domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pilha nova no controle

buscado no ranzinzatudo

Se algum dia veríamos o apocalipse, tudo indica que será neste ano. Numa mistura de catástrofe maia com julgamento derradeiro judaico-cristão, o fim do mundo de Nostradamus tardou mas chegou. Na verdade, está vindo a todo vapor, ceifando conexões, restringindo informações, limitando comunicações e anotando (olha que singelo!) todas as suas operações.
Como é fácil notar, não só pelas rimas, os quatro itens apocalípticos acima cavalgam para o mesmo fim: controle!

Se uma pessoa não se importa que o google registre tudo que circula na sua caixa de correspondência, todos os seus compromissos agendados, todos os seus arquivos online, todos os seus contatos e ainda suas buscas, essa mesma pessoa pode vir a se sentir terrivelmente magoada quando o seu site preferido para baixar seriados fechar.
Esse provavelmente é o caso de milhões de pessoas que visitavam todo mês o falecido BTJunkie.org. E aqueles que baixavam filmes, softwares, músicas, ou seja, dezenas de milhões de pessoas? Ficaram chupando o dedo também.

O sítio do maior mecanismo de busca de bittorrent diz que foi fechado voluntariamente. Mas uma rápida pesquisa mostra um movimento esquisito no universo inicialmente livre e caótico da internet. Em maio de 2006, o Pirate Bay foi tirado do ar pela polícia sueca. Em 2009, seus fundadores foram sentenciados a um ano de prisão e ao pagamento de 3,5 milhões de dólares a empresas de entretenimento, como Sony e Warner. Em março de 2010, o google removeu o BTJunkie dos resultados de suas pesquisas. Em julho de 2011, o governo italiano proibiu o acesso ao site de torrents. Durante o ano de 2011, os termos relacionados ao tema que entraram para a lista negra do google aumentaram bastante, incluindo pirate bay, isohunt, 4shared, bittorrent, rapidshare, etc. Obviamente, houve muito mais ações restritivas nesse período, porém listei apenas algumas relacionadas com o xodó dos internautas, o download pirata.
Eis que chegamos em 2012 e o cataclismo foi rapidamente anunciado. Em 18 de janeiro, a Wikipédia em inglês (entre outros) ficou um dia de luto contra as lei de controle da internet que estavam sendo passadas no congresso estadunidense. Qual o problema de aprovarem uma lei nos cafundós do judas? É que a maioria dos domínios (.com, .net, .org, etc.) está sediada e regulamentada em território estrangeiro.
No dia seguinte, 19 de janeiro, o FBI encerrou as atividades do Megaupload e quatro pessoas relacionadas ao sítio foram presas na Nova Zelândia a pedido do governo gringo. O departamento de justiça dos EUA disse que o Megaupload já havia causado mais de 500 milhões de dólares de prejuízo à indústria do entretenimento (gringa). Alguns dias depois, sites como filesonic e fileserve redesenharam totalmente sua política interna deixando os usuários baixarem apenas material que eles mesmos subiram, além de deletarem massivamente conteúdo ou banirem contas de usuários. Todo o Cyberlocker Ecosystem (serviços de HD virtual) está se adaptando ao futuro que se delineia: leis de controle e restrição (por pagamento) de informação.

 
Como consumidores bovinos que somos, usamos ou compramos somente aquilo que nos oferecem, sendo que a forma como os produtos chegam a nós pouco importa. O google era apenas um serviço eficiente (quão eficiente?) de busca. Hoje, fornece dados a agências governamentais de boa vontade. O facebook é apenas um sítio de relacionamento que deu certo (100 bilhões de dólares?). Amanhã…
Se um dia vierem a instalar uma câmera dentro da nossa casa, só para garantirem que não vai passar nada de errado (como na distopia de Orwell), o pessoal já estará bem acostumado. Na verdade, o normal será a própria pessoa liberar sua webcam para o facebook (e o governo) gravar o que se passa na sua própria sala. Afinal, ninguém tem nada a esconder, ninguém faz nada de errado ou criminoso.

Como será que o Lula vai baixar mp3 agora?

ps: um pouco de fôlego: Anonymous ataca novamente.

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