sábado, 29 de novembro de 2014

Dívida Pública Brasileira: a soberania na corda bamba

 

buscado no Brasil de Fato


Reprodução
Documentário reúne opiniões de economistas, sindicalistas e professores sobre o impasse econômico; a versão completa está disponível no Youtube
09/09/2014

Da Redação,
A dívida total brasileira no ano de 2013 chegou ao valor aproximado de R$ 4 trilhões; o pagamento de juros e amortizações alcançou R$ 718 bilhões, o que corresponde a aproximadamente R$ 2 bilhões por dia. Tudo isso representa um desembolso anual de cerca de 40% do orçamento da nação.

Essas e outras questões são temas abordados no documentário “Dívida Pública Brasileira: a soberania na corda bamba”, de Carlos Pronzato. O filme reúne diversas opiniões de economistas, sindicalistas e professores e tem a pretensão de contribuir na conscientização do povo brasileiro sobre o assunto da dívida pública.
“A sociedade brasileira tem vários problemas estruturais que impedem a melhoria das condições de vida do povo, um deles é a chamada Dívida Pública Interna”, João Pedro Stédile, economista e da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “O tema da taxa de juros e o tema do superávit primário precisa ganhar as ruas para que a população tenha conhecimento”, complementa.
Para pagar apenas os juros da dívida os governos têm cortado repasses para setores de necessidades básicas da população como transporte, saúde e educação. Segundo Eulália Alvarenga, economista e coordenadora do núcleo MG da Auditoria Cidadã da Dívida: “a dívida interessa a todos e é de responsabilidade nossa exigir que seja auditada. Que a gente pague a dívida, mas se for legal e legítima, e que ela não seja uma dívida de espoliação do povo”.
Ditadura
A dívida pública federal começou na época da ditadura militar com o empréstimo de dinheiro dos Estados Unidos a juros flutuantes, que chegou a elevar os juros de 5% para 23%. Mesmo sendo considerada ação criminosa pela Convenção de Viena de 1969, o governo da ditadura aceitou a situação dos juros flutuantes imposta pelos EUA, o que interfere na pauta econômica do país até hoje.
A produção do documentário é feita pelo Instituto Rede Democrática-RJ, Núcleo RJ da Auditoria Cidadã da Dívida Publica e Sindipetro-RJ. A versão completa está disponível no Youtube




domingo, 23 de novembro de 2014

TODOS SOLTOS!







TODOS SOLTOS

TODOS SOLTOS!
O jornalista, escritor e colunista da Folha de São Paulo, Elio Gaspari, publicou um artigo neste jornal no último domingo (19), em que faz um inventário dos casos de corrupção durante o governo FHC, envolvendo diretamente os tucanos. o Artigo de Gaspari é uma contribuição importante para a memória nacional e para a desmistificação do falso moralismo tucano. Por isso acreditamos que o PSDB não é alternativa para combater a corrupção no Brasil. O que precisamos de fato é de pressão social por uma reforma política democrática, que acabe com o financiamento privado de campanha e estabeleça regras capazes de ampliar a participação e a fiscalização popular, única forma de se garantir uma política com ética e transparência.
Segue o artigo na íntegra.

Elio Gaspari - Folha de São Paulo 19/10/2014

Todos soltos, todos soltos, até hoje
Nos debates medíocres da TV Bandeirantes e do SBT, em que Dilma Rousseff parecia disputar a Presidência com Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves parecia lutar por um novo mandato em Minas Gerais, houve um momento estimulante. Foram as saraivadas de cinco "todos soltos" desferida pela doutora.
Discutia-se a corrupção do aparelho petista e ela arrolou cinco escândalos tucanos: "Caso Sivam", "Pasta Rosa", "Compra de votos para a reeleição de FHC", "Mensalão tucano mineiro" e "Compra de trens em São Paulo". A cada um, ela perguntava onde estavam os responsáveis e respondia: "Todos soltos". Faltou dizer: todos soltos, até hoje.
Não foi Dilma quem botou a bancada da Papuda na cadeia, foi a Justiça. Lula e o comissariado petista deram toda a solidariedade possível aos companheiros, inclusive aos que se declararam "presos políticos". Aécio também nada tem a ver com o fato de os tucanos dos cinco escândalos estarem soltos. Eles receberam essa graça porque o Ministério Público e o Judiciário não conseguiram colocar-lhes as algemas. O tucanato deu-lhes graus variáveis de solidariedade e silêncio.
Pela linha de argumentação dos dois candidatos, é falta de educação falar dos males petistas para Dilma ou dos tucanos para Aécio. Triste conclusão: quando mencionam casos específicos, os dois têm razão. A boa notícia é que ambos prometem mudar essa escrita.
A doutora Dilma listou os cinco escândalos tucanos, todos do século passado, impunes até hoje. Vale relembrá-los.
CASO SIVAM
Em 1993 (governo Itamar Franco), escolheu-se a empresa americana Raytheon para montar um sistema de vigilância no espaço aéreo da Amazônia. Coisa de US$ 1,7 bilhão, sem concorrência. Dois anos depois (governo FHC), o "New York Times" publicou que, segundo os serviços de informações americanos, rolaram propinas no negócio. Diretores da Thomson, que perdera a disputa, diziam que a gorjeta ficara em US$ 30 milhões. Tudo poderia ser briga de concorrentes, até que um tucano grampeou um assessor de FHC e flagrou-o dizendo que o projeto precisava de uma "prensa" para andar. Relatando uma conversa com um senador, afirmou que ele sabia "quem levou dinheiro, quanto levou".
O tucano grampeado voou para a Embaixada do Brasil no México, o grampeador migrou para o governo de São Paulo e o ministro da Aeronáutica perdeu o cargo. Só. FHC classificou o noticiário sobre o assunto como "espalhafatoso".
PASTA ROSA
Em agosto de 1995, FHC fechou o banco Econômico. Estava quebrado e pertencia a Ângelo Calmon de Sá, um príncipe da banca e ex-ministro da Indústria e Comércio. Numa salinha do gabinete do doutor, a equipe do Banco Central que assumiu o Econômico encontrou quatro pastas, uma da quais era rosa. Nelas estava a documentação do ervanário que a banca aspergira nas eleições de 1986, 1990 e 1994. Tudo direitinho: 59 nomes de deputados, 15 de senadores e 10 de governadores, com notas fiscais, cópias de cheques e quantias. Serviço de banqueiro meticuloso. Havia um ranking com as cotações dos beneficiados e alguns ganharam breves verbetes. No caso de um deputado, registravam 43 transações, 12 com cheques.
Nos três pleitos, esse pedaço da banca deve ter queimado mais de US$ 10 milhões. A papelada tornara-se uma batata quente nas mãos da cúpula do Banco Central. De novo, foi usada numa briga de tucanos e deu-se um vazamento seletivo. Quando se percebeu que o conjunto da obra escapara ao controle, o assunto começou a ser esquecido. FHC informou que os responsáveis pela exposição pagariam na forma da lei: "Se for cargo de confiança, perdeu o cargo na hora; se for cargo administrativo, será punido administrativamente". Para felicidade da banca, deu em nada.
COMPRA DE VOTOS PARA A REELEIÇÃO DE FHC
Em maio de 1997, os deputados Ronivon Santiago e João Maia revelaram que cada um deles recebera R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que criou o instituto da reeleição dos presidentes e governadores. Ronivon e Maia elegiam-se pelo Acre e pertenciam ao PFL, hoje DEM. Foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Ronivon voltou à Câmara em 2002. De onde vinha o dinheiro, até hoje não se sabe.
MENSALÃO TUCANO MINEIRO
Em 1998, Eduardo Azeredo perdeu para o ex-presidente Itamar Franco a disputa em que tentava se reeleger governador de Minas Gerais. Quatro anos depois, elegeu-se senador e tornou-se presidente do PSDB. Em 2005, quando já estourara o caso do mensalão petista, o nome de Azeredo caiu na roda das mágicas de Marcos Valério. Quatro anos antes de operar para o comissariado, ele dava contratos firmados com o governo de Azeredo como garantia para empréstimos junto ao banco Rural (o mesmo que seria usado pelos comissários.) O dinheiro ia para candidatos da coligação de Azeredo. O PSDB blindou o senador, abraçou a tese do "caixa dois" e manteve-o na presidência do partido durante três meses.
Quando perdeu a solidariedade de FHC, Azeredo disse que, durante a disputa de 1998, ele "teve comitês bancados pela minha campanha". Em fevereiro passado, o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia do procurador-geral contra Azeredo e ele renunciou ao mandato de deputado federal (sempre pelo PSDB). Com isso, conseguiu que o processo recomeçasse na primeira instância, em Minas Gerais. Está lá.
COMPRA DE TRENS EM SP
Assim como o caso Sivam, o fio da meada da corrupção para a venda de equipamentos ao governo paulista foi puxado no exterior. O "Wall Street Journal" noticiou em 2008 que a empresa Alstom, francesa, molhara mãos de brasileiros em contratos fechados entre 1995 e 2003. Coisa de US$ 32 milhões, para começar. O Judiciário suíço investigava a Alstom e tinha listas com nomes e endereços de pessoas beneficiadas. Um diretor da filial brasileira foi preso e solto. Outro, na Suíça, também foi preso e colaborou com as autoridades.
Um aspecto interessante desse caso está no fato de que a investigação corria na Suíça, mas andava devagar em São Paulo. Outras maracutaias, envolvendo hierarcas da Indonésia e de Zâmbia, resultaram em punições. Há um ano a empresa alemã Siemens, que participava de consórcios com a Alstom, começou a colaborar com as autoridades brasileiras e expôs o cartel de fornecedores que azeitava contratos com propinas que chegavam a 8,5%.
Em 2008, surgiu o nome de Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo entre 1995 e 2001, nomeado ministro do Tribunal de Contas do Estado. Em março passado, os suíços bloquearam uma conta do doutor num banco local, com saldo de US$ 1,1 milhão. Ele nega ser o dono da arca, pela qual passaram US$ 2,7 milhões. (Marinho tem uma ilha em Paraty.) O Ministério Público de São Paulo já denunciou 30 pessoas e 12 empresas. Como diz a doutora, "todos soltos".


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sistema livre



por Jader Resende

Pra suavizar um pouco esse pesado clima de políticas presumidamente confiáveis, nada como falar sobre sistema livre.
Que não podemos trabalhar livremente nossas ideias nem mesmo questioná-las, isso todos sabem.
Somos seguidamente interpretados pela lei do lucro imediato e mais fácil, somos sufocados pelas manipulações dos poderosos ou dos que vivem a sombra deles.
É fundamental expor a prisão em que vivemos. Sentimos na pele a dominação total dos nossos passos e pensamentos.
Viver numa sociedade onde a dignidade alheia vale muito pouco, podemos sim, cuidar do outro, agora e para o futuro. A educação dos jovens poderá fazer brilhar lampejos de luz em gerações futuras.
Arquivo livre é viável, única arma de defesa da nossa vulnerabilidade diante do sistema proprietários, pelo menos é a única alternativa.
Uma empresa 100% proprietária, quando usada seja para qual fim for, será dominada pelo proprietário, ele estipula sem consideração ao mercado o seu preço e ponto final.
O controle do mercado como podem constatar, pode ser feito através da incompatibilidade intencional dos sistemas operacionais, dos milhares de supostos programas gratuitos que na verdade ao pouco alicia e escraviza todos nós, lentamente amarra este mundo binário a seu modo. Esta incompatibilidade pode provocar o desaparecimento da nossa história.
O arquivamento de toda história estará sequestrado em mãos de quem não conseguimos imaginar.
Enfim, tudo é gravado em sistemas, nossos movimentos e documentos estão lá, quando um proprietário resolver não aceitar sistemas passados ou de concorrentes que há muito não existem. Como ficara todo passado ali gravado? Acredito que nenhum governo terá forças para impor a História do seu povo, se por acaso até lá existir.
Quem nunca ouviu esta frase. “Não tenho culpa é o sistema", "O sistema caiu” ou “O sistema só liberou 2 vagas”.
Vamos imaginar uma pessoa a espera de um avião para uma planejada e longa viajem. No aeroporto resolve fazer uma transação bancaria, perto do fim, cai o sistema, seus documentos ficam retidos, não tem como terminar, cancelar ou ter seu cartão de volta, sem ele não pode viajar, é obrigado a esperar e só muito horas depois volta ao ar e uma trabalheira surge para remarcar a viajem e seus planos, isto se for a recreio do contrario nem é bom falar...
Comemos, dormimos, cuidamos da saúde, lemos, ouvimos musicas e nos divertimos somente o que determina o poder, pouco ou nada podemos questionar e podemos perder nosso passado e nossas tradições.
Tudo não passa de manipulação e domínio. Enfim, tudo na internet e principalmente sistemas e programas estão atrelado ao poder econômico.
Quem controla os sistemas proprietários, tem nas mãos a indústria, engenharia e meio mundo de operários, é muito dinheiro e poder rolando pra um só lugar.
É de grande importância o conhecimento do sistema livre no aprendizado dos jovens nesta geringonça chamada computador e seus programas. Através da educação pode-se fornecer elementos para reforçar os valores sociais e a liberdade de criação, não só agora como no futuro.
Temos em comum um grande inimigo e ele se chama poder econômico e pouco pode-se fazer a não ser conhecer as entrelinhas do sistema de domínio, ter consciência do que acontece a nossa volta e tentar levar para gerações futuras conhecimentos transmitidos através da importância dos códigos e do sistema livre.
Mesmo com toda essa parafernália logaritima, a realidade de Matrix pairando sobre as nuvens e 1984 chegando sorrateiramente, continuamos a ver gerações desvalorizando a cultura e uma rica fonte de conhecimentos livres.
Devemos lutar contra a ignorância, principal requisito imposto pelo poder aos 99%.  Sentimos no dia a dia a destruição da cultura e do conhecimento pela imposição da ignorância.
A arte imita a vida e vida imita a arte, assim vamos levando nosso presente.
Acredito que em 2006 Mel Gibson realizou o filme “Apocalipse”.
Retrata a decadência e os últimos dias da civilização Maia antes da chegada dos espanhóis.
Os sacerdotes e governantes supremos dos Maias, donos da vida e da morte de um povo, dominavam a ciência entre outras artes e sabedores da eclipse fazem sacrifícios humanos para acalmar os deuses e manter o povo sob domínio do medo e da ignorância.
Em nome dos deuses, impôs centenas de sacrificados que duraram dias e noites antes da eclipse.
Terminada a eclipse o sol volta a brilhar como prometera os sacerdotes, quando o caçador de pessoas para serem sacrificados pergunta ao pé de ouvido do sacerdote chefe.
— E agora o que eu faço com o restante de presos e ele responde.
— Não precisamos mais deles. Leve para a floreta e mate como quiser.
O medo e ignorância do povo foi e ainda é forma de domínio
O final do filme leva também a dominação através da ignorância.
Os maias esperavam os deuses chegar na terra trazendo uma nova vida para todos e a chegada dos espanhóis era para eles a chegada dos deuses em forma de homens. Ai, começa a extinção do povo Maia e termina o filme.
É muito triste a sensação de impotência diante das gerações perdidas que nós rodeia diariamente, terrivelmente vulneráveis diante da força bruta em nome de uma suposta segurança, como os sacerdotes quando se dirigem ao povo depois do s sacrifícios;
 —Com estes sacrifícios acalmei os deuses e fiz voltar a luz dos sol, vocês agora podem voltar com segurança para seus afazeres. Não existe segurança alguma a não ser manipulações para impor obediência e servidão.
O sistema livre não vingou ainda, esta em faze difícil diante do estrangulamento econômico, deixa um bom legado para gerações. Não custa conhecê-lo, dominá-lo e entender melhor o mundo computadorizados a nossa volta.
Pouco pode fazer os migrantes tatuados pela natureza com o poder do código livre.
O poder esta nas mãos jovem, precisam dominar o sistema Livre.


Jader Resende






terça-feira, 11 de novembro de 2014

Os pilares da estupidez



buscado no Gilson Sampaio

 
Ora, os mesmos internautas que insultam, hoje, o Judiciário, sem serem incomodados — afirmando que o ministro Toffoli fraudou as eleições — já atacaram pesadamente Aécio Neves e sua família, quando ele disputava a indicação como candidato à Presidência pelo PSDB em 2010. São eles os mesmos que agridem os comandantes militares, acusando-os de serem "frouxos" e estarem controlados pelos comunistas, e deixam claro seu desprezo pelas instituições brasileiras, incluindo as Forças Armadas, pedindo em petição pública à Casa Branca uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil, como se fôssemos reles quintal dos EUA, quando são eles os que se comportam como abjetos vira-latas, em sua patética submissão ao estrangeiro. 



Mauro Santayana

Está em curso, há anos, nas "redes sociais" insidiosa campanha de agressão à democracia e crescentes ataques às instituições.
Quem cala, consente. Os governos do PT têm feito, em todo esse período, cara de paisagem. Nem mesmo quando diretamente insultados, ou caluniados, os dirigentes do partido tomaram qualquer providência contra quem os atacava, ou atacava as instituições, esquecendo-se de que, ao se omitirem, a primeira vítima foi a democracia. Nisso, sejamos francos, foram precedidos por todos os governos anteriores, que chegaram ao poder depois da redemocratização do país.
Mergulhados na luta política e na administração cotidiana dos problemas nacionais, nenhum deles percebeu que o primeiro dever que tínhamos, nesta nação, depois do fim do período autoritário, era regar e proteger a frágil flor da Liberdade, ensinando sua importância e virtudes às novas gerações, para que sua chama não se apagasse no coração dos brasileiros. Se, naquele momento, o da batalha pela reconquista do Estado de Direito, cantávamos em letras de rock que queríamos votar para presidente, hoje parece que os polos da razão foram trocados, e que vivemos sob a égide da  insânia e  da vilania.
Em absoluta inversão de valores, da ética, da informação,  da própria história, retorna a velha balela anticomunista de que Jango — um latifundiário liberal ligado ao trabalhismo — ia implantar uma ditadura cubano-soviética no Brasil, ou que algumas dezenas de estudantes poderiam derrubar, quatro anos depois, um regime autoritário fortemente armado, quando não havia nenhuma condição interna ou externa para isso.
Retorna a velha balela anticomunista de que Jango ia implantar uma ditadura cubano-soviética no Brasil
Agora, para muitos que se manifestam pela internet, quem combatia pela democracia virou terrorista, os torturadores são incensados e defendidos, e prega-se abertamente o fim do Estado de Direito, como se o fascismo e o autoritarismo fossem solução para alguma coisa, ou o Brasil não fosse ficar, política e economicamente, imediata e absolutamente, isolado do resto do mundo, caso fosse rompida a normalidade constitucional.
Ora, os mesmos internautas que insultam, hoje, o Judiciário, sem serem incomodados — afirmando que o ministro Toffoli fraudou as eleições — já atacaram pesadamente Aécio Neves e sua família, quando ele disputava a indicação como candidato à Presidência pelo PSDB em 2010. São eles os mesmos que agridem os comandantes militares, acusando-os de serem "frouxos" e estarem controlados pelos comunistas, e deixam claro seu desprezo pelas instituições brasileiras, incluindo as Forças Armadas, pedindo em petição pública à Casa Branca uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil, como se fôssemos reles quintal dos EUA, quando são eles os que se comportam como abjetos vira-latas, em sua patética submissão ao estrangeiro.
São eles os que defendem o extermínio dos nordestinos e a divisão do país, como se apenas naquela região a candidata da situação tivesse obtido maioria, e não estivéssemos todos misturados, ou nos fosse proibida a travessia das fronteiras dos estados.
São eles  que inventam generais de araque, supostos autores de manifestos igualmente falsos, e usam, sem autorização, o nome de oficiais da reserva, em documentos delirantes, tentando manipular, a todo momento, a base das Forças Armadas e as forças de segurança, dando a impressão de que existem sediciosos no  Exército, na Marinha, na Aeronáutica, quando as três forças se encontram unidas, na execução de projetos como o comando das  Operações de Paz da ONU no Haiti e no Líbano; as Operações Ágata, em nossas fronteiras; o novo Jato Cargueiro Militar KC-390 da Embrer; o novo Sistema de Mísseis Astros 2020 da Avibras; ou o novo submarino nuclear brasileiro, no cumprimento, com louvor, de sua missão constitucional.
O site SRZD, do jornalista Sérgio Rezende, entrou em contato com oficiais militares da reserva, que supostamente teriam "assinado" um manifesto, que circula, há algum tempo, na internet. O texto se refere a "overdose de covardia, cumplicidade e omissão dos comandantes militares" e afirma que, como não há possibilidade de tirar o PT do poder, é preciso dar um golpe militar, antes que o Brasil se transforme em uma "Cuba Continental".
Segundo o SRZD, todos os oficiais entrevistados, incluindo alguns generais, negaram peremptoriamente terem assinado esse "manifesto" e afirmaram já ter entrado em contato com o Ministério do Exército, denunciando tratar-se o e-mail que divulgava a mensagem de uma farsa e desmentindo sua participação no suposto movimento.
Por mais que queiram os novos hitlernautas, os militares brasileiros sabem que o governo atual não é comunista e que o Brasil não está, como apregoam os “aloprados” de extrema direita que tomaram conta da internet, ameaçado pelo comunismo internacional.
Como dizer que é comunista, um país em que os bancos lucram bilhões, todos os trimestres; em que qualquer um — prerrogativa maior da livre iniciativa — pode montar uma empresa a qualquer hora, até mesmo com apoio do governo e de instituições como o Sebrae; no qual investidores de todo o mundo aplicam mais de 60 bilhões de dólares, a cada 12 meses,  em Investimento Estrangeiro Direto; onde dezenas  de empresas multinacionais se instalam, todos os anos, junto às milhares já existentes, e mandam, sem nenhuma restrição, a cada fim de exercício, bilhões e bilhões de dólares e euros em remessa de lucro para e exterior?
Como taxar de comunista um país que importa tecnologia ocidental para seus armamentos, tanques, belonaves e aeronaves, cooperando, nesse sentido, com nações como a França, a Suécia, a Inglaterra e os Estados Unidos? Que participa de manobras militares com os próprios EUA, com países democráticos da América do Sul e com democracias emergentes, como a Índia e a África do Sul?
Baboso, atrasado, furibundo, ignorante, permanentemente alimentado e realimentado por mitos e mentiras espatafúrdias, que medram como fungos nos esgotos mais sombrios da Rede Mundial, o anticomunista de teclado brasileiro é sobretudo hipócrita e mendaz.
Nada contra alguém ser de direita, desde que se obedeçam as regras estabelecidas na Constituição
Ele acredita "piamente" que Dilma Rousseff assaltou bancos e matou pessoas e que José Genoino esquartejou pessoalmente um jovem, começando sadicamente pelas orelhas, quando não existe nesse sentido nenhum documento da ditadura militar.
Ele vê em um site uma foto da Escola Superior de Agricultura da USP, a Esalq, situada em Piracicaba, e acredita, também, "piamente", que é uma foto da mansão do "Lulinha", que teria virado o maior fazendeiro do país, junto com seu pai, sem que exista uma única escritura, ou o depoimento — até mesmo eventualmente comprado — de um simples peão de fazenda ou de um funcionário de cartório, que aponte para alguma prova ou indício disso, como de outras "lendas urbanas", como a participação da família do ex-presidente da República na propriedade de um grande frigorífico nacional.
Ele crê, piamente, e divulga isso, todo o tempo, que todos os 600 mil presos brasileiros têm direito a auxílio-reclusão quando quase 50% deles sequer foram julgados, e menos de 7% recebem esse benefício, e mesmo assim porque contribuíram normalmente, antes de serem presos, para a Previdência, durante anos, como qualquer trabalhador comum.
Nada contra alguém ser de direita, desde que se obedeçam as regras estabelecidas na Constituição. Nesse sentido, o senhor Jair Bolsonaro presta um serviço à democracia quando diz que falta, no Brasil, um partido com essa orientação ideológica, e já se declara candidato à Presidência, por essa provável agremiação, ou por essa parcela do eleitorado, no pleito de 2018.  
Os mesmos internautas que pensam que Cuba é uma ditadura contagiosa e sanguinária, da qual o Brasil não pode se aproximar, ligam para os amigos para se gabar de seu novo smartphone ou do último gadget da moda, Made in República Popular da China, que acabaram de comprar.
Eles são os mesmos que leem os textos escritos, com toda a iberdade, pela opositora cubana Yoami Sanchez —  já convenientemente traduzidos por "voluntários" para 18 diferentes idiomas — e não se perguntam, por que, sendo Cuba uma ditadura, ela está escrevendo de seu confortabilíssimo, para os padrões locais, apartamento de Havana, e não pendurada em um pau de arara, ou tomando choques e sendo espancada na prisão.
Mas  fingem ignorar que 188 países  condenaram, na semana passada, em votação de Resolução da ONU, o embargo dos Estados Unidos contra Cuba, exigindo o fim do bloqueio.
Ou que os EUA elogiaram e agradeceram a dedicação, qualidade e profissionalismo de centenas de médicos cubanos enviados pelo governo de Havana para colaborar, na África,  com os Estados Unidos, no combate à pandemia e tratamento das milhares de vítimas do ebola.  
Ou que a Espanha direitista de Mariano Rajoy, e não a Coreia do Norte, por exemplo, é o maior sócio comercial de Cuba.
Ou que há  poucos dias acabou em Havana a XXXIII FIHAV, uma feira internacional de negócios  com 4.500 expositores de mais de 60 países — aproximadamente 90% deles ocidentais — com a apresentação, pelo governo cubano, a ávidos investidores  estrangeiros, como os italianos, canadenses e chineses, de 271 diferentes projetos de infraestrutura, com investimento previsto de mais de 8 bilhões de dólares.
Radical, anacrônica, desinformada e mais realista que o rei, a minoria antidemocrática que vai, eventualmente, para as ruas e se manifesta raivosamente na internet querendo falar em nome do país e do PSDB, pedindo o impeachment da presidente da República e uma intervenção militar, ou dizendo que é preciso se armar para uma guerra civil, baseia-se na fantasia de que a nação está dividida em duas e que houve fraude nas urnas, mas se esquece, no entanto, de um "pequeno" detalhe:  quase um terço dos eleitores, ou mais de 31 milhões de brasileiros, ausentes ou donos de votos brancos e nulos, não votaram nem em Dilma nem em Aécio, e não podem ser ignorados, como se não existissem, quando se fala do futuro do país.
Cautelosa e consciente da existência de certos limites intransponíveis, impostos pelo pudor e pela razão, a oposição tem se recusado a meter a mão nessa cumbuca, fazendo questão de manter razoável distância desse pessoal.
Guindado, pelo voto, à posição de líder inconteste da oposição, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, por ocasião de seu primeiro discurso depois do pleito, no Congresso, disse que respeita a democracia permanentemente e que "qualquer utilização dessas manifestações no sentido de qualquer tipo de retrocesso terá a nossa mais veemente oposição. Eu fui o candidato das liberdades, da democracia, do respeito. Aqueles que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo político, não estão no nosso campo político".
Antes dele, atacado por internautas, por ter classificado de "antidemocráticas"  as manifestações pedindo o impeachment da presidente Dilma e a volta do autoritarismo, o sociólogo Xico Graziano, também do PSDB, já tinha afirmado que "a truculência dessa cambada fascista que me atacou passa de qualquer limite civilizado. No fundo, eles provaram que eu estava certo: não são democratas. Pelo contrário, disfarçam-se na liberdade para esconder seu autoritarismo".
E o vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman,  também negou, no dia primeiro, em São Paulo, que o partido ou a campanha de Aécio Neves estivessem por trás ou apoiassem — classificando-as de "irresponsáveis" — as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
É extremamente louvável a iniciativa do presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Côelho, de pedir a investigação e o indiciamento, que já estão em curso, pela Polícia Federal, com base na Lei do Racismo por procedência, dos internautas responsáveis pela campanha contra os nordestinos, lançada logo após a divulgação do resultado da eleição.
Mas, se essa campanha é grave, mais grave ainda, para toda a sociedade brasileira, tem sido a pregação constante, que já ocorre há anos, pelos mesmos internautas, da realização  de um Golpe de Estado, do assassinato e da tortura de políticos e intelectuais de esquerda, e de "políticos" de modo geral, além do apelo à mobilização para uma guerra civil, incluindo até mesmo a sugestão da compra de armas para a derrubada das instituições.
Cabe ao STF, ao Ministério Público, ao TSE, e aos tribunais eleitorais dos estados, que estão diretamente afeitos ao assunto, e à OAB, por meio de seus dirigentes, pedir, como está ocorrendo nos casos de racismo, a imediata investigação, e responsabilização, criminal, dos autores desses comentários, cada vez mais rançosos e afoitos, devido à impunidade, e o estabelecimento de multas para os veículos de comunicação, que os reproduzem, já  que na maioria deles existem mecanismos de "moderação" que não têm sido corretamente aplicados nesses casos.
A Lei 7.170 é  clara, e define como "crimes contra a Segurança Nacional e a Ordem Política e Social, manifestações contra o atual regime representativo e democrático, a  Federação e o Estado de Direito".
Há mais de 30 anos, pelas mãos de Tancredo Neves e de Ulisses Guimarães — em uma luta da qual Aécio também participou — e de milhões de cidadãos brasileiros, que foram às ruas, para exigir o fim do arbítrio e a volta do Estado de Direito, o Brasil reconquistou a democracia, pela qual havia lutado, antes, a  geração de Dilma Rousseff, José Dirceu, José Serra e Aluísio Nunes, entre outros.
Por mais que se enfrentem, agora, essas lideranças, não dá para apagar, de suas biografias, que todos tiveram seu batismo político nas mesmas trincheiras,  enfrentando o autoritarismo. 
Cabe a eles, principalmente os que ocupam, neste momento, alguns dos mais altos cargos da República, assumir de uma vez por todas sua responsabilidade na defesa e proteção da democracia, para que a Liberdade e o bom-senso não esmoreçam, nem desapareçam, imolados no altar da imbecilidade. 
Jornalistas, meios de comunicação, Judiciário, militares, Ministério Público, Congresso, Governo e Oposição, precisamos, todos, derrubar os pilares da estupidez, erguidos com o barro pisado, diuturnamente, pelas patas do ódio e da ignorância, antes que eles ameacem a estabilidade e a sobrevivência da nação, e da democracia.