quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Muro da vergonha



Lula foi preciso: ”Se continuar construindo na capital palestina, Israel está complicando a paz, quer que nos distanciemos da paz. Pedimos não apenas a retirada das 900 casas, mas de todas as atividades de construção nos territórios ocupados. Essas palavras não são nossas. Foram ditas pelo presidente Obama." “Enquanto não for destruído o muro erguido na Cisjordânia para anexar ilegalmente terras, e não forem garantidos aos palestinos os direitos de propriedade, de ir e vir, e de buscar saúde, educação e emprego, qualquer enunciado sobre a paz será apenas uma ironia semântica. Um discurso que admite a realidade do que é virtual, mas que não pode ser colocado no plano lógico daquilo que já tenha adquirido existência concreta.” – Lula – Luiz Inácio Lula da Silva.



A muralha começou a ser construída em 2002, durante o governo do primeiro ministro israelense, Ariel Sharon. A iniciativa suscitou críticas da comunidade internacional, que considera o muro como um símbolo de segregação.

O Tribunal Internacional de Justiça de Haia o declarou ilegal em 2004, pois a barreira corta terras palestinas e isola cerca de 450.000 pessoas. Ilegal, racista e transgressor. Com essas palavras a Corte Internacional de Justiça da ONU condenou o polêmico muro que Israel constrói entre seu território e a Cisjordânia, uma obra que pode tornar inviável a formação de um Estado palestino. Chamado de "muro da discórdia" pela imprensa internacional, sua construção vem causando polêmica nos quatro cantos do mundo e conta com a desaprovação explícita de toda comunidade internacional, excetuando os Estados Unidos e sua política pró-Israel. 


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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cabra marcado para morrer

 

buscado no Contexto Livre 

 

No Diário do Centro do Mundo

 

Um jornal australiano obteve um documento do governo americano em que Julian Assange e o Wikileaks são classificados como “inimigos do Estado”.
Assange no terraço da embaixada equatoriana em Londres
Assange no terraço da embaixada equatoriana em Londres
 
“Inimigos do Estado” é a mesma categoria em que estão catalogados o Talibã e a Al-Qaeda, por exemplo. Na prática, pela legislação de segurança americana, significa que eles podem ser presos sem processo formal por tempo indeterminado.
Podem também ser executados. Mortos. Eliminados. Como se estivéssemos vivendo o seriado 24 horas.
Onde, no Brasil, o repúdio à perseguição movida pelo governo americano a Assange? Ninguém se importa com ele? Algum colunista brasileiro o defendeu? Assange foi alvo de um único editorial? Ou, por criticar os Estados Unidos, ele não pode ser defendido?
Não só a perseguição americana já passou dos limites. Também a intransigência inglesa em não dar a ele salvo conduto para que pegue um avião rumo ao Equador vai passar para a história como um dos maus momentos da história recente do Reino Unido, em seu alinhamento com a política externa americana.
Assange está confinado na modesta embaixada equatoriana em Londres. Ontem, numa fala na ONU, o ministro das relações exteriores do Equador, Ricardo Patiño, alertou para os riscos físicos que Assange enfrenta em sua presente situação. Lembremos que o pretexto para isso é o sexo que duas suecas fizeram consensualmente com ele.
Por teleconferência, Assange também falou ontem num fórum da ONU. Como sempre, num gesto de elegância, falou menos de si mesmo e mais do soldado Bradley Manning. (Também numa atitude admirável, Assange recusou um prêmio de “liberdade de expressão” concedido pela editora argentina Perfil — que no Brasil é sócia da Abril na Caras — quando soube que também estava sendo homenageado um jornalista do Equador que recebe subvenções americanas e trata a patadas o governo constitucional de Rafael Correa.)
Manning é acusado de ter passado ao Wikileaks os documentos americanos que, entre outras coisas, mostravam a Guerra do Iraque como ela era e é, não como os Estados Unidos fingiam que era.
Manning está preso à espera de julgamento, e pode ser condenado à morte por traição. Até que ativistas fizessem pressão, ele foi submetido a condições degradantes numa cadeia militar americana. Estava privado de qualquer contato com outros presos, e durante boa parte do tempo era impedido de vestir qualquer roupa. Tecnicamente, como lembraram os ativistas, estava sob tortura contínua.
E agora: o mundo vai esperar o quê para gritar pela libertação de Assange? Que ele morra?
Paulo Nogueira

 
No Diário do Centro do Mundo


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Para que serve a tortura?

 

buscado no Direto da redação



Recife (PE) - Nesta quinta-feira, Contardo Calligaris na Folha de São Paulo deu à sua coluna o mesmo título desta agora. Diz ele:   
“O saco plástico do capitão Nascimento funciona. Os ‘interrogatórios’ brutais do agente Jack Bauer, na série "24 Horas", funcionam. E, de fato, como lembra ‘A Hora Mais Escura’, de Kathryn Bigelow, que acaba de estrear, o afogamento forçado e repetido de suspeitos detidos em Guantánamo forneceu as informações que permitiram localizar e executar Osama bin Laden.
Nos EUA, na estreia do filme, alguns se indignaram, acusando-o de fazer apologia da tortura. Na verdade, o filme interroga e incomoda porque nos obriga a uma reflexão moral difícil e incerta: a tortura, nos interrogatórios, não é infrutuosa -se quisermos condená-la, teremos que produzir razões diferentes de sua inutilidade”.
Antes de mais nada, vale ressaltar que há muito o cinema norte-americano naturaliza a tortura, a injustiça, a exclusão. Desde Hollywood ele tem sido sentinela avançado do modo capitalista, na propaganda dos valores da formação do homem norte-americano. De passagem, lembro um filme de Ford (sim, do grande Ford) em que John Wayne ouve a seguinte frase do empregado do hotel: "você e o cachorro sobem, mas o índio não". O que dizer de 007, por exemplo, em sua cruzada contra os comunistas? O que falar dos mexicanos e índios, sempre pintados como bandidos desde a nossa infância? O que dizer da ausência de interioridade nos personagens negros que apareciam em seus filmes, sempre em posição subalterna ou de pianista para o amor do casal romântico?
O fundamental é que no fim do texto Calligaris conclui:
“Uma criança foi sequestrada e está encarcerada em um lugar onde ela tem ar para respirar por um tempo limitado. Você prendeu o sequestrador, o qual não diz onde está a criança sequestrada. Infelizmente, não existe (ainda) soro da verdade que funcione. A tortura poderia levá-lo a falar. Você faz o quê?”.   
Esse é um recurso de justificativa da tortura é manjado. Seria algo como:
- Você é capaz de matar uma criança?
- Não, claro que não.
- E se a criança fosse uma terrorista?
- Crianças não são terroristas.
- E se ela estivesse domesticada, com lavagem cerebral, que a tornasse uma terrorista?
- Ainda assim, de modo algum eu a veria como uma terrorista.
- E se essa criança trouxesse o corpo cheio de bombas?
- Eu preferiria morrer a matá-la.
- E se essa criança, com o corpo de bombas, entrasse para explodir uma creche?
- Não sei.
- E se nessa creche estivessem os seus filhos e as pessoas que você ama?
- Neste caso...
E neste caso estariam justificados os fuzilamentos de meninos que atiram pedras em tanques de Israel. E neste caso, num desenvolvimento natural, estaria justificado até o assassinato dos que lutam contra a opressão, porque mais cedo ou mais tarde se tornarão terroristas. E para que não vejam nisto um exagero, citamos as palavras de Kenneth Roth, da Human Rights Watch: `Os defensores da tortura sempre citam o cenário da bomba-relógio. O problema é que tal situação é infinitamente elástica. Você começa aplicando a tortura em um suspeito de terrorismo, e logo estará aplicando-a em um vizinho dele` ".
É monstruoso, é um atestado absoluto do desprezo pela pessoa, que na mídia se discuta hoje não a moralidade da tortura, mas a sua eficiência. Esse deslocamento de humanidade – que sai da moral para descer no mais útil -  é sintomático de que não basta mais ser brutais em segredo, na privacidade, escondido. Não. Há de se proclamar que princípios fundamentais da barbárie sejam fundamentos de cidadania. Assim como os defensores  da ditadura têm a petulância de vir a público dizer que apenas se matavam terroristas, portanto, nada de mais; assim como o cão hidrófobo que leva o nome de Bolsonaro – e nesse particular, ele é da mesma raça e doença dos fascistas em geral – zomba sobre os cadáveres de socialistas, agora nas tevês, no cinema, passam à justificação moral da tortura.
Perigo à vista. Nós, os humanistas, temos adotado até aqui uma atitude passiva, ordeira, o que é um claro suicídio. Esse ar de bons-moços que andam pela violência como Cristo sobre as águas, além de suicídio, porque nos afundaremos todos,  é, antes do desastre,  um recolhimento da ética para os fundos que defecam.    
Entendam. Longe está este colunista da valentia e poderosas forças. Mas nós que não sabemos atirar balas ou socos,  temos que agir com as armas que a dura vida nos ensinou: escrevendo. E como temos sido omissos.  

OS ANTAS-OLÓGICOS

 

buscado no Gilson Sampaio 

 

Via Juntos Somos Fortes


“Os antas-ológicos são a mais ampla e nefasta ameaça a espécie humana, porque reproduzidos em série pelo capitalismo via tevê, mídia de mercado e acreditam piamento que o carro tem que dormir na cama ao seu lado e a mulher na garagem. São machistas”.

Laerte Braga


Obama não é, certamente. Pelo contrário. ANTAS-OLÓGICAS lembram aqueles nerds norte-americanos que entendem de tudo desde que haja um gibi do Superman por perto.No caso específico do Brasil é padrão é o filho de Eike Batista, Thor Batista. Deve se imaginar o próprio deus nórdico e seu martelo. Uma Ferrari (+a), martelo hoje para esse tipo de gente é outra coisa.
Podem ser o filho de Eike, ou os pistoleiros e policiais militares que assassinam camponeses em nome do “progresso” e do aumento da produtividade dos transgênicos, seguido de desmatamento.
Aécio Neves é anta-ológico. Se for solto no centro de Belo Horizonte e não tiver um guia não chega em casa. Não conhece a capital mineira.  Numa solenidade de entrega da medalha da Inconfidência, em Ouro Preto, em 2010, mais de um jornalista ouviu a governanta Andréa Neves dizer alto e bom som que “se eu não tomar conta dos negócios o Aecinho joga tudo fora”
.
Isso tem um reflexo largo no todo da sociedade. Por exemplo, o filho de um criminoso no Espírito Santo, solto por vários habeas corpus suspeitos, que escreve descansar assim “descançar”, quando acuado, os neurônios já atingidos pelas drogas, proclama que está cheio de “fartos documentos para prova”. Passou no vestibular da faculdade do pai.
Vai esperar o correr do tempo para pegar o diploma e pronto.
José Serra é mais que anta-ológico, é mistura de anta com crocodilo e cascavel, um tipo de ornitorrinco diferente dos anta-ológicos normais. Darwin não teve tempo de descrevê-los, ateve-se a Galápagos principalmente e concentrou-se nos ditos irracionais. Não percebeu os dito “racionais”.
Gilmar Mendes, por exemplo, não é anta-ológico, pelo contrário, é espertíssimo, escreve corretamente e dá nó em pingo d’água.
O capitalismo tem um trem engraçado. Obesas não gostam de sair às ruas com receio de serem vistas como carta fora do baralho. Aí abraçam causas tipo piedade e salvem as bandeiras não importa do que seja, ou de quem sejam.
Um tipo da blogueira cubana que está circulando pela País ao estilo Susane Labin, amiga Carlos Lacerda e veio testemunhar, antes de 1964 que comunistas assavam e comiam crianças e matavam velhos. Crianças hoje morrem à míngua na África, velhos nas filhas da saúde pública.
Foi quando descobriram a bi-polaridade.
O último tipo de anta-ológico que conheci refugia-se no dinheiro do papai, não tem quase mais neurônios, mas tem “fartos documentos”, de que ninguém sabe. É outra mania, têm provas de tudo que ao final não provam coisa alguma até porque não provam nada que não seja a “nerdice”, digamos assim.
Pior, aos sábados e domingos têm mania de entender de carne para o churrasco melhor que gaúcho.
Os antas-ológicos são a mais ampla e nefasta ameaça a espécie humana, porque reproduzidos em série pelo capitalismo via tevê, mídia de mercado e acreditam piamento que o carro tem que dormir na cama ao seu lado e a mulher na garagem. São machistas.
Se um anta-ológico sai numa coluna social como benfeitor de qualquer coisa, recorta edições e mais edições do jornal, espalha pelo seu círculo inteiro e se coloca num altar de barro na expectativa que as pessoas se ajoelhem e digam Manitu, Manitu.
Nem todo anta-ológico é mau caráter, evidente. Mas boa parte resvala para esse caminho e de um modo geral são edipianos. Se atrelam às mães como se amantes fossem.
O risco é oferecer uma mamadeira e depois uma chupeta. Pegam de primeira.
Álvaro Dias e um anta-ológico que evoluiu para a peruca. Sérgio Cabral já preferiu evoluir para Luciano Huck e evoluir aqui é modo de dizer, no duro mesmo é involução.   Geraldo Alckimin para a OPUS DEI e vai por aí afora.
Quando Guilherme Figueiredo escreveu o TRATADO GERAL DOS CHATOS estava tratando de uma significativa parcela de antas-ológicos. Hoje está de tal ordem disseminada a “categoria” que a turma dos documentos fartos e do “descançar” ameaça tomar conta do mercado. Planeta dos Macacos na certa.
Nesse caso estaremos sob a égide de uma legião de Bush e de especialistas em churrascos e fartos documentos.
E haja saco! Por serem o que são, na regra geral são covardes.



Tratado Geral dos Chatos


buscado no Bar do Bulga
 
Tempos atrás descobri num sebo o “Tratado Geral dos Chatos” escrito pelo Guilherme Figueiredo, irmão do João Batista Figueiredo, aquele cara que foi presidente da república. Nunca mais vi o livro, mas graças à internet recuperei algumas pérolas. Veja em que categoria de chato você se enquadra.
Hamletianos:
Desastrados bem-intencionados. O autor se inspirou no personagem de Shakespeare que assassinou seu empregado Polônio sem querer, levou a bela Ofélia à loucura sem intenção e acabou matando todos os amigos e a própria mãe. Mas não foi por mal.



Catalítico:
Aqueles que não precisam fazer nada para serem chatos. Sua simples presença basta. Mesmo sem se moverem ou falarem, emitem partículas de chatice que giram ao seu redor, os chamados anéis de Chaturno.

Vivissectólogos:
Aqueles que não conseguem contar um caso sem fazer uma digressão, sem voltar atrás, sem entremear uma história com outra. Para falar de uma salada de frango, têm que mencionar o nome do dono da granja.

Tartufoclocos:
Instalam-se na casa alheia. Exemplos: parentes do interior, cunhados, sogras e amigos de infância. Inspirado em dois personagens inconvenientes da história do teatro, Tartufo, de Molière, e Clo-Clo, de Marcel Achard.

Postulantes:
Os que têm sempre uma encomenda a fazer, seja uma peça para o computador ("Já que você vai mesmo a Nova York") , seja um cigarro para fumar depois.

Ofertantes:
Aparentemente, são o oposto da categoria acima. Dizem sempre "Você manda, não pede", e "Disponha sempre!" Mas depois emendam "Isso eu não posso fazer. Quem sabe numa próxima?"

Catequéticos:
Os que tentam nos catequizar. O tempo todo querem converter-nos à sua religião, ao seu partido, ao seu time de futebol, ao seu esporte preferido.

Pirotécnicos:
Identificáveis por expressões do tipo: "Como vai essa força?!" Dão muitos abraços, tapas nas costas e usam pontos de exclamação em toda as frases!

Artesanais:
Estão sempre dispostos a consertar qualquer coisa, sejam lâmpadas, isqueiros, relógios ou computadores. Irritantemente habilidosos.

Faisões:
Usuários compulsivos do pronome "eu". Só sabem falar de si mesmos.

Confidenciais:
Os que pensam saber as notícias de primeira mão. Geralmente seguram você pela ombro e contam coisas óbvias, que todo mundo já sabe.

Otelos:
Têm ciúme em excesso, e não só do cônjuge, mas também dos amigos. Ficam ofendidos quando não são chamados para um almoço ou um cinema, mesmo que não pudessem ir.

Dom-juanescos:
Paqueradores compulsivos, costumam se gabar de suas conquistas com os amigos

Iagos:
São invejosos e escolhem uma vítima - escritor, músico ou político - para alvo permanente. Muitos críticos profissionais pertencem a esta categoria.

Sursumcordistas:
Fazem promessas. Invariavelmente otimistas, dizem coisas como "A coisa vai melhorar".

Gratitudinenses:
Sempre lembram que você lhes deve algo. Suas frases típicas são "Troquei muito a sua fralda" e "Ajudei muito o seu pai quando ele estava em dificuldade". O duro é quando o gratitudinense é também postulante.

Logotécnicos:
São os que gostam de falar palavras difíceis, termos técnicos ou trocadilhos.Como você deve ter percebido por essa classificação, é nesta categoria que se enquadra o autor do livro, embora ele mesmo não soubesse disso.

Interchatos
Essa é por conta do Bar do Bulga. São os que se utilizam da internet para fazer uso de sua chatice. Quer coisa pior do que receber aqueles trabalhos em powerpoint, cheios de imagens de gosto duvidoso, com texto de terceira categoria e com uma musiquinha brega no fundo, tentando nos dar lição religiosa, de moral ou de chatice?



sábado, 23 de fevereiro de 2013

12 Animações de obras literárias clássicas



Buscado no Peculiarizar



Abaixo, pequena seleção de animações de obras literárias clássicas para você se deleitar.

O que é interessante observar:


Se você já leu a obra:


  •  Atenção para a estética, a técnica, a linguagem adaptada, o roteiro.

Se você ainda não leu:


  •  Atenção! Um filme nunca substitui um livro. Um filme é a visão de alguém numa linguagem adaptada para aquele gênero literário. Convém ler o livro também!

Se você tem alguma resistência ao fato de os vídeos serem em outros idiomas:


  • Em alguns vídeos, há a possibilidade de configurar a legenda;
  • Aproveite a oportunidade de treinar seu conhecimento sobre idioma;
  • Busque o vídeo com legendas em outros canais;
  • Busque ferramentas de tradução. 


Crime e Castigo – Dostoievski




Alegoria da Caverna – Platão




Édipo Rei (estrelado por vegetais) –  Sófocles


.


Romeu e Julieta – Shakespeare




The diaries of Franz Kafka – Kafka





Médico Rural – Kafka




Steppenwolf – Herman Hesse



O velho e o Mar - Ernest Hemingway





Contos italianos – Italo Calvino




“I Started Early–Took My Dog” - Emily Dickinson




“The Family That Dwelt Apart” - E.B. White




The Giving Tree – Shel Silverstein





(Via

A FUNARTE E A ESTÉTICA DA MÍDIA

 

buscado no trezentos

 




Por Carlos Henrique Machado Freitas

“Faz-se necessário urgentemente que a arte retorne às suas fontes legítimas. Faz-se imprescindível que adquiramos uma perfeita consciência, direi mais, um perfeito comportamento artístico diante da vida, uma atitude estética, disciplinada, livre, mas legítima, severa apesar de insubmissa, disciplina de todo o ser, para que alcancemos realmente a arte. Só então o indivíduo retornará ao humano. Porque na arte verdadeira o humano é a fatalidade”. (Mário de Andrade – O Baile das Quatro Artes)

Tem uma cabeça de mídia enterrada na Funarte, isso é indiscutível. O fato concreto é que a Funarte – que já foi uma das instituições mais importantes da cultura brasileira – hoje tem como objetivo buscar soluções nos materiais manufaturados da indústria cultural. Não há qualquer perspectiva de valor desde a época em que Ferreira Gullar presidiu esta instituição. Nos últimos dez anos, por exemplo, a Funarte vem sendo presidida de forma ininterrupta, por atores da Globo e, consequentemente o radar da cultura de mídia acaba se instalando no ponto mais alto da Fundação Nacional das Artes. E a história não mente, vivemos desde a gestão de Gullar até os dias atuais, com Grassi, Frateschi, Mambert e, novamente Grassi em uma história cheia de pretensões, cobiças que povoaram a Funarte como valores supremos e a jogou num território deserto de ideias.
Na verdade esta instituição que, na década de 1980, realizava uma audaciosa política e com uma eficácia extraordinária, dentro dos quadrantes do entendimento do mercado cultural trazido pelos seus presidentes, todos profissionais a serviço da mídia hegemônica, efetivamente nenhuma possibilidade foi criada para se inaugurar novas relações e ações com a nova produção cultural e, muito menos com as novas ideias dos grandes intelectuais brasileiros. Tanto que não conseguimos ver perspectiva de futuro para a instituição, tal o caldo previsibilidade que tão somente combina técnicas de editais com liberação de verbas. Ninguém hoje pensa ousadamente, na Funarte, em buscar soluções no contexto universal da cultura brasileira. O que se vê é um relativismo celebralista que, se não faz com que reconheçamos mais como ações do Estado com objetivos específicos de valorizar as artes brasileiras, esse sistema artificial definido pela relação entre a instituição e a mídia, tem objetivos apenas na ordem material.
O uso triunfalista do Projeto Pixinguinha subordinado a interesses de grupos fechados acabou por ser utilizado, nessa sua retomada, somente para criar expectativas e fabricar slogans com significação muito mais pessoal que algo que pudesse assegurar um sentido novo à filosofia do que foi, na nascente, esse grande projeto. E isso se revela uma grande contradição.
Agora mesmo assistimos a um enorme paradoxo, quando indiscutivelmente a Ministra Marta Suplicy busca a valorização da cultura negra. Com um olhar diferente de sua antecessora, Marta promove a “Capacitação para os Editais de Cultura Negra do MinC/Seppir”. Sem dúvida é uma iniciativa que merece aplausos, mas ciente dos paradoxos desse sistema de editais, não podemos deixar de tentar provocar uma reflexão.
Pergunto: é esta a forma de se incentivar a participação da cultura negra nas relações do Estado e sociedade? Essa discussão tem que ser feita porque, sinceramente o fino da observação nos mostra que jamais esse universo extraordinariamente rico proveniente das matrizes africanas de nossa cultura vai se entregar à fúria de um sistema de editais. Como dizia Paulo Freire, burocratizar as mentes desse universo.
O Estado tem que parar de se espelhar no setor corporativo. Ao contrário disso, através da intimidade de grandes pensadores, a Funarte deveria inverter a ordem, identificar o que existe de mais rico nessa cultura autônoma de personalidade excepcional para criar uma aproximação numa nova elaboração estética entre o Estado e a sociedade. É disso que estamos precisando, de uma gestão que explique, que ilumine, que revele biografias de grandes artistas pela riqueza que eles produzirem e não no transe corporativo que vive do anonimato de uma mesa de comissão técnica que é um poço de contradições diante da realidade cultural brasileira.
A atividade criadora corresponde à parte essencial de nossa personalidade. E jamais se deixará levar pelo jogo de contradições e coincidências entre as cartas elaboradas pelos lampejos tecnocráticos e a política cultural de cunho patriarcal.
E se hoje, a Funarte não consegue sequer criar grandes tensões entre ela e o território artístico brasileiro, é porque está consolidado o exílio do que temos de síntese da criação contemporânea brasileira no mundo das artes.
É fundamental a tomada de consciência sensitiva sobre isso. O Estado não pode ser concorrente da sociedade. A cultura brasileira não cabe na lógica de comissão examinadora que já nos massacra pela Lei Rouanet, via departamentos de marketing e editais corporativos. Por isso, a Funarte hoje, diante de seu próprio retrato, é apenas um quarto de dormir.


“Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado e encaixotado; é só prover os alforges da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade”. (Teoria do Medalhão – Machado de Assis).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A ilha, seu povo, seu sonho


buscado no Gilson Sampaio  

 

Via Jornal do Brasil



Mauro Santayana

Podemos  discordar do regime político de Cuba, que se mantém sob o domínio de um partido único. Mas é preciso seguir o conselho de Spinoza: não lisonjear, não detestar, mas entender. Entender, ou procurar entender. A história de Cuba — como, de resto, de quase todo o arquipélago do Caribe e da América Latina — tem sido a de saqueio dos bens naturais e do trabalho dos nativos, em benefício dos colonizadores europeus, substituídos depois pelos anglossaxões.
E, nessa crônica, destaca-se a resistência e a luta pela soberania de seu povo não só contra os dominadores estrangeiros mas, também, contra  seus vassalos internos.
Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano
Já se tornou  luga-comum lembrar que, sob os governos títeres, Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano. A legislação, feita a propósito, era mais leniente, não só com o lenocínio, e também  com o jogo, e os mais audazes gangsters de Chicago e de Nova York tinham ali os seus negócios e seus retiros de lazer. E mais: as mestiças cubanas, com sua beleza e natural sensualidade, eram a atração irresistível para os entediados homens de negócios dos Estados Unidos.
A Revolução Cubana foi, em sua origem, o que os marxistas identificam como movimento pequeno burguês. Fidel e seus companheiros, no assalto ao Quartel Moncada — em 1953, já há quase 60 anos — pretendiam apenas derrocar o governo  ditatorial de Fulgencio Batista, que mantinha o país sob cruel regime policial,  torturava os prisioneiros e submetia a imprensa a censura férrea. A corrupção grassava no Estado, dos contínuos aos ministros. O enriquecimento de Batista, de seus familiares e amigos,  era do conhecimento da classe média, que deu apoio à tentativa insurrecional de Fidel, derrotada então, para converter-se em vitoria menos de seis anos depois. Os ricos eram todos associados à exploração, direta ou indireta, da prostituição, disfarçada no turismo, e do trabalho brutal dos trabalhadores na indústria açucareira.
Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
Os americanos, sob o festejado Kennedy — que o reexame da História não deixa tão honrado assim — insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan: Kruschev retirou os mísseis de Cuba, e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba — mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana. Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos — e Cuba pagou a fatura com o embargo.  
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenin  e os companheiros de Mao. 
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes,  premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais. É assim que visita o país a dissidente Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano) e é reverenciada pelos setores de direita. Ocorre que ela não é tão perseguida em Havana como proclama e proclamam seus admiradores. Tanto assim é que, em momento delicado para a Ilha, quando só pessoas de confiança do regime viajavam para o exterior, ela viveu dois anos na Suíça, e voltou tranquilamente para Havana.
É sabido que Yoani Sánchez mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikeLeaks. Há mais, ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com (citado por Altamiro Borges em seu site), em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja dispõe de sete vezes mais  seguidores do que Yoani. Há mais: ela afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado.  O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.
Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano) é reverenciada pelos setores de direita
Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures. Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países. O problema de Cuba é dos cubanos, que irão resolvê-lo, no dia em que não estiverem mais obrigados a se defender da intervenção dos estrangeiros, que vêm sofrendo desde que os espanhóis, ainda no século 16, ali se instalaram.  Foram substituídos pelos Estados Unidos, depois da guerra vitoriosa de Washington contra o frágil governo da regente Maria Cristina, da Espanha.  Enfim, o generoso povo cubano, tão parecido com o nosso, não teve, ainda, a oportunidade de realizar o seu próprio destino, sem as pressões dos colonizadores e seus sucessores.
Dispensamos os conselhos da senhora Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo.  Dispensamos seus avisos mal-educados e prepotentes, e esperamos que  seja festejada pela direita de todos os países que visitará, à custa de seus patrocinadores (como o Instituto Millenium), iludidos pelo seu falso prestígio entre os cubanos.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Censura: Cuba faz o que as multinacionais farmacêutica estão proibidas






buscado no Boilerdo  





Tradução do Google-Original aqui







Cubsaúcerca de 8 milhões de pessoas (2). No entanto, os meios de comunicação internacionais têm quase completamente ignorado.

Em 2012, Cuba patenteou a primeira vacina terapêutica contra o câncer de pulmão avançado no mundo, o Cimavax-EGF (3). E em janeiro de 2013 anunciando a Racotumomab segunda chamada (4). 86 países ensaios clínicos mostram que essas vacinas, mas não curam a doença, atingir a redução de tumores e fornecer uma fase estável da doença, aumentando a expectativa de vida e de qualidade.

O Centro de Imunologia Molecular de Havana, que  pertence ao Estado cubano, é o criador de todas estas vacinas. Já em 1985, desenvolveu a vacina contra a meningite B (5), única no mundo, e outros mais tarde, como aquelas contra a hepatite B ou dengue (6). Além disso, a investigação durante anos para desenvolver uma vacina contra a SIDA (7). Outro centro de Estado cubano, laboratórios LABIOFAM, também desenvolve o câncer homeopática: Vidatox é o caso, feito a partir do veneno de escorpião azul (8).

Cuba exporta esses medicamentos para 26 países, e participa de joint ventures na China, Canadá e Espanha (9). Tudo isso completamente quebra um estereótipo muito difundido, reforçado pelo silêncio da mídia sobre a evolução de Cuba e de outros países do Sul: vanguarda pesquisa médico-farmacêutica ocorre apenas nos países chamados "desenvolvidos".

Sem dúvida, o desempenho da economia cubana alcançou vendas internacionais desses medicamentos (10). No entanto, sua filosofia de pesquisa e marketing está em desacordo com a prática de negócios da Big Pharma.

O Prêmio Nobel de Medicina Richard J. Roberts denunciou recentemente as empresas farmacêuticas para orientar a sua investigação não cura a doença, mas o desenvolvimento de medicamentos para doenças crónicas, mais financeiramente rentável (11). E ele apontou para as doenças dos países mais pobres por causa da baixa rentabilidade, simplesmente não investigados. Assim, 90% do orçamento da investigação é atribuída a doença 10% da população mundial.

A indústria médico-farmacêutica pública de Cuba, ainda permanece uma importante fonte de divisas para o país, governado por princípios radicalmente opostas.

Em primeiro lugar, as suas investigações visam, em grande parte, o desenvolvimento de vacinas que previnam a doença e, consequentemente, diminuir as despesas de drogas da população. Em um artigo na prestigiosa revista Science, pesquisadores da Universidade de Stanford (Califórnia) Paulo de Drenagem e Barry Michele afirmou que Cuba obtém melhores indicadores de saúde que os EUA gastam até 20 vezes menos (12). O motivo: a ausência, no modelo cubano de pressões comerciais e incentivos de empresas farmacêuticas, e uma estratégia bem-sucedida de educar as pessoas sobre a prevenção da saúde.

Além disso, as terapias naturais e tradicionais, como a fitoterapia, acupuntura, hipnose e muitos outros, não lucrativas práticas para fabricantes de medicamentos, são construídas por anos no sistema de saúde público e gratuito da Ilha (13) .

Enquanto isso, em Cuba os medicamentos são distribuídos, em primeiro lugar, na rede hospitalar pública nacional, gratuitamente ou altamente subsidiado, justamente, graças aos ganhos de divisas provenientes das exportações (14).

Indústria farmacêutica cubana também se destina apenas ao orçamento de publicidade despesas que, no caso da multinacional, é superior mesmo ao investido na pesquisa propriamente dita (15).

Por último, Cuba promoveu a produção de medicamentos genéricos disponíveis para os países pobres e da Organização Mundial de Saúde, a um preço muito inferior ao da grande indústria mundial (16).

Mas estes acordos, não de mercado regras, gerar fortes pressões da indústria farmacêutica.Recentemente, o Governo do Equador a Cuba anunciou a compra de uma série de medicamentos, "reciprocidade" pelas bolsas equatorianos estudantes em Cuba e para o apoio de especialistas cubanos no "Manuela Espejo" para deficientes (17 ). Protestos da Associação Equatoriana de Laboratórios Farmacêuticos imediatamente se tornou campanha de mídia, espalhando a mensagem da pretensa qualidade pobre de drogas cubanos (18).

Além disso, muitos analistas por trás do golpe em Honduras, em 2009, a indústria farmacêutica internacional de grande porte, como o governo do deposto Manuel Zelaya, no âmbito do acordo ALBA, destinada a substituir a importação de medicamentos de multinacionais pelo cubano genérico (19).

O bloqueio dos EUA contra Cuba, imposto obstáculos para comercialização internacional de produtos farmacêuticos cubanos, mas também prejudicar diretamente a cidadania dos EUA. Por exemplo, 80.000 pessoas com diabetes que sofrem neste país a cada ano, a amputação de dedos dos pés, não pode acessar o P vacina Heperprot cubano que impede precisamente (20).

O Prêmio Nobel de Química Peter Agre, declarou recentemente que "Cuba é um grande exemplo de como integrar o conhecimento científico e de investigação" (21). Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO, disse que ficou "muito impressionado" com os avanços científicos de Cuba e mostrou a vontade da Organização das Nações Unidas, em promovê-los em todo o mundo (22). A pergunta é inevitável: com o imperativo de colaboração para os meios de comunicação internacionais de divulgar?









segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Como fazer fortuna roubando dos outros: os piratas de Hollywood

buscado no baixa cultura 

 


Olhe bem pra essa foto p&b com esses senhores sisudos e bem vestidos. São integrantes da Motion Picture Patents Company, o primeiro grande truste de estúdios de cinema dos Estados Unidos. Entre as nobres figuras está Thomas Edison, empresário/inventor de mais de 2 mil patentes. Data: 1908.

Um ano antes, Thomas Edison – que mais do que inventor, foi um patenteador – tinha ganho na corte dos EUA o  monopólio de exploração de uma novidade tecnológica: o cinetógrafo, na época a primeira câmera de cinema bem-sucedida. Esse monopólio significava que qualquer câmera de cinema igual ao cinetógrafo que estivesse rodando nos Estados Unidos tinha que ter permissão do senhor Edison para funcionar.
Até então, o assédio de Edison sobre os fabricantes ou distribuidores “não autorizados” de sua máquina eram bem conhecidos. O apoio jurídico foi o que ele esperava para criar a MPPC, um cartel de patentes composto das principais empresas da película e fornecedores da época, principalmente de Nova York, a meca do cinema do cinema mudo do início do século.

Patente do cinetógrafo, por Edison

Como se esse tipo de controle não fosse suficiente, a MPPC fundou outra companhia, chamada “General Film Company“, cujo objetivo era adquirir todo o estoque de filmes do país e bloquear a importação de filmes estrangeiros. Em 1911, a General Film adquiriu 68 “sacos” de distribuição de filmes e negou a licença para outras 11, segundo informa este livro.
Foi o que bastou para uma das empresas afetadas se rebelar. A ”Greater New York Film Rental Company” optou por não vender nem aceitar o preço de Edison. O proprietário era um empresário de origem húngara que tinha começado no negócio em 1904, com a compra de uma empresa no Brooklyn por 1 600 dólares – e que, anos depois, seria dono de um império de 400 milhões de doletas. Seu nome era William Fox.

Adolph Zukor (Paramount), William Fox (Twenty Century Fox), Carl Laemmle (Universal), Samuel Goldwyn (MGM), William Wadsworth Hodkinson (Paramount)

Eufemismos

Desafiando Edison e seus amigos da MPPC, um grupo de donos de sala de cinema e produtores decidiu ignorar o monopólio e a lei. Ainda que a MPPC produzisse filmes num ritmo alucinante de um por semana em seus estúdios, Fox e seus comparsas achava que havia um mercado muito maior, para qual essa oferta não era suficiente.
Muitos desses empreendedores do cinema se chamavam de “independentes” para se diferenciar da turma de Edison. Mas estes claramente poderiam ser chamados de “ilegais”, ou “piratas”, ou “ladrões de propriedade intelectual”, segundo os parâmetros da época, porque não pagavam royalties pelas patentes nem pediam permissão para usar o invento dos outros. Ainda fabricavam equipamentos “ilegalmente” e mantinham uma rede de distribuição de filmes clandestina. Por conta da perseguição que sofriam, resolveram fugir de Nova York e da sanha gananciosa da turma de Edison.

Nasce Hollywood

Os exibidores, produtores e diretores “independentes” tinham por objetivo fugir da Big Apple e se estabelecer a uma distância razoável da cobrança de royalties dos advogados da MPPC. O lugar encontrado foi do outro lado do país, um subúrbio de 5000 habitantes chamado Hollywood, a 4500 km de NY – convenientemente próximo da fronteira com o México, caso precisassem fugir de novo.
O resto é conhecido. Longe da sanha patenteadora de Edison e da MPPC, o grupo de “independentes” fundou os principais estúdios de cinema dos Estados Unidos – Fox, Warner Brothers, Universal, Paramount, MGM. E os que se mantiveram sob a guarda da tecnologia de Edison morreram esquecidos com seus estúdios – “Biograph Studios”, “Essanay Film Manufacturing Company”, “Kalem Company”.
Este mesmo grupo de independentes que criou Hollywood está atualmente na linha de frente de outro grupo que você conhece muito bem, a Motion Picture Association of America (MPAA). Um século atrás eles fugiram para evitar pagar royalties para o “dono da propriedade intelectual” de câmera de cinema, inovação técnica que tinha permitido todo o seu negócio. Hoje, caçam “piratas” que ousam distribuir e usufruir de seus produtos sem autorização pela internet.
E a história se repete: novos empreendedores, agora do ciberespaço, fogem dos advogados de Hollywood para não pagar pelo conteúdo dos estúdios/gravadoras, ou distribuir estes mesmos produtos via P2P. Mas, depois de um século de globalização, parece que não há mais distância suficientemente segura, pelo menos não dentro da terra.


Paralelismos

Em 1920, quando a polícia dos EUA chegou ao Oeste para investigar as empresas instaladas em Hollywood, as patentes de Edison estavam por expirar. Isso porquê, naquela época, as patentes duravam 17 anos. Isso mesmo: 17 anos. O copyright do início do século passado (tanto nos EUA quanto em outros países) lidava com um período bem mais razoável do que os de agora: 14 anos desde a data de publicação. Hoje são absurdos 70 anos após a morte do autor para a obra entrar em domínio público. E pode ser mais, se o governo dos EUA ceder de novo a armadilha Disney.
Durante os anos de vigência das patentes de Edison, Hollywood ganhou fortunas “com o trabalho intelectual de outros” sem pagar um centavo de royalties. Um século depois, casos como o do Megaupload – em que Kim Dotcom ganha fortunas com publicidade em arquivos digitais –  servem também para dizer pra Hollywood o quanto eles estão perdendo dinheiro em caçar estes “piratas”, e não roubar seus modelos de negócio.
Outro paralelo entre os dois casos é a conclusão de “é fora do monopólio que se incentiva a inovação“. Assim como as start-ups inovadoras de hoje, que não raro exploram o mercado do cinema na rede desafiando o monopólio de Hollywood, a constatação dos “independentes” que fugiram de NY não foi só tecnológica, mas de mercado: encontraram formas de criar audiências para filmes mais sofisticados e longa-metragens, convertendo assim o cinema em algo massivo e rentável. Coisa que Edson e a MPPC não conseguiram fazer em Nova York.


O esquema produtivo de Hollywood

W. W. Hodkinson é conhecido como “o homem que inventou Hollywood“. Foi ele que organizou uma forma de comercialização vertical entre estúdios, produtores e exibidores que permitiu a produção de longa-metragens e a distribuição em larga escala. Potencializou também o marketing no cinema e implementou o sistema de promoção conhecido nos meios teatrais, o “star system”, em que um reduzido grupo de estrelas garantiam o êxito dos filmes.
Como outros, Hodkinson esteve com Edison na MPPC, mas teve resistência em aplicar suas ideias. Em 1912, estabeleceu contato com os “independentes”, em especial com Adolph Zukor, com quem fundaria em 1914 a Paramount Pictures.



Na clandestinidade

Carl Laemmle (na foto acima) foi outro dos personagens desta saga de renegados. Laemmle começou com um “nickelodeon“, como se chamavam os pequenos cinemas de bairro no início do século, mas logo cresceu e comprou uma distribuidora de filmes. Passou então a querer comercializar filmes estrangeiros, e aí a fúria do truste de Edison o impediu.
O caminho foi a clandestinidade: fundou a “Independent Moving Pictures”que reuniu vários estúdios descontentes de Nova York, e teve em seu primeiro filme, ““Hiawatha” , de 1914,  um sucesso considerável na época.
Em um artigo do New York Times de 1912, Laemmle relatou alguns dos percalços para conseguir filmar “fora da lei”. A MPPC leu o texto e, em represália, entrou com uma representação contra o empresário, alegando que a máquina que usava para fazer filmes (acima) infringia as patentes da época. Foi o que bastou para Laemmle seguir para Hollywood e fundar a hoje poderosa Universal Pictures.

 
Mudanças de nome

Schmuel Gelbfisz é o último personagem dos “independentes” que destacamos aqui. De origem polonesa, Gelbfisz primeiramente emigrou para a Inglaterra e lá passou a se chamar “Samuel Goldfish”. Em 1898 chegou a Nova York e em 1913, junto com seu cunhado Jesse Lask (futuro co-fundador da Paramount), ingressou na produção de filmes. Assim como os outros, fugiu para Hollywood, onde esteve vinculado a Paramount durante alguns anos, até trocar de nome outra vez e, com ele, criar sua própria companhia: Samuel Goldwyn Pictures, que seria comprada pela Metro Pictures Corporation e passaria a se chamar “Metro-Goldwyn-Mayer” – a famosa MGM do leão que ruge.

Notas:1] Desnecessário dizer que “os independentes” em alguns anos se tornaram os grandes estúdios e um novo monopólio foi criado, que teve de ser desafiado na década de 1940 por gente como Orson Welles, Walt Disney ou Charles Chaplin, que formariam a United Artist… mas isso é outra história.
2] Texto traduzido/adaptado/remixado do Taringa. As fotos são de lá também, exceto Hollywood,  MGM, KIm Dotcom



Era uma vez um império que fazia cinema




buscado no Cappacete 

 

 

Ao contrário da época em que o Oscar foi criado, em 1929, e sobretudo do período após a Segunda Guerra, hoje Hollywood padece da mesma anemia de poder que se apoderou do império norte-americano. Embora não tenha deixado de impor valores culturais ao mundo, o glamour de suas estrelas já não brilha como antes, e seu modelo de narrativa já não produz tanto impacto.


Buenos Aires - Os prêmios do Oscar foram entregues pela primeira vez em 16 de maio de 1929. O contexto político e social não poderia ser mais significativo: faltando poucos meses para o grande crash de outubro daquele ano, os Estados Unidos estavam montados na maior bolha especulativa de sua história, a Europa era agitada por crises políticas e a periferia do mundo pouco sabia do significado da palavra Hollywood - ainda que muitos já percebessem no que consistia aquele novo poder norte-americano.

O prêmio de melhor filme foi vencido por Wings, um melodrama de William Wellman sem importância hoje, mas cuja história é reveladora do papel desempenhado pelo cinema norte-americano na maior parte do século XX. O filme conta a história de dois homens (Jack Powell e David Armstrong) que disputavam o amor de uma mesma mulher (Jobyna Ralston), até que a Segunda Guerra Mundial estourasse e os sentimentos patrióticos superassem as disputas amorosas. No final todo mundo acaba feliz, os homens compreendem que nenhuma mulher vale mais do que a amizade desenvolvida por eles na guerra e que matar o inimigo é mais importante do que qualquer zelo doméstico.

Desde que formulou uma extraordinária maneira de narrar histórias, no início do século XX, com base na síntese extrema dessas histórias, na maior importância das imagens do que do texto, e na construção de heróis facilmente assimilados, o cinema americano cumpriu dois papéis políticos vitais: enviou uma mensagem de unidade nacional para a conturbada América da época, construindo uma poderosa mitologia patriótico, e estabeleceu um modelo ideal de narrativa, repleto de densos valores morais, a se tornou o padrão de contas histórias na periferia do mundo. O novo império político e econômico havia encontrado no cinema um instrumento de poder mais suave e de primordial importância.

Ao glamour de novas estrelas, que começaram a brilhar mais fortemente com filmes os sonoros dos anos 30, se opôs, a partir de 1933, uma história muito mais crua e menos suave: a propaganda nazista delirante orquestrada por Joseph Goebbels. Como Hollywood, Goebbels também pretendia criar heróis e celebrar os valores patrióticos - mas sem levar em conta que os principais recursos artísticos alemães haviam rumado para o exílio e estavam à disposição dos EUA. Iluminadores, atrizes, diretores, muitos dos grandes mestres de esplendor preto e branco do cinema norte-americano nos turbulentos anos 40 haviam vindo da Alemanha para deixar uma forte marca estética em Hollywood.

A história americana se torna tão poderoso, especialmente após a vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, que não demora para se tornar o modelo por excelência e ser copiado pela incipiente indústria cinematográfica da periferia, especialmente na América Latina. Para perceber essa influência, basta o exercício de se olhar, e misturar, os filmes produzidos naqueles vinte anos cruciais, sobretudo pelas poderosas indústrias mexiana e argentina: é sempre a mesma iluminação, o mesmo uso da música, dos temas amorosos, a construção dos herois.

Hollywood impôs, desse modo, uma narrativa poderosa que se reproduziu internamente em cada país, graças à numerosa trupe de imitadores que surgiram em todos os cantos. Em 1956, como uma espécie de resposta indireta aos primeiros questionamentos europeus - principalmente franceses - a essa narrativa invasiva, a Academia estabeleceu definitivamente o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Esse prêmio havia sido dado pela primeira vez em 1947, quando os EUA fazia sua estreia como nova potência hegemônica global, mas não se firmou até meados dos anos 50.

Em um primeiro momento, o prêmio foi usado para recompensar o melhor do cinema europeu contemporâneo. Honrando De Sica, Fellini, Buñuel, Truffaut ou Bergman, Hollywood permitiu um toque de arte diferente ao que ela própria produzia, e tentava desviar as críticas sobre sua narrativa mais ideológica. O chamado Terceiro Mundo, entretanto, não mereciam sua atenção. Com exceção de um filme japonês e algum diretor de cinema europeu que filmava em países africanos, a periferia do mundo não ganhou nenhum prêmio da Academia até 1985, quando o argentino Luis Puenzo venceu com 'La historia oficial', um duro relato sobre aqueles que desapareceram durante a ditadura militar do general Videla. E teve de esperar até a primeira década deste século para ver produções premiadas de África do Sul, Taiwan e Bósnia-Herzegovina.

Hoje em dia, a Academia padece da mesma anemia de poder que pouco a pouco se apoderou do império americano. Embora não tenha deixado de impor densos valores culturais para o mundo, o glamour de suas estrelas já não brilham como antes, e seu modelo de narrativa já não produz tanto impacto. Vítima de seu próprio sucesso, Hollywood tem a cada ano mais dificuldade para renovar suas expectativas em um mundo em que as histórias se tornaram mais dispersas e menos hegemônicas, graças à proliferação de novas tecnologias de comunicação. "And the Oscar goes to..." a periferia do mundo, que ainda tem muito a dizer e não pode e não quer fazer isso usando os códigos de Hollywood.