segunda-feira, 30 de junho de 2014

O ouro de Kiev: para o Iraque?

buscado no Informação Incorrecta 

 

Na madrugada do passado dia 7 de Março, em segredo e no escuro da noite, do aeroporto de Borispol, em Kiev (Ucrânia), partia um grande avião, sem sinais de reconhecimento e com um forte escolta armada: estava carregado com 40 caixas de barras de ouro do Banco Central da Ucrânia.

A transacção foi anunciada pelo jornal russo Iskra, inicialmente negada pela Federal Reserve, mas o facto é que o avião rumou para os Estados Unidos.

Os meios de comunicação europeus não falaram do assunto (o lema é : melhor evitar problemas), apesar do grande apoio ao golpe de Estado e ao governo interino do primeiro-ministro Arseny Jatsenjuk. Afinal, aquele era o preço da "libertação" da Ucrânia?
Há dúvidas. 40 paletes cheias de barras de ouro são muito mais do que as reservas da Ucrânia. De acordo com o World Gold Council ("Conselho Mundial do Ouro"), em Fevereiro deste ano a Ucrânia detinha 42,3 toneladas de ouro guardadas nos cofres do banco central. Cada palete contém 290.400 onças de ouro, isso é:  3.6 toneladas por palete (150 milhões de Dólares). Portanto poucos mais do que 11 paletes teriam sido suficientes para transportar todo o ouro da Ucrânia (cerca de 1.5 biliões de Dólares).

Mas 40 paletes? 

Vamos em frente.
Poucas semanas depois, no dia 25 de Março, o Financial Times anunciava que o Iraque tinha comprado ouro. Quanto? 36 toneladas, no valor de cerca 1.5 biliões de Dólares. O Banco Central do Iraque informou na sua página internet que o ouro adquirido visa "o reforço da política monetária e da moeda (o Dinar) iraquianos". Iraque comprou 36 toneladas de ouro, antes já detinha 29.8 toneladas do mesmo metal, pelo que agora nos cofres de Baghdad há algo como 65,8 toneladas de ouro, pouco atrás do Brasil (67 toneladas) e acima do Paquistão (64.4) e da Argentina (61.7). Nada mal por um País desfeito.

No entanto, apesar de nenhum governo ter adquirido tanto ouro duma vez no últimos três anos, esta compra não tem gerado reacções sobre o preço do ouro. Quando no ano passado Chipre foi forçado a vender parte das suas 13,9 toneladas de metal, houve grandes convulsões nos mercados.

Desta vez, com uma operação quase três vezes maior, os mercados ficaram calmos, talvez por causa do sigilo com que a transacção foi realizada (a Reuters e o Financial Times confirmam a compra, mas não indicam a fonte), do choque dos especuladores da City de Londres por causa da manipulação de Tibor e Libor.
O ouro ucraniano foi comprado pelo Iraque? Sendo a Ucrânia agora um satélite dos Estados Unidos, a caminho da "libertação", e tendo sido Baghdad "libertada" pelos Estados Unidos há dez anos, é razoável suspeitar isso: o Iraque comprou o ouro da Ucrânia.

Dúvida: as 36 toneladas "vendidas" ao Iraq são na realidade uma forma com a qual os Estados Unidos entendem pagar o petróleo do País oriental? Porque no Iraque podem estar em crise, mas não são nada estúpidos: o Dólar hoje vale algo, mas no horizonte há nuvens carregadas de tempestade.
Também seria interessante saber se a Ucrânia recebeu 1,5 biliões de Dólares, o valor das suas reservas.

Finalmente, é necessário realçar a grande velocidade com a qual Washington desloca o ouro desde um País "libertado" até outro (tinha acontecido o mesmo com o ouro da Líbia) e o grande atraso demonstrado no regresso à Alemanha (33 toneladas de ouro por ano) das cerca de 1.500 toneladas supostamente detidas pela Federal Reserve em Fort Knox.

Interessante também seria saber com base em qual motivação o novo primeiro ministro da Ucrânia, Jatsenjuk, acha bem despachar as reservar áureas do País um par de dias depois de ter sido nomeado. eleito.

A única certeza é que os ucranianos foram denudados do ouro deles, e provavelmente para sempre.
Bem-vindos ao mundo ocidental.



Ipse dixit.

Fonte: Dietro il Sipario



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