificado em 1802, A partir de 1930, o Partido Comunista lidera várias lutas de libertação na Indochina, mas o Vietnam sofre ocupação japonesa durante a segunda guerra mundial, da qual se livra em 1945. A organização nacionalista Viet Minh, liderada por Ho Chi Minh, declara independência e assume o governo em Hanoi. A França, após bombardear o porto de Haiphong, causando milhares de mortes, reconhece Hanoi como estado livre dentro da União Francesa. O Viet Minh exige independência total. Em maio/1954, os insurgentes, comandados pelo general Vo Nguyen GIAP, promovem cerco à poderosa base francesa de Dien Bien Phu. Após 55 dias, e apesar do apoio norte-americano, os franceses se rendem. Em julho/1954, é estabelecido um acordo em Genebra, em que os franceses reconhecem a independência do Vietnam, mas o país é dividido em dois, com a condição de haver eleições em todo o país, seis meses depois. O governo do sul, do imperador Bao Daí, é derrubado e proclamada a República no Vietnam do Sul. Instala-se uma ditadura com apoio dos EUA e que se nega a realizar eleições. O Norte tinha apoio da URSS. O presidente dos EUA, Lyndon Johnson, determina bombardeios aéreos sistemáticos e, em seguida, envia tropas norte-americanas. Os vietnamitas resistem heroicamente e os EUA, derrotados, aceitam um cessar fogo em 1973 e retiram suas tropas. O governo sul vietnamita resiste por dois anos até que apresenta rendição incondicional.



IRÃ

            Em 1953, o Primeiro Ministro Nohamed Mossaadegh é destituído em um golpe patrocinado pela CIA-Central Inteligency Agency. Só em 2013, a Agência assumiu a autoria. Houve também a participação da Grã Bretanha. Mossadegh, aristocrata nacionalista, alcunhado de “O Incorruptível”, doou seus grandes latifúndios aos que trabalhavam nas terras e o salário para os estudantes pobres de Direito.  Nacionalizou a multinacional inglesa Anglo Iranian Oil que tinha o monopólio dos hidrocarbonetos no Irã(o). Em 1941, a Grã Bretanha patrocina a derrubada do Reza Xá, que se aproximara de Hitler, ,e coloca no poder seu filho, Rehza Pahlavi. Encerra-se o desterro de Mossadegh, imposto pelo Xá anterior, e elege-se deputado. Foi ministro das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. . É alçado a Primeiro Ministro e promove grandes reformas na estrutura da semi-colônia, em busca de real independência para o país. Em 1952, o governo britânico, apoiado pelo presidente Truman dos EUA, consegue que o Xá demita Mossadegh. Mas, devido ao grande clamor popular, reassume com poderes especiais. Em 1953, Mossadegh aborta um golpe e o Xá foge para Roma. O governo britânico e a CIA estimulam manifestações de rua com muitos agentes provocadores e vândalos e a tradicional campanha de difamação e injurias que a CIA costuma realizar, com apoio das mídias. O exército apoia o golpe. O primeiro ministro é preso e desterrado. O Xá volta e revoga as leis que modificavam a sociedade islâmica. E escancara o país para empresas norte-americanas de petróleo. A Anglo Iranian Oil volta com o nome de British Petroleum. O Irã passa a ser aliado dos EUA, mas a ditadura acaba em 1979 quando ao Ayatolah Khomeiny implanta a República Islâmica.



            Hoje, os EUA realizam ataques com VANTs ou Drones (Veículos Aéreos Não Tripulados)





         **   Recolhi dados em:

1)    trabalhos de Alberto da Silva Jones, professor da UFSC, no sítio Centro da Mídia Independente/Brasil. 

2)    Jornal Resumem Latino Americano, com tradução de Maria Fernanda Souza e Heitor Cesar Oliveira.

3)    Carta Maior

4)      Trabalho de Fred Goldstein, World View Forum, New York, 2008, traduzido por João Camargo.



Em sete de outubro de 2013





 * O blog agradece ao companheiro Raul Longo pelo envio





comentário da postagem acima no blog Bourdoukan

    Já agora e porque não, uma "listazinha" de ditadores apoiados pelos EUA?

    http://tinfoilpalace.emp.yuku.com/topic/3836311#.Ulp-IlM4dZQ



I put this list together about eight years ago when everybody was saying "America supports freedom and democracy! F**k yeah!" and posted it on the Usenet.
I've updated it recently; it's not exhaustive, just the worst offenders.

Dictators Supported by the US

Africa
MOBUTU SESE SEKO
Dictator of Zaire 1965-1997
MOHAMMED SIAD BARRE
President/Dictator of Somalia 1969-1991
GEN. IBRAHIM BABANGIDA
Military Dictator/President of Nigeria 1985-1993
GEN. SANI ABACHA
Dictator of Nigeria 1993-1998
HASTINGS KAMUZU BANDA
Dictator of Malawi 1966-1994
LAURENT-DÉSIRÉ KABILA
President/Dictator of the Democratic Republic of the Congo 1997-2001
GNASSINGBE ETIENNE EYADEMA
Dictator of Togo 1967-2005
FELIX HOUPHOUET-BOIGNY
Dictator/President of the Ivory Coast 1960-1993
HASSAN II
King of Morocco 1961-1999
TEODORO OBIANG NGUEMA MBASOGO
President/Dictator of Equatorial Guinea 1979-present
ZINE EL ABIDINE BEN ALI
President-Prime Minister/Dictator of Tunisia 1987-2011
ANWAR EL-SADAT
President/Dictator of Egypt 1970-1981
HOSNI MUBARAK
President/Dictator of Egypt 1981-present
IAN SMITH
Prime Minister of Rhodesia (white minority regime) 1965-1979
PIETER WILLEM BOTHA
Prime Minister of South Africa (white minority regime) 1978-1984, President 1984-1989
DANIEL ARAP MOI
President/Dictator of Kenya 1978-2002
HAILE SELASSIE (RAS TAFARI)
Emperor of Ethiopia 1928-1974
WILLIAM J. S. TUBMAN
President/Dictator of Liberia 1944-1971
SAMUEL KANYON DOE
Dictator of Liberia 1980-1990

Asia
MOHAMED SUHARTO
Dictator of Indonesia 1966-1998
NGO DINH DIEM
President/Dictator of South Vietnam 1955-1963
GEN. NGUYEN KHANH
Dictator of South Vietnam 1964-1965
NGUYEN CAO KY
Dictator of South Vietnam 1965-1967
GEN. NGUYEN VAN THIEU
President/Dictator of South Vietnam 1967-1975
TRAN THIEM KHIEM
Prime Minister of South Vietnam 1969-75
BAO DAI
Emperor of Vietnam 1926-1945, chief of state 1949-1955
LEE KUAN YEW
Prime Minister/Dictator of Singapore 1959-1990; behind-the scenes ruler since then.
EMOMALI RAHMONOV
President/Dictator of Tajikistan 1992-present
NURSULTAN NAZARBAYEV
President of Kazakhstan 1990-present
ISLAM A. KARIMOV
President/Dictator of Uzbekistan 1990-present
SAPARMURAD ATAYEVICH NIYAZOV
President/Dictator of Turkmenistan 1990-2006
MARSHAL LUANG PIBUL SONGGRAM
Dictator of Thailand 1948-1957
FIELD MARSHAL THANOM KITTIKACHORN
Prime Minister/Dictator of Thailand 1957-58, 1963-1973
CHIANG KAI-SHEK
President/Dictator (Nationalist) of China 1928-1949
President/Dictator of Taiwan 1949-1975
CHIANG CHING-KUO
President/Dicator of Taiwan 1978-1988; Prime Minister 1972-1978
DENG XIAOPING
De facto ruler of China from circa 1978 to the early 1990s
FERDINAND MARCOS
President/Dictator of the Philippines 1965-1986
SYNGMAN RHEE
President/Dictator of South Korea 1948-1960
GEN. PARK CHUNG HEE
President/Dictator of South Korea 1962-1979
GEN. CHUN DOO HWAN
President/Dictator of South Korea 1980-1988
SIR MUDA HASSANAL BOLKIAH
Sultan of Brunei 1967-present
GEN. LON NOL
Prime Minister/Dictator of Cambodia 1970-1975
POL POT
Dictator of Cambodia 1975-1979
MAJ. GEN. SITIVENI RABUKA
Dictator of Fiji 1987-1999
ASKAR AKAYEV
President of Kyrgyzstan 10/27/1990-2005

Europe
FRANCISCO FRANCO
Dictator of Spain 1939-1975
ANTONIO SALAZAR DE OLIVEIRA
Dictator of Portugal 1928-1968
COL. GEORGIOS PAPADOPOULOS
Prime Minister/President/Dictator of Greece 1967-1973

Latin America
ANASTASIO SOMOZA GARCIA
Dictator of Nicaragua 1937-1947, 1950-1956
ANASTASIO "TACHITO" SOMOZA DEBAYLE
Dictator of Nicaragua 1967-1972, 1974-1979
MANUEL ESTRADA CABRERA
Dictator of Guatemala 1898-1920
GEN. JORGE UBICO CASTANEDA
Dictator of Guatemala 1931-1944
COL. CARLOS ENRIQUE CASTILLO ARMAS
Dictator of Guatemala 1954-1957
GEN. JOSE MIGUEL YDIGORAS FUENTES
President/Dictator of Guatemala 1958-1963
COL. ENRIQUE PERALTA AZURDIA
Military Junta, Guatemala 1963-1966
COL.CARLOS ARANA OSORIO
Dictator of Guatemala 1970-1974
GEN. FERNANDO ROMEO LUCAS GARCIA
Dictator of Guatemala 1978-1982
GEN. JOSE EFRAIN RIOS MONTT
Dictator of Guatemala 1982-1983
MARCO VINICIO CEREZO ARÉVALO
President/Dictator of Guatemala 1986-1991
MAXIMILIANO HERNANDEZ MARTINEZ
Dictator of El Salvador 1931-1944
COL. OSMIN AGUIRRE Y SALINAS
Dictator of El Salvador 1944-1945
CIVILIAN-MILITARY JUNTA, EL SALVADOR
1961-1962
COL. ARTURO ARMANDO MOLINA BARRAZA
Dictator of El Salvador 1972-1977
JUNTA, EL SALVADOR
1979-1982
ALFREDO FÉLIX CRISTIANI BUKARD
President/Dictator of El Salvador 1989-1994
TIBURCIO CARIAS ANDINO
Dictator of Honduras 1932-1948
COL. OSWALDO LOPEZ ARELLANO
Dictator of Honduras 1963-1975
ROBERTO SUAZO CORDOVA
President/Dictator of Honduras 1982-1986
GEN. OMAR HERRERA-TORRIJOS
Dictator of Panama 1969-1981
GEN. MANUEL ANTONIO MORENA NORIEGA
Dictator of Panama 1982-1989
AUGUSTO PINOCHET UGARTE
Dictator of Chile 1973-1990
GEN. JORGE RAFAEL VIDELA
Dictator of Argentina 1976-1981
COL. MARCOS PEREZ JIMENEZ
Dictator of Venezuela 1950-1958
GEN. ALFREDO STROESSNER
Dictator of Paraguay 1954-1989
ALBERTO FUJIMORI
Dictator of Peru 1990-2000
FRANCOIS "PAPA DOC" DUVALIER
Dictator of Haiti 1957-1971
JEAN-CLAUDE "BABY DOC" DUVALIER
Dictator of Haiti 1971-1986
MILITARY JUNTA / LT. GEN. RAOUL CEDRAS, GEN. PHILIPPE BIAMBY and LT. COL. MICHEL-JOSEPH FRANCO
Haiti 1991-1994

GEN. RENE BARRIENTOS ORTUNO
President/Dictator of Bolivia 1964-1969
GEN. HUGO BANZER SUAREZ
Dictator of Bolivia 1971-1978
DR. GETULIO VARGAS
Dictator of Brazil 1930-1945, 1951-1954
GEN. HUMBERTO DE ALENCAR CASTELLO BRANCO
Dictator of Brazil 1964-1967
CARLOS PRIO SOCARRAS
Dictator of Cuba 1948-1952
FULGENCIO BATISTA
Dictator of Cuba 1933-44, 1952-1959
GERARDO MACHADO MORALES
Dictator of Cuba 1925-1933
RAFAEL LEONIDAS TRUJILLO
Dictator of the Dominican Republic 1930-1961

Middle East
MOHAMMED REZA PAHLAVI
Shah of Iran 1941-1979
SADDAM HUSSEIN
Dictator of Iraq 1969 (1979)-2003
GEN. MOHAMMED AYUB KHAN
President/Dictator of Pakistan 1958-1969
GEN. AGHA MUHAMMAD YAHYA KHAN
President/Dictator of Pakistan 1969-1971
GEN. MOHAMMAD ZIA UL-HAQ
President/Dictator of Pakistan 1977-1988
PERVEZ MUSHARRAF
Dictator of Pakistan 1999-2008
ABDUL IBN HUSSEIN I
King of Jordan 1952-199
TURGUT ÖZAL
Prime Minister of Turkey 1983-1989, President 1989-1993
SHEIK JABIR AL-AHMAD AL SABAH
Emir of Kuwait 1977-2006
Prime Minister of Kuwait 1962-1963, 1965-1978
FAHD IBN ABDUL-AZIZ AL SAUD
King and Prime Minister of Saudi Arabia 1982-2005

 

 

EUA - A nefasta ingerência americana na América Latina

 

buscado no Blog De Um Sem Mídia







Carlos Frederico Alverga

Escrevo esse comentário sob o impacto de ter visto o documentário do cineasta australiano John Pilger, “A guerra na democracia”. O filme denuncia a imensa e nefasta lista de intervenções dos Estados Unidos na política da maior parte dos países latino americanos.


Os exemplos são incontáveis: Guatemala 54; Brasil 64; Chile 73; Nicarágua 78/79; El Salvador no Governo Reagan (primeiro mandato), entre 80 e 84 etc. Mas o interessante é que Pilger baseia o filme nas relativamente recentes reações políticas ocorridas em países latino- americanos contra as políticas econômicas ditadas pelo FMI, pelo Banco Mundial(este, repartição do Governo americano), pelo Consenso de Washington e pelos Estados Unidos, todas orientadas pelo neoliberalismo e pelo dogma de que o Estado não deve regular a economia capitalista e que deve sempre prevalecer o livre mercado.

O diretor australiano destaca os exemplos da reação popular na Venezuela, em 2002, quando houve o golpe contra Chávez, com participação direta da CIA, e na Bolívia, quando, reagindo contra um massacre de camponeses, o povo indígena depôs o presidente pró EUA e depois elegeu Evo Morales. (Um outro excelente filme sobre o povo depondo Presidentes é o “Memórias do Saqueio”, do diretor e deputado argentino Fernando “Pino” Solanas).

O aspecto que achei interessante no documentário foi o enfoque dado pelo diretor australiano no sentido de que esses movimentos não foram eventos isolados, mas consistiram numa reação quase que deliberada contra os efeitos deletérios do neoliberalismo na América Latina. Nesse movimento, pode-se incluir as duas eleições de Lula no Brasil e as eleições de Rafael Correa no Equador e de Olanta Humala no Peru.

AS MISSIONES DE CHÁVEZ

No caso da Venezuela, apesar do déficit democrático decorrente de um predomínio do Poder Executivo sobre o Legislativo e, principalmente, o Judiciário, houve fatos positivos e ganhos efetivos para a população de baixa renda da Venezuela, o que foi causado pelo fato meritório e louvável de Chávez ter usado o dinheiro arrecadado com a exportação do petróleo pela empresa estatal PDVSA para financiar políticas sociais, principalmente as denominadas Missiones, que reverteram em benefícios inegáveis para a população pobre venezuelana.

O documentário representa o “basta” que os latinos-americanos deram ao receituário econômico neoliberal de privatização indiscriminada, desregulamentação financeira (que redundou na crise financeira depois econômica global de 2008) e trabalhista, elegendo governos de esquerda no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Uruguai, no Equador, no Peru, na Nicarágua, o que representa um movimento generalizado de reação contra os malefícios econômicos provocados nesses países pelo neoliberalismo econômico.
O filme também aborda com destaque a ditadura militar de Pinochet no Chile, que a mídia amestrada considera o modelo econômico a ser seguido, no qual a Previdência Social foi privatizada, salientando as enormes desigualdades e iniquidades sociais que caracterizam o panorama social e econômico chileno.


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Conn Hallinan: Para além do vergonhoso legado da doutrina Monroe

Buscado noViomundo

 


O vergonhoso legado da Doutrina Monroe

Militarizando a América Latina


por CONN HALLINAN, no Counterpunch

Dezembro passado marcou o centésimo octagésimo* nono aniversário da Doutrina Monroe, a declaração política do presidente James Monroe, em 1823, que essencialmente tornou a América Latina um quintal exclusivo dos Estados Unidos. E se alguém tem alguma dúvida sobre o que estava no coração da doutrina, desde 1843 os Estados Unidos intervieram no México, Argentina, Chile, Haiti, Nicarágua, Panamá, Cuba, Porto Rico, Honduras, República Dominicana, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Uruguai, Granada, Bolívia e Venezuela. No caso da Nicarágua, nove vezes; Honduras, oito.
Algumas vezes a intrusão dispensou as gentilezas diplomáticas: a infantaria dos Estados Unidos assaltou o castelo de Chapultepec na cidade do México em 1847, os fuzileiros navais caçaram insurgentes na América Central e o general “Black Jack” Pershing perseguiu Pancho Villa em Chihuahua em 1916.
Em outros casos a intervenção foi tramada nas sombras — um pagamento secreto, um piscar de olhos para alguns generais ou o estrangulamento econômico de algum governo que teve a temeridade de propor reforma agrária ou redistribuição da riqueza.
Por 150 anos a história desta região, que se espalha por dois hemisférios e inclui de tundras congeladas a desertos escorchantes e florestas tropicais, foi em grande parte determinada pelo que acontecia em Washington. Como o velho ditador mexicano Porfirio Diaz colocou certa vez, a grande tragédia da América Latina era ficar tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos.
Mas a América Latina de hoje não é a mesma de 20 anos atrás. Governos de esquerda ou progressistas dominam a maior parte da América do Sul.
A China substituiu os Estados Unidos como o maior parceiro comercial da região e o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela se juntaram  em um mercado comum, o Mercosul, que é o terceiro maior do planeta.
Outras cinco nações são membros-associados. A União das Nações Sul-Americanas e a Comunidade de Estados Latino Americanos e do Caribe deixaram de lado aquela relíquia da Guerra Fria, a Organização dos Estados Americanos. A penúltima inclui Cuba, mas exclui os Estados Unidos e o Canadá.
Na superfície, a Doutrina Monroe parece estar morta.
Motivo pelo qual as políticas do governo Obama em relação à América Latina parecem tão perturbadoras. Depois de décadas de paz e desenvolvimento econômico, por que os Estados Unidos estão engajados em um grande investimento militar na região? Por que Washington virou os olhos para dois golpes bem sucedidos — e uma tentativa — nos últimos três anos? E por que Washington se distancia das práticas predatórias dos chamados fundos-abutre, cuja cobiça ameaça desestabilizar a economia argentina?
Como aconteceu na África e na Ásia, o governo Obama militarizou sua política externa em relação à América Latina. Washington espalhou uma rede de bases da América Central à Argentina. A Colômbia agora tem sete grandes bases e há outras instalações militares dos Estados Unidos em Honduras, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá e Belize.
A recém-reativada Quinta Frota patrulha o Atlântico Sul. Os fuzileiros navais estão na Guatemala perseguindo traficantes de drogas e as Forças Especiais estão em Honduras e na Colômbia. Quais são suas missões? Quantos homens são? Não sabemos porque muito disso fica obscuro sob o manto da “segurança nacional”.
O investimento militar é acompanhado da tolerância por golpes. Quando os militares e a elite hondurenha derrubaram o presidente Manuel Zelaya em 2009, em vez de condenar a derrubada o governo Obama fez lobby — sem sucesso, na maior parte das vezes — para que as nações latinoamericanas reconhecessem o governo instalado ilegalmente.
A Casa Branca também ficou silente, no ano seguinte, sobre a tentativa de golpe contra o esquerdista Rafael Correa no Equador e se negou a condenar o golpe “parlamentar” contra o presidente progressista Fernando Lugo, o chamado Bispo Vermelho, no Paraguai.
Memórias obscuras de golpes maquinados e apoiados pelos Estados Unidos no Brasil, Argentina, Chile e Guatemala são difíceis de esquecer no continente, como um recente comentário do ministro da economia da Argentina deixou claro. Chamando de “colonialismo legal” a decisão de uma corte de apelação dos Estados Unidos pela qual Buenos Aires deveria pagar U$ 1,3 bilhão em danos a credores de dois fundos-abutre, o ministro disse que “tudo o que precisamos agora é que o [juiz Thomas] Griesa nos mande a Quinta Frota”.
Muito do investimento militar dos Estados Unidos acontece por trás da retórica da guerra contra as drogas, mas uma olhada na posição das bases na Colômbia sugere que a proteção de oleodutos, não os traficantes, tem mais a ver com as ordens recebidas pelas Forças Especiais. O Plano Colômbia, que já custou perto de U$ 4 bilhões, foi concebido e defendido pela companhia de petróleo e gás Occidental Petroleum, de Los Angeles.
A Colômbia tem atualmente cinco milhões de refugiados, o maior número do mundo. Também é um lugar muito perigoso se você é sindicalista, apesar de Bogotá supostamente ter instituído o Plano de Ação do Trabalho, como parte do tratado de livre comércio que fechou com Washington. Mas desde que o governo Obama declarou oficialmente que o governo colombiano cumpre as regras do Plano, os ataques contra sindicalistas aumentaram.
“O que aconteceu desde isso [os Estados Unidos deram sua declaração] foi um surto de represálias contra sindicalistas e ativistas, que realmente acreditavam no Plano”, diz Gimena Sanchez-Garzoli, de uma organização que monitora a América Latina, WOLA. A Human Rights Watch chegou à mesma conclusão.
A guerra contra as drogas tem sido um desastre completo, como um crescente número de líderes latinoamericanos está concluindo. Pelo menos 100 mil pessoas morreram ou desapareceram apenas no México e o comércio de drogas corrompe governos, militares e forças policiais da Bolívia aos Estados Unidos. Antes que a gente pense que se trata de um problema latinoamericano, vários policiais do Texas foram recentemente indiciados por ajudar a transportar drogas do México para os Estados Unidos.
O governo Obama deveria se integrar aos líderes regionais que decidiram examinar a questão da legalização e desmilitarização da guerra contra as drogas. Estudos recentes demonstram que há um grande aumento da violência assim que os militares se tornam parte do conflito e que, como Portugal e a Austrália deixaram claro, a legalização não leva a um aumento no número de viciados.
Uma das grandes iniciativas dos Estados Unidos na região é o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, NAFTA, ainda que tenha causado aumento da pobreza, do deslocamento social e mesmo do tráfico de drogas. Em seu livro “Drug War Mexico”, Peter Walt e Roberto Zapeda apontam para a desregulamentação que abriu as portas também para traficantes, um perigo sobre o qual a Alfândega dos Estados Unidos e a Drug Enforcement Administration (DEA) haviam sido alertadas desde 1993.
Ao reduzir ou eliminar tarifas, o NAFTA inundou a América Latina com milho barato, subsidiado pelo governo dos Estados Unidos, o que colocou milhões de pequenos fazendeiros na falência, forçando-os a imigrar, enchendo cidades já estressadas ou a aderir à produção de plantas mais lucrativas — maconha e cocaína. Desde 1994, quando o NAFTA entrou em vigor, até 2000, cerca de 2 milhões de fazendeiros mexicanos deixaram suas terras e centenas de milhares de pessoas não documentadas imigraram para os Estados Unidos por ano.
De acordo com a ONG de ajuda humanitária Oxfam, o tratado de livre comércio com a Colômbia vai resultar em redução de renda para 1,8 milhão de fazendeiros locais e perda para entre 48 e 70% dos 400 mil colombianos que hoje trabalham ganhando o salário mínimo local, equivalente a 328,08 dólares.
“Comércio livre” evita que países emergentes protejam suas próprias indústrias e recursos e os jogam contra o poder industrial dos Estados Unidos. Este campo desigual resulta em pobreza para os latinoamericanos, mas enormes lucros para as corporações norte-americanas e algumas das elites locais.
A Casa Branca continuou a demonização de Hugo Chávez da Venezuela que herdou do governo Buch, apesar do fato de Chávez ter sido eleito por grandes margens e seu governo ter promovido uma grande redução da pobreza. De acordo com as Nações Unidas, a desigualdade na Venezuela é a mais baixa da América Latina, a pobreza foi cortada pela metade e a extrema pobreza em 70%. Estes tipos de números são coisas que o governo Obama supostamente comemora.
Quanto aos ataques de Chávez aos Estados Unidos, dado o apoio norte-americano ao golpe contra ele em 2002, à colocação de Forças Especiais e da CIA na vizinha Colômbia e à atitude blasé de Washington em relação a golpes, não se pode culpar os chavistas por um certo grau de paranoia.
Washington deveria reconhecer que a América Latina está experimentando novos modelos políticos e econômicos numa tentativa de reduzir a pobreza, o subdesenvolvimento e as crônicas divisões entre ricos e pobres na região. Em vez de marginalizar líderes como Chávez, Correa, Evo Morales da Bolívia e Cristina Kirchner da Argentina, o governo Obama deveria aceitar que o fato de que os Estados Unidos não são mais o Colosso do Norte que consegue sempre o que quer. De qualquer forma, são os Estados Unidos que estão sendo marginalizados na região, não seus oponentes.
Em vez de assinar leis estranhas como o “Ato para Enfrentar o Irã no Hemisfério Ocidental” (bens a Deus), a Casa Branca deveria fazer lobby para tornar o Brasil um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, promover o fim de seu bloqueio ilegal e imoral contra Cuba e exigir que o Reino Unido acabe com seu apoio à colônia das ilhas Falkland, ou Malvinas. O fato é que o Reino Unido pode “possuir” terra há mais de 15 mil quilômetros de Londres só porque tem Marinha superior. O colonialismo acabou.
E embora o governo norte-americano não possa intervir diretamente nos tribunais, na atual disputa entre os fundos Elliot Management, Aurelius Capital Managemente e a Argentina, a Casa Branca poderia deixar claro que acha desprezíveis as tentativas dos fundos-abutre de faturar com a crise econômica da Argentina de 2002. Também há a questão prática: se os fundos-abutre forçarem Buenos Aires a pagar o valor total das dívidas, que eles compraram por apenas 15 centavos de dólar, vai ameaçar as tentativas de países como a Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal de lidar com seus credores. Dado que os bancos dos Estados Unidos — inclusive os abutres — tiveram papel na criação da crise, é um dever do governo norte-americano ficar ao lado do governo Kirchner nesta questão. Se a Quinta Frota se envolver, talvez devesse bombardear a sede do Elliot Management nas ilhas Caimã.
Depois de séculos de exploração colonial e dominação econômica dos Estados Unidos e Europa, a América Latina finalmente está se tornando independente. Em grande parte evitou os danos da recessão mundial de 2008 e os padrões de vida na região estão melhorando — de forma dramática em países que Washington classifica como “de esquerda”.  Nos dias de hoje os laços da América Latina são mais com os países BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que com os Estados Unidos e a região está forjando sua própria agenda internacional. Existe oposição unânime contra o bloqueio a Cuba e, em 2010, o Brasil e a Turquia apresentaram o que é provavelmente a solução mais sensível para acabar com a crise nuclear com o Irã.
Nos próximos quatro anos o governo Obama tem a oportunidade de reescrever s a longa e vergonhosa história dos Estados Unidos na América Latina e substituí-la por outra, baseada em respeito mútuo e cooperação. Ou pode voltar a jogar com as obscuras Forças Especiais, a subversão silenciosa e a intolerância com as diferenças. A escolha é nossa.

*Conn Hallinan can be read at dispatchesfromtheedgeblog.wordpress.com and middleempireseries.wordpress.com

PS do Viomundo: *Corrigido pelo leitor Nelson, a quem agradecemos.

 

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"Não há mais espaço para ilusões reformistas"

 

 

buscado no Resistir.Inf.

 

 

 por Ivan Pinheiro [*]

Ivan Pinheiro, em Beirute. O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) saúda os partidos comunistas presentes, homenageando o anfitrião, o Partido Comunista Libanês, referência para todos os revolucionários e trabalhadores do mundo, com seu exemplo de luta sem tréguas contra o capital.

O aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo coloca para o movimento comunista internacional um conjunto de complexos desafios.

Estamos diante de um estado de guerra permanente contra os trabalhadores, uma espécie de “guerra mundial”, na qual o grande capital busca sair da crise colocando o ônus na conta dos trabalhadores. Esta é uma guerra diferente das anteriores, que tinham como centro disputas interimperialistas.

Apesar de persistirem contradições interburguesas e interimperialistas na atual conjuntura, as grandes potências (sobretudo os Estados Unidos e os países hegemônicos da União Européia) promovem hoje uma guerra de rapina contra todos os países periféricos, sobretudo aqueles que dispõem de riquezas naturais não renováveis e contra todos os trabalhadores do mundo.

A guerra é o principal recurso do capitalismo para tentar sair da crise: ativa a indústria bélica e ramos conexos, permite o saque das riquezas nacionais e a queima de capitais; os capitalistas ganham também com a reconstrução dos países destruídos.

Os métodos são sempre os mesmos: satanização, manipulação, estímulo ao sectarismo e a divisões entre nacionalidades e religiões, cooptações, criação ou supervalorização midiática de manifestações e rebeldias, atentados de falsa bandeira.

Nesta guerra permanente, pelo menos nesta fase, têm sido poupados os chamados países emergentes, sócios minoritários do imperialismo, que legitimam a política das grandes potências, compondo, como atores coadjuvantes, o chamado Grupo dos 20.

Estes países (os chamados BRICS) se têm beneficiado da crise, na medida em que ajudam a superá-la; em seguida, poderão ser as próximas vítimas tanto da crise como de agressões militares.

Em nosso país, nunca os banqueiros, as empreiteiras, o agronegócio e os monopólios tiveram tanto lucro. A política econômica e a política externa do estado burguês brasileiro estão a serviço do projeto de fazer do Brasil uma grande potência capitalista internacional, nos marcos do imperialismo. As empresas multinacionais de origem brasileira, alavancadas por financiamentos públicos, já dominam alguns mercados em outros países, notadamente na América Latina.

Hoje, o governo brasileiro é o organizador da transferência da maior parte da renda e da riqueza produzida pelo país para as classes dominantes (através do superávit primário, da política de juros altos e do sistema tributário altamente regressivo). Cerca de 50% do orçamento se destina a pagar os juros e a amortização da dívida (externa e interna), para satisfação dos banqueiros internacionais e nacionais, assim como dos nossos rentistas (que não chegam a 1% da população).

Para atender aos interesses dos grandes empresários, das empreiteiras e do agronegócio, o governo promove a destruição do meio ambiente, desde o desmatamento da floresta amazônica à demolição da legislação ambiental. O novo Código Florestal brasileiro, um total desrespeito ao meio-ambiente, contou com o apoio de partidos que se dizem de esquerda, mas se caracterizam por um esvaziamento ideológico, pela adesão às medidas neoliberais e por se curvarem aos ditames do imperialismo. Em períodos eleitorais, rebaixam ainda mais o discurso e abandonam os símbolos que vagamente os ligam ao ideário socialista.

Em meio a esta grave crise, e sem a consolidação ainda de um importante pólo de resistência proletária, o capital realiza uma violenta ofensiva para retirar dos trabalhadores os poucos direitos que lhes restam. Para fazê-lo, tentam cada vez mais fascistizar as sociedades e criminalizar os movimentos políticos e sociais antagônicos à ordem. A correlação de forças ainda nos é desfavorável. Ainda sofremos o impacto da contra-revolução na União Soviética e da degeneração de muitos partidos ditos de esquerda e de setores do movimento sindical.

Por outro lado, estamos muito preocupados com o verdadeiro cerco militar que o imperialismo promove na América Latina. Realmente, a reativação da IV Frota norte-americana, com um poderio bélico maior do que a soma de todas as forças armadas dos países latino-americanos, traz ameaças à soberania e à paz na região. O estabelecimento de dezenas de bases militares dos EUA na América Latina inquieta os latinoamericanos. A considerar ainda a construção de um aeroporto militar ianque na cidade de Mariscal Estigarribia, no Paraguai, que possibilita o controle da região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Bolívia) e onde se assenta a maior reserva mundial de água doce, o Aquífero Guarani.

Mas não é só o imperialismo estadunidense que cerca a Nossa América. A OTAN construiu, em 1986, na Ilha Soledad do Arquipélago das Malvinas, a grande base militar de Mount Pleasant, que dispõe de aeroporto e porto naval, de águas profundas, onde atracam submarinos atômicos e foram construídos silos para armazenar armas nucleares e instalações para aquartelar milhares de efetivos militares. Essa fortaleza das Malvinas contraria, expressamente, o contido na Resolução 41 da ONU, que considera o Atlântico Sul zona de paz e cooperação, isenta de armamentos e engenhos nucleares.

A considerar, ainda, a ilha de Ascensão, outra base militar da OTAN que fica a meio caminho da costa brasileira e da costa africana.

A OTAN criou uma zona de exclusão pesqueira de mais de um milhão de quilômetros quadrados em torno das ilhas Georgia e Sandwich do Sul, destinando essa zona exclusivamente às suas forças bélicas.

A ocupação militar imperialista no Atlântico Sul permite o controle das rotas marítimas que unem a América do Sul à África e sua conexão com o continente da Antártica e com os países do Pacífico, através do Estreito de Magalhães. Ademais, permite o controle dos inúmeros recursos naturais da plataforma continental da América do Sul. É assim que a América Latina está cercada por terra e por mar pelas forças militares imperialistas, com a omissão da grande maioria dos governos locais.

Analisando este quadro, o PCB tem feito algumas reflexões.

Nos marcos da ordem burguesa, o futuro é sombrio. Mais do que nunca o regime do capital virá acompanhado de crescente instabilidade econômica, absoluta irracionalidade no uso e na distribuição da riqueza, escandalosa desigualdade social, escalada da prepotência imperialista e inexorável perigo para as conquistas populares e dos trabalhadores.

A nosso juízo, não há mais espaço para ilusões reformistas. Aliás, os reformistas, mais do que nunca, são grandes inimigos da revolução socialista, pois iludem os trabalhadores e os desmobilizam, facilitando o trabalho do capital. Em cada país, as classes dominantes forjam um bipartidarismo – em verdade um monopartidarismo bicéfalo – em que as divergências, cada vez menores, se dão no campo da administração do capital.

Cada vez mais também faz menos sentido a “escolha” de aliados no campo imperialista e mesmo entre seus coadjuvantes emergentes, como se houvesse imperialismo do “bem” e do “mal”. A diferença é apenas na forma, não no conteúdo. Isto não significa subestimar as contradições que vicejam entre eles.

Não podemos conciliar com ilusões de transição ao socialismo por vias fundamentalmente institucionais, através de maiorias parlamentares e de ocupação de espaços governamentais e estatais. A luta de massas, em todas as suas formas, adaptada às diferentes realidades locais, é e continuará sendo a única arma de que dispõe o proletariado.

Temos avaliado também que o atual modelo de encontros de partidos comunistas e operários, que vêm cumprindo importante papel de resistência, precisa se adaptar às complexas necessidades da conjuntura mundial, com suas perspectivas sombrias no curto prazo e suas possibilidades de acirramento da luta de classes, com a emergência das lutas operárias.

Pensamos que é preciso romper com o “encontrismo” em que, ao final dos eventos, nossos partidos formulam um documento genérico e decidem a sede do próximo encontro e se despedem até o ano seguinte, inclusive aqueles dos países da mesma região.

Para potencializar o protagonismo dos partidos comunistas e do proletariado no âmbito mundial, é necessária e urgente a constituição de uma coordenação política que, sem funcionar como uma nova internacional, tenha a tarefa de organizar campanhas mundiais e regionais de solidariedade, contribuir para o debate de ideias, socializar informações sobre as lutas dos povos.

Mas, para além da indispensável articulação dos comunistas, parece-nos importante a formação de uma frente mundial mais ampla, de caráter antiimperialista, onde cabem forças políticas e individualidades progressistas, que se identifiquem com as lutas em defesa da autodeterminação dos povos, da paz entre eles, da preservação do meio ambiente, das riquezas nacionais, dos direitos trabalhistas, sociais e políticos; contra as guerras imperialistas e a fascistização das sociedades. Em resumo, as lutas em defesa da humanidade.

Deixamos claro que o nosso Partido valoriza qualquer forma de luta. Não podemos cair no oportunismo de fazer vistas grossas ao direito dos povos à rebelião e à resistência armada. Em muitos casos, esta é a única forma de fazer frente à violência do capital e de superá-lo. Os povos só podem contar com sua própria força.

Saudamos os povos que hoje enfrentam as mais duras batalhas. Saudamos os trabalhadores gregos, portugueses, espanhóis, que já se levantam em greves nacionais e grandes jornadas e os demais trabalhadores da Europa, que enfrentam terríveis planos do capital para tentar superar a crise, hoje mais acentuada no continente europeu mas que poderá agravar-se e espalhar-se para outros países e regiões.

Saudamos o povo palestino, em sua saga duradoura e dolorosa no enfrentamento ao sionismo que o sufoca e reprime, ocupa seu território, derruba suas casas, prende seus melhores filhos e impede seu direito a um Estado soberano.

Valorizamos o cessar-fogo celebrado recentemente no Egito, como uma vitória importante mas parcial da resistência palestina em Gaza. O sionismo - cuja intenção era claramente mais uma vez invadir Gaza com tropas e tanques - surpreendeu-se com a atual capacidade de reação militar palestina neste pequeno, isolado e sofrido territorio, de fato sob ocupação israelense: uma reação à altura das necesidades de autodefesa e da ampliação dos direitos do povo palestino.

Mas não podemos, de maneira alguma, subestimar a agressividade do imperialismo e do sionismo, que não desistirão de seu intento de dobrar a combatividade e destruir a identidade do povo palestino, ocupando todo seu territorio, como parte do plano expansionista que chamam de “Novo Oriente Médio”.

No entanto, a considerar a justa e proporcional reação do povo de Gaza e a extraordinária solidariedade internacional à luta dos palestinos, melhoram as condições de resistência aos planos sionistas.

E aqui pedimos a manifestação deste encontro em solidariedade à realização na próxima semana, no Brasil, do Forum Social Mundial Palestina Livre, que vem sofrendo ameaças da comunidade sionista em nosso país, inclusive, em desrespeito à soberanía brasileira, por parte da representação diplomática israelense.

Da mesma forma, saudamos os também sofridos povos do Iraque, do Afeganistão, da Líbia. Saudamos os povos do Egito, do Iêmen e de vários países árabes, em sua luta contra a tirania e a opressão.

Saudamos sírios e iranianos, contra os quais batem os tambores de guerra do imperialismo. Nosso Partido está incondicionalmente solidário à grande maioria do povo sírio e a seu direito à autodeterminação. Como na Líbia, trata-se na Síria do plano imperialista de fomentar guerras civis sectárias, valendo-se de mercenários e equipamentos militares estrangeiros, para dividir e ocupar o país. No caso da Síria, procura o imperialismo criar condições para uma posterior agressão militar ao Irã.

Solidarizamo-nos com os comunistas, os trabalhadores e as forças antiimperialistas libanesas diante da movimentação de setores da burguesía nacional aliados ao imperialismo, que procuram fomentar uma nova guerra civil, no contexto da divisão dos países do Oriente Médio por criterios sectários e religiosos, para facilitar a recolonização da região.

Chegando até nossa América Latina, saudamos nossa querida Cuba Socialista em sua luta contra o cruel bloqueio ianque. Saudamos nossos Cinco Heróis. Saudamos os processos de mudanças na América do Sul (Venezuela, Bolívia e Equador), neste momento decisivo, uma encruzilhada entre o avanço dos processos ou sua derrota.

Saudamos nossos irmãos colombianos que, nas cidades e nas montanhas, resistem, através de variadas formas de luta, contra o estado terrorista de seu país, a grande base militar norte-americana na América Latina. Saudamos os revolucionários colombianos, na expressão de seu partido comunista e guerrilhas.

Não há solução militar para o conflito colombiano. Por isso, saudamos os diálogos que têm como objetivo buscar uma solução política. Este diálogo só foi possível pelo surgimento e desenvolvimento da Marcha Patriótica, um combativo e amplo movimento de massas, e pela constatação da impossibilidade de vitória militar do estado contra a guerrilha.

Sabemos que não será simples este diálogo, pois as classes dominantes colombianas e o imperialismo querem a paz dos cemitérios. Assim sendo, propomos que este Encontro assuma a organização de uma campanha mundial de solidariedade ao povo colombiano por uma verdadeira paz democrática com justiça social e econômica

Finalmente, reiteramos nossa proposta de criação de coordenações políticas internacionais e regionais dos Partidos Comunistas, tendo como princípio fundamental o internacionalismo proletário.

Beirute (Líbano), 22 de novembro de 2012

PCB – Partido Comunista Brasileiro 

 


 
Ivan Pinheiro [*]
[*] Secretário-geral do PCB. Intervenção no XIV Encontro Mundial dos Partidos Comunistas e Operários, em Beirute, 22-24/Novembro/2012

O original encontra-se em pcb.org.br/...


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

 

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A ocupação da América do Sul

 

buscado no Gilson Sampaio



Laerte Braga
O aumento constante e expressivo da presença militar dos Estados Unidos em países da América do Sul coloca em risco a segurança e a independência desses países e significa uma real ameaça de futuros conflitos numa região que os norte-americanos consideram como quintal.
Existem indícios claros que se organiza um golpe contra o presidente Hugo Chávez na Venezuela, que por extensão, numa teoria que os EUA gostam desde os tempos de Kissinger e é chamada de efeito dominó, e se estenderia a Bolívia, ao Equador e a Argentina. Países onde os governos são considerados hostis.
Essa presença militar é ostensiva no Peru, no Chile, na província do Chaco na Argentina e total na Colômbia. Não exclui a ação política de agentes dos EUA, de Israel, da União Europeia – a Grã Bretanha movimentou submarinos nucleares e equipados com mísseis também nucleares para as ilhas Malvinas – e políticos ou grupos de direita e extrema direita, caso, entre outros, do ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e do escritor peruano Vargas Llosa.
Os presidentes da Colômbia e Chile, Sebastian Piñera e Manuel Santos são alinhados incondicionais dos EUA e na prática não passam de "governadores" de províncias.
O controle da mídia de mercado, que se acentuou com a entrada de capital internacional em países como o Brasil, por exemplo, faz com que a percepção dessas políticas seja a menor possível e assim não desperte reações populares capazes de colocar em risco os dois pontos mais importantes da atual política dos EUA para a América do Sul. O Plano Grande Colômbia que inclui a região Amazônica inclusive a parte brasileira e o controle da Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Uruguai).
No caso específico do Brasil o governo Dilma Rousseff dá sinais de ter abandonado a política de integração latino-americana e procura jogar as regras do jogo internacional, o mundo globalizado segundo a ótica e os interesses do capitalismo.
A Amazônia brasileira desde o governo FHC através do antigo projeto SIVAM – Sistema de Vigilância da Amazônia – é controlada pelos norte-americanos. As imensas reservas de nióbio, outro exemplo, mineral estratégico e de fundamental importância para armas nucleares, estão em mãos de ingleses e mais de dois terços da produção e contrabandeada para países como a Grã Bretanha, os EUA, Bélgica e outros.
O controle da água e das imensas reservas de petróleo de países como o Brasil e a Venezuela é vital para os projetos norte-americanos. O não ter conseguido implementar políticas diretas para a instalação de bases militares no Brasil não significa que os EUA tenha deixado o país de lado, ou desconsiderado sua importância. A política externa brasileira de morde e sopra fez com que os norte-americanos passassem a considerar esse controle a partir da Colômbia, do SIVAM, do acorde de livre comércio firmado no governo Lula com Israel, que abriu as portas para a presença de empresas sionistas em setores estratégicos da economia e políticas de "colaboração" com o governo federal e governos estaduais na área de segurança pública.
E pela primeira vez, desde o fim do governo João Figueiredo, o último general da ditadura, um chefe militar – mesmo que na reserva – fala abertamente, em entrevista ao jornal ESTADO DE SÃO PAULO, em "poder moderador".
A constituição de 1988, por pressão dos militares, confere às forças armadas esse poder em caso de "graves" distúrbios políticos, econômicos ou sociais. O general Leônidas da Silva (ex-comandante do aparato repressivo no estado do Rio de Janeiro), ministro do Exército no governo Sarney, reagindo à Comissão da Verdade, que investiga os crimes da ditadura, foi claro ao afirmar que é necessária a "convocação do poder moderador".
Não importa que as circunstâncias sejam diversas, a conjuntura seja outra, mas claro está que a democracia em países da América do Sul é um ciclo consentido e sua efetiva transformação em realidade vai depender da reação de forças populares.
É uma luta que, em todos os países sul americanos, não vai ser travada dentro do mundo institucional limitado por essa espécie de camisa de força imposta por regimes totalitários – poder moderador –. A cumplicidade dos governos que se seguiram à ditadura no Brasil permitiu aos responsáveis pela repressão acumular forças para reagir agora à Comissão da Verdade. É um aspecto positivo do governo Dilma, ainda que não se saiba até que ponto a presidente terá forças para enfrentar a reação dos quartéis. A maioria dos militares brasileiros da ativa é leal a Washington e tem se deixado envolver pelos porões podres, mas ainda vivos, da ditadura militar.
Há uma ilusão nos países da América do Sul em relação aos governos dos EUA. Costuma-se acreditar que presidentes republicanos são diferentes de presidentes democratas na prática colonialista, o que é um equívoco. O que varia é a forma de agir. Republicanos chegam com areia e democratas com vaselina.
A derrubada de Chávez é quase uma obsessão em Washington e para isso a cumplicidade da direita venezuelana não vai se limitar a ações políticas. Se necessário for provocam um conflito social com o objetivo de cindir as forças armadas e criar condições para a intervenção internacional naquela conversa fiada de "ajuda humanitária" e "direitos humanos".
A doença do presidente abre espaços para especulações deliberadas na mídia de mercado, nas ações diplomáticas, no buscar criar confusão na opinião pública e no tentar impedir a permanência de Chaves, até agora imbatível nas urnas, fato que deverá se confirmar nas eleições de outubro deste ano.
Se o controle da América Central, a exceção de Cuba e Nicarágua se dá através de uma ostensiva presença militar, como se viu no golpe que derrubou Manoel Zelaya em Honduras, centro de uma escola militar de golpes dos EUA, o da América do Norte por governos dóceis no México e no Canadá (que os norte-americanos consideram um "México melhorado"), o da América do Sul começa a se tornar visível a olho nu na presença política, diplomática e militar e de governos controlados por Washington, no cerco a países considerados hostis.
Não é diferente do que fazem na África e a África, ou no Oriente Médio (por exemplo apoiar a junta militar egípcia, o governo da Jordânia e destruir Síria e Líbia), na Ásia no cerco militar (bases) da China, na dubiedade das políticas da Rússia de Putin, já que detêm o controle da União Europeia, a América do Sul, nessa visão totalitária dos EUA, não pode ser a exceção.
Tem que estar sob o tacão nazi/sionista de ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A.
A reação não está no mundo institucional, mas nas forças populares. É o desafio.

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As bases militares da Otan na América do Sul: invasão coordenada


Le basi militari della NATO in Sudamerica: un’invasione coordinata
Uma visão mais abrangente da coordenação da União dos Militares Norte Americanos e do Reino Unido na região da América do Sul nos dois ultimo anos.
Base Militar
LOCALIZAÇÃO
Invasor
Órgão militar
Malvinas
Argentina
GB
NATO
George
Argentina
GB
NATO
Sanduíche
Argentina
GB
NATO
Tristán de Cuna
Oceano Atlântico
GB
NATO
St. Helena
Oceano Atlântico
GB
NATO
Ascensão
Oceano Atlântico
GB
NATO
Estigarribia
Paraguai
UE
NATO
Iquitos e Nanay
Peru
UE
NATO
Tres Esquinas
Colômbia
UE
NATO
Laranda
Colômbia
UE
NATO
Aplay
Colômbia
UE
NATO
Arauca
Colômbia
UE
NATO
Ptolemais
Colômbia
UE
NATO
Palanquero
Colômbia
UE
NATO
Malambo
Colômbia
UE
NATO
Aruba
Antillas
UE
NATO
Curacao
Antillas
UE
NATO
Roosevelt
Porto Rico
UE
NATO
Libéria
Costa Rica
UE
NATO
Guantanamo
Cuba
UE
NATO
Comalapa
El Salvador
UE
NATO
Soto Cano
Honduras
UE
NATO
IV Frota
y Atlântico-Pacífico
UE
NATO


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Império falido mantém mil bases no exterior

Via Vermelho


Ao mesmo tempo em que sua dívida atingiu um montante equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto), de US$ 14 trilhões, os EUA (Estados Unidos da América) mantêm nada menos do que mil bases militares no exterior, incluindo 268 na Alemanha e 124 no Japão, após 66 anos do término da 2ª Guerra Mundial.
Durval de Noronha Goyos*, em Última Instância
Outros países recipientes da infame e devastadora presença norte-americana são Cuba, Paraguai, Colômbia, Iraque (mais de 100), Afeganistão (cerca de 80), Coreia do Sul, Austrália, Egito, Bahrain, Grécia e Romênia, dentre cerca de 70 Estados.
O custo militar dos EUA para o ano 2010 foi de cerca de US$ 800 bilhões, acrescidos de despesas extraordinárias colocadas no orçamento daquele mesmo ano pelo presidente Barack Obama no valor de US$ 1 trilhão, o que, no total, equivale a aproximadamente 13% do PIB do país!
Os gastos militares dos EUA representaram cerca de 45% dos gastos globais em 2010. Seus aliados despenderam aproximadamente 28% dos aportes em defesa no mesmo ano. Assim, os EUA e aliados, que são normalmente Estados clientes, hoje igualmente em situação de insolvência, responderam por 73% dos dispêndios militares globais em 2010.
No final de 2008, os EUA mantinham aproximadamente 550 mil soldados no exterior, excluídos os serviços dos mercenários utilizados em alguns países como no Iraque. Esse número é 10% superior ao de 1985, no auge da chamada Guerra Fria, o que demonstra que o complexo industrial-militar norte-americano encontrou justificativas para a manutenção e mesmo expansão do poderio bélico do país, ainda que em fase de distensão do quadro político internacional.
Hoje, a organização de comando das Forças Armadas dos EUA contempla o PACOM (Comando do Pacífico), que é utilizado para ameaçar a China; o EUCOM (Comando da Europa), que é estruturado para ameaçar a Rússia e a África; o CENTCOM (Comando Central), que é usado para ameaçar e intervir no Oriente Médio; o SOUTHCOM (Comando do Sul), criado em julho de 2008, logo após o anúncio das grandes descobertas do pré-sal no Brasil, para nos ameaçar no Brasil e bem assim aos povos pacíficos da América do Sul e Central.
O historiador inglês Paul Kennedy, no livro The Rise and Fall of the Great Powers, escrito em 1986, afirmou que o grande teste da longevidade do poderio hegemônico no mundo seria no futuro igualmente aplicável aos EUA. Esse teste consiste em saber, de um lado, se o país em questão consegue manter um equilíbrio razoável entre suas necessidades percebidas e os meios dos quais dispõe para custeá-las. De outro lado, o teste é relacionado com a capacidade de preservação das bases tecnológicas e econômicas de seu poderio.
Parece claro que em 2011, os EUA não conseguem passar pelos dois quesitos do teste. De fato, com a capacidade de endividamento esgotada e constrangido a emitir moeda para comprar os títulos de sua própria emissão, os EUA hoje dependem financeiramente de países como a China, o Brasil e a Rússia, que não seus aliados. Até quando tais países aceitarão financiar a manutenção de um complexo militar que os ameaça?
Ao comentar a queda do império romano, o grande Edward Gibbon, em seu clássico The decline and Fall of the Roman Empire, observou, em tradução deste articulista, que “o declínio de Roma foi o efeito inevitável de grandiosidade imoderada.
A prosperidade amadureceu o princípio da decadência; as causas da destruição foram multiplicadas pela extensão da conquista; e assim que o tempo ou os acidentes removeram os sustentáculos artificiais, o tecido estupendo cedeu ao seu próprio peso”.
As observações de Gibbon ajustam-se como uma luva à situação em que presentemente se encontram os EUA.
* Durval de Noronha Goyos Jr. é advogado admitido no Brasil, em Portugal e na Inglaterra e Gales. É árbitro do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio), e professor de direito do comércio internacional na pós-graduação da Universidade Cândido Mendes (RJ).

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