quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

De quem é o petróleo?

"Crise internacional leva a novo aumento dos combustíveis." Epaminondas Palmério já não se surpreende com notícias como esta, mas também não se conforma. 
Segundo a sua lógica, se o petróleo é um produto estratégico, motor da economia moderna, como pode ser tratado como mais um produto regulado pelo mercado? Nacionalista à antiga, não entende como se deixou a situação da Petrobras chegar a este ponto de indiferença para com as necessidades da nação.
   
Epaminondas acha que o mais sensato seria buscar a auto-suficiência e utilizar o petróleo nacional, extraído pela estatal, justamente para garantir um abastecimento interno a preços razoáveis. Afinal, a preocupação do governo deveria ser com o desenvolvimento do país, e não com a lucratividade dos acionistas da Petrobras. Os derivados do petróleo nacional deveriam circular dentro do país praticamente ao preço do custo de tirá-lo do fundo da bacia de Campos, e não com o preço definido nas bolsas européias.
"Nem nos tempos dos milicos!", brada ele revoltado, entre os antigos colegas do partidão. Epaminondas até desconfia que tem mais por trás desta história: "Deve ter dedo da OPEP e dos capitalistas de Washington." 
Para sua decepção, até o novo presidente da estatal, moço do PT, já pelegou e defende que o preço da commodity seja subsidiado pelo governo federal, para garantir a lucratividade da empresa e seus acionistas. Epaminondas acha um absurdo: "Tem que ter subsídio não. Tem só que garantir a lucro básico para manter os investimentos da empresa. Quem não tiver satisfeito que vá comprar ação de outra coisa." Ele já até escreveu uma carta para o JB, denunciando os novos entreguistas.

Mas Epaminondas não acha que vai ter jeito não. Agora vai ter a guerra do Bush, o preço do petróleo vai aumentar lá fora, e o da Petrobras, que não tem nada a ver com a guerra, também vai aumentar aqui dentro. Depois, como conseqüência, o preço de tudo sobe no seu rastro. Mais inflação para comer a sua aposentadoria. 
Epaminondas Palmério sabe que não pode fazer nada. E, lá no fundo, fica até torcendo para os entreguistas virem de novo com a história de privatizar a Petrobras. Desta vez ele até apóia. Por enquanto, ele só faz o seu protesto solitário, se recusando a abastecer sua Parati 83 nos postos BR.   
 
(texto de Mario Barbatti) 

Buscado no Soteco City

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