quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

EU JÁ VI ESSE FILME

buscado no Janela do Abelha

 

José Flávio Abelha


Nos idos de 60 iniciou-se por aqui a exibição de um filme patrocinado pela indústria norte-americana que teve uma bilheteria de décadas.
Não diria um filme épico, mas, certamente, um filme hípico, com cavalarianos massacrando o povo, cenas de colocar o monumental O Encouraçado Potemkin (Patiômkin), do russo Sergei Eisenstein, no chinelo.
O filme propriamente dito, tem o seu ápice com a lapidar frase de um ator medíocre já esquecido, chamado Auro Moura Andrade: “Declaro vaga a Presidência!”

A indústria norte-americana ganhou rios de dinheiro com a exibição do filme.
Esgotadas as possibilidades da película, os sobrinhos do Tio Sam resolveram investir em filmes para o Oriente Médio.
Um fracasso generalizado.
Filmes exibidos no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, no Egito e em outros países periféricos que custaram, segundo informes dos patrocinadores, mais de 3 trilhões de dólares, não provocaram nenhuma emoção, ao contrário, somente comoção.

Certa vez um crítico cinematográfico norte-americano disse que, em matéria de cinema, Hollywood já fez tudo, agora é só refilmagem.
Estamos, pois, diante de um verdadeiro revival e aquele filme dos anos 60 inicia a sua refilmagem em grande estilo, colorido e edulcorado, sem os defeitos de roteiro. Atualizado, portanto.

Armou-se o golpe no Sapo Barbudo. Criaram-se todas as condições. Até Lula colaborou escolhendo como seu sucessor um lídimo representante das classes dominantes, oriundo da FIEMG. Quem leu o importante e denunciador livro de Heloísa Maria Murgel Starling, OS SENHORES DAS GERAIS – Os Novos Inconfidentes e o Golpe de 1964, sabe bem do que estou falando.
O golpe não deu certo. O Sapo Barbudo era viscoso, serpenteou evitando atritos maiores com a oposição dos chamados donos do poder e, bravamente, heroicamente, colocou o Brasil e o seu povo no atual patamar de prosperidade e respeito universal.
Fez o seu sucessor com a democracia funcionando na sua plenitude.
Mas, como diria o velho mineiro Benedito Valadares, a maldade não desanima.

Estamos, agora, assistindo ao revival do visto e revisto mas, nem sempre lembrado filme dos anos 60.
Com mais tecnologia, um script mais bem elaborado e novos protagonistas.
A fonte do dinheiro para a produção, a mesma.
A orquestrada greve das polícias e bombeiros estaduais está na mídia, diuturnamente.
Em recentíssima entrevista à jornalista Lúcia Hipólito, na CBN, o governador Sérgio Cabral disse não acreditar em greve dos policiais fluminenses, patatí-patatá.
No mesmo instante a página do TERRA noticiava a possível parada técnica das forças policiais, revivendo, quem sabe, aquele tresloucado gesto de tomar de assalto o quartel do Estado Maior da mesma força encarregada de distribuir segurança e, mais tarde com o perdão generalizado, embora a greve fosse considerada ilegal, imoral e inconstitucional.

Enquanto o governador fluminense fingia não saber de nada, as forças encarregadas de garantir a segurança dos baianos já estava aboletada na Assembléia Legislativa, em Salvador, enquanto o Estado da Bahia sofria uma intervenção branca do Exército e da Polícia Federal, com pessoal fortemente armado, carros de assalto, tanques e outros efeitos especiais que, até agora, quando teclo estas notas, não amedrontou nenhum grevista.

Lembro-me da greve dos caminhoneiros chilenos.
Um ano parados, sem qualquer problema financeiro nem alimentar, eis que o sindicato dos caminhoneiros dos EUA enviava aviões de alimentos (frangos congelados e grãos) como um gesto de apoio dos companheiros sindicalistas.
Hoffa, AFL-CIO, CIA, de mãos dadas.
Resumo da tragédia? A economia chilena entrou em colapso, o povo pediu uma providência enérgica, surgiu Pinochet bombardeando La Moneda e encerrando um período de democracia progressista encabeçada por Allende.

Não vai demorar muito para o povo brasileiro pedir medidas drásticas para por termo à inquietação e falta de segurança, nas ruas, nos colégios, nos hospitais, e onde mais o policiamento se faz necessário...mas está de braços cruzados.
Os assassinatos em Salvador estão assustando o mundo.
Um informe do Departamento de Estado dos EUA “aconselha” aos turistas a evitarem a Bahia, como diríamos, na boca do carnaval.
Vamos aguardar o encolhimento das correntes turísticas que o Brasil tanto precisa, cujo atrativo maior é a temporada carnavalesca.
A continuar assim, aguardem os capitães da hotelaria e da chamada indústria turística pedirem providências in extremis.
Lembremo-nos do filme dos anos 60 com o povo nas ruas e Ademar de Barros, (rouba mas faz) carregando nos braços uma imagem de N.S.Aparecida, ao lado do Pe. Patrick Peyton, o religioso que rezava o terço pedindo a extirpação do comunismo no Brasil com o slogan “família que reza unida, permanece unida”, ao que o saudosíssimo Dom Hélder Câmara corrigia, “família que come unida é que permanece unida”.
Qual era o objetivo, a sabotagem até de inocentes úteis?
A derrubada de um Presidente democraticamente eleito e a implantação de uma ditadura, de tristíssima memória, diga-se, com feridas ainda não cicatrizadas.

Só as greves dos encarregados de garantir a segurança do povo poderá fazer tamanho estrago? Pode sim, mas, o cheiro de chumbo derretido vai mais longe, está se alargando.

O povo já não mais tem a confiança que deveria ter nos órgãos encarregados de distribuir direitos e deveres aos cidadãos.
Na Bolsa de Valores as ações do Congresso Nacional, governos estaduais, assembléias, prefeitos e câmaras de vereadores, despencam dia-a-dia.
O Judiciário, de fonde em combe, está perdendo a sua credibilidade, tamanha é a maracutaia que está sendo apurada, cuja publicidade provocou uma reação que o Ministro Joaquim Barbosa denominou, elegantemente, de esprit de corps.
Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil!

A desocupação do Pinheirinhos, em São Paulo, foi uma tragédia consentida pelas autoridades, sendo que a repercussão foi mundial.
O crak campeia solto nas ruas brasileiras mas, determinadas ONG’s e defensores da infância e da juventude não permitem ações mais repressivas.
Bueiros explodem, com freqüência, em várias cidades.
Picos de luz estragam eletro-domésticos, interferem nas comunicações públicas e particulares e deixam cidades inteiras sem iluminação por horas e até dias.
Trens suburbanos e metrôs atrasam, descarrilam, provocam incidentes e acidentes com mortes.
Jovens de 16 anos aptos a escolherem o Presidente da Nação não podem ser presos se cometerem delitos, salvo em casos especialíssimos e se forem pobres, negros e favelados.
Hábeas Corpus são distribuídos sabe-se lá como. Liminares, idem. Hábeas-Data, nem sempre.
A chamada Lei Fleury, excrescência dos tempos da ditabranda, tão combatida, nunca foi derrogada, arquivada, ou seja, lá o que for. Qual o legislador que tem a coragem de jogar no lixo um guarda-chuvas tão protetor?
Como diria aquele humorista, e ninguém vai preso!

O Brasil está assistindo, agora, a maior fritura que se pode fazer com a nossa democracia, com a nossa Presidenta e com o lugar que nosso país conquistou no cenário mundial.

A oposição, essa que está calada diante da escalada da violência, que não pede medidas legais, só legais, contra os grevistas e aqueles que estão rasgando os direitos humanos – lembremo-nos de Pinheirinho, está atenta a cada ministro ou o seu sucessor, esgaravatando o seu passado, desde os tempos de colégio.
Nenhum Ministro, mesmo sem ter ocupado qualquer cargo publico em épocas pretéritas, pode ter sido consultor de empresas, assessor de conglomerado financeiro, nada mesmo.
Só os Ministros dos tempos do Farol de Alexandria que, tão logo deixaram o governo, foram para a iniciativa privada, empregados muuuuuuuuuito bem remunerados dos grandes banqueiros internacionais.

Qualquer pinta na sotaina do padre, as revistonas e os três jornais já sabidos, investem com virulência, aporrinham o brasileiro, procuram desmoralizar o governo da Presidenta, fritam a autoridade até que a sua própria agremiação partidária pede a sua saída.
Um pouquinho de cada vez mas, gradualmente, a oposição busca desmoralizar o atual governo. Trabalho conta-gotas, tortura chinesa.
Agora, o grande lance, a maior cartada, é a desestabilização do Ministro da Fazenda.
Com a sua desestabilização, com a desmoralização do condutor da política que vem dando certo e colocou o Brasil falando grosso, na ONU, no G-20 e em outros grupos mundiais, nosso país vai perder toda a credibilidade conquistada a duras penas pelo ex-presidente Lula e muito bem administrada e conduzida pela Presidenta Dilma Rousseff.

Com essa desestabilização ORQUESTRADA, com tudo que está acontecendo no Brasil, sem uma explicação plausível, mas sabida pelos que viveram os anos de chumbo, vamos assistir, em breve, o povo sair às ruas pedindo providências urgentes, antidemocráticas por certo.
É sempre assim. A oposição cria as condições favoráveis ao Golpe de Estado e o povo inocente, mal informado (informar-se onde?) ou desinformado, passa o recibo

Se o Oriente Médio obrigou os sobrinhos do Tio Sam comprar muito óleo Johnson e talquinho para passar, das virilhas até os joelhos, devido o atrito do rabo-entre-as-pernas, a esperança dos gringos mora aqui, na Amazônia já ocupada pelas ONG’s, no pré-sal, nos vastos campos agricultáveis, nas comunicações (assunto de segurança nacional) nas mãos estrangeiras, em muitos outros atrativos, para não registrar uma oposição de hímen complacente.

Só falta o chamado do povo às ruas através do brado retumbante da corrupta FIFA, anunciando Urbi et Orbi que não há clima para a realização da Copa do Mundo nem das Olimpíadas no Brasil.

Como diria o velho Ernest Hemingwai:
- E lá em cima, Santiago sonha com leões!

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