segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Técnicas de manipulação mental - Parte I

Sanguessugado do Informação Incorrecta

Tentar explicar o que são e como são praticadas as chamadas "técnicas de manipulação mental" numa sociedade quase totalmente controlada e manipulada como a nossa, não é tarefa fácil.
Felizmente, o livro escrito pelo advogado e psicólogo Marco Della Luna, juntamente com o neurologista Paulo Cioni vem em nosso auxílio.
Eis a primeira parte:
Técnicas de manipulação mental

Afirmar que a nossa sociedade - como estruturada - é uma verdadeira gaiola mental, imediatamente agita os paladinos e os defensores dos direitos civis, que apresentam palavras como "liberdade" e "democracia",  procurem imediatamente acalmar todos e, em particular, as consciências deles.
Talvez não entendem.
Talvez fingem de não entender que belas palavras como "liberdade" e "democracia" não significam muito e são exploradas pelo establishment económico-financeiro, apenas para dar a ilusão de não estar numa gaiola.
"Ninguém é mais escravo de quem pensa ser livre sem sê-lo."Johann Wolfgang von Goethe
Dizer às pessoas que são prisioneiras dum sistema é perigoso e contraproducente, porque pode desencadear motins e rebeliões, enquanto convencer os prisioneiros de ser livres e numa democracia, eliminar todas as formas adversa e qualquer tentativa de fuga.
O título de um livro do jesuíta Anthony de Mello ["Mensagem para um águia que acha ser uma galinha", NDT] a este respeito é interessante, porque se uma águia, que poderia facilmente voar livre no céu, cresce com a convicção de ser uma galinha, permanecerá sempre dentro do galinheiro. Seria capaz de voar, mas esse potencial (castrado pela sociedade) permanecerá latente para o resto da sua vida ou pelo menos até o "despertar"
Tinha compreendido esta ideia Edward Bernays, técnico de Propaganda, que no seu ensaio Propagandademocráticas de governo e da chamada liberdade em 1929, explica como foi apenas o advento das formas do indivíduo, juntamente com a industrialização, a produzir a necessidade (por parte da política e da economia) de governar, isso é, manipular o pensamento e o comportamento das massas, como eleitores e como consumidores.
É por isso que hoje a manipulação mental tornou-se uma ciência e uma tecnologia, ma qual investir mais dinheiro do que em qualquer outro campo da psicologia. Não só, a manipulação é essencial na vida diária e na estrutura do mundo em que vivemos.
Em tal cenário, onde a liberdade e o conhecimento são cada vez mais ameaçados, é essencial conhecer as ferramentas do ataque. Só com o conhecimento podemos defender-nos.
A importância da informação

A importância da informação está além de qualquer discussão. Informar, como o mesmo termo indica, vem de "em formar", ou seja, dar forma.
Mas dar forma ao que, se não a consciência?
Não surpreendentemente, todas os grandes ditaduras sempre começaram com o controle dos meios de comunicação (os media), para moldar as mentes e as consciências das pessoas.
Hoje a maioria da comunicação não tende a fornecer uma informação objectiva, mas a influenciar a psique, sobre os gostos, as decisões dos indivíduos, dos consumidores, dos investidores, dos eleitores, etc.
A totalidade das pessoas, educadas na passividade da televisão e na preguiça mental desde a infância, não desenvolve a capacidade de manter a atenção de forma autónoma, se não está envolvida emocionalmente. Os manipuladores sabem isso muito bem e para transmitir as informações (comerciais, políticas, económicas, etc.) mantêm viva a atenção das pessoas actuando directamente na emotividade. Isto é chamado de entretenimento.
O paradoxo é que são as mesmas pessoas que pedem para ser entretidas e informadas e, obviamente, o sistema satisfaz o pedido: informa (na sua própria maneira) através do entretenimento.
A importância dos media, como já mencionado, é enorme. Para efeitos de governação, particularmente nas sociedades baseadas no consenso, é essencial limitar, mas também de controlar e orientar a informação, a construção da representação ilusória do mundo da qual depende a produção e a gestão de consenso.
A informação, por estes motivos, é muito controlada: poucas agência de notícias, rigorosamente de propriedade privada e bancária, fornecem informações para quase todos os media (jornais, telejornais, rádio e internet).
Relaxamento e distracção para um melhor controle

O relaxamento é a mais simples das condições mentais que aumentam a sugestibilidade.
Este estado pode ser induzido ao fazer que as pessoas se cansem fisicamente e mentalmente, ou com tarefas e discursos repetitivos ou com a distracção proporcionada pelos estímulos eróticos e/ou sexuais (bonitas mulheres semi-nuas que apresentam um programa ou vendem um produto, etc).
A música também desempenha um papel importante, porque pode ser muito doce para fazer sonhar o, pelo contrário, atordoar com o uso de ruídos ou sons violentos.
Se uma audiência relaxada (na frente da televisão) for alvo duma história com alguns conteúdos (a clássica história que vemos nos programas de entretenimento), obtemos a indução de uma transe, em que é fácil fazer sugestões e, em seguida, instalações mentais.
A distracção é, sem dúvida, a estratégia príncipe implementada por meio da comunicação de massa.
Tecnicamente, ao distrair a atenção consciente (daí a acção do hemisfério cerebral dominante) duma pessoa empenhada em algumas actividades ou distraída com notícias e informações que são absolutamente inúteis, deixa o subconsciente (o hemisfério não-dominante) desprotegido, possibilitando a instalação de imagens fascinantes, notícias, histórias, etc.
Tudo o que é transmitido pelos media (televisão, jornais, rádio), sob o controle capilar que existe, é total distracção em massa.
As câmaras e os holofotes são centradas em questões totalmente "inúteis" para nós (a casa do partido no poder, os ciganos, os estupro, os crimes, os assassinatos em família, etc.), mas muito funcionais para o sistema, que desta forma não fornece as informações reais.
Enchem, por assim dizer, a programação dos media para encher os nossos cérebros com o lixo, as fofocas, as bobagens e as outras amenas idiotices.
Quando o limite for atingido, já não há espaço para as coisas importantes.
Obediência ao Sistema
Cada establishment serio tem o seu arsenal de meios de dominação, cujo objectivo final é conseguir compliance, isso é, respeito e obediência, conformação do povo.
Dominar os outros significa obter compliance, mais ou menos voluntária.
Claro, melhor se voluntária, obtida através da manipulação (ilusão, persuasão, intimidação ou condicionamento), ao invés de imposta pela força (ditaduras, golpes de Estado).
A escola

Obter as crianças para forma-las e condiciona-las está na agenda de cada Estado, liberal ou totalitário e democrático.
Habituar as crianças, por meio da execução de ordens repetidas ao longo dos anos pelos professores, a seguir as ordens das autoridades; a gratificação sistemática, a ausência de regras e comparações com a realidade, acabam por formar criaturas incapazes de auto-disciplina, totalmente dependentes e incapazes de se organizar.
Essas crianças serão os adultos corruptos e dependente do exterior e, portanto, mais facilmente manipuláveis.
Nas escolas, por um lado o ensino das disciplinas fundamentais é projectado para impedir a formação duma própria visão geral (história e ciência são dois exemplos triviais), por outro lado a tentativa é que as novas gerações não possam ter dúvidas de que o sistema de poder é democrático e legítimo.
A este respeito, o linguista americano Noam Chomsky escreve:
Dado que as escolas não ensinam a verdade sobre o mundo, as escolas devem usar a propaganda sobre a democracia com os aluno. Se fossem verdadeiramente democráticas, não haveria necessidade de bombardeá-los com banalidades sobre a Democracia
A conformação e o ensino do povo dos Estados Unidos é o exemplo perfeito. O dia "estrelas e listras" começa com o hasteamento da bandeira, continua com a execução do hino nacional, as orações colectivas e as exaltações patrióticas.
Toda esta "democracia" e "liberdade" do povo tornam os EUA, surpreendentemente, o País mais provocador de guerra do mundo!
É óbvio que a escola não pode ensinar a verdade porque a verdade faz os homens livres!
Não surpreende, portanto, encontrar nos actuais livros escolásticos comentários sobre as propriedades extraordinárias dos alimentos geneticamente modificados (OGM), e como estes irão resolver a fome mundial. Este é a mais pérfida e destrutiva propaganda do regime: ao fazer crescer as crianças de hoje com tais falsidades (facilmente demonstráveis) será muito mais fácil influencia-las como adultos, e este é apenas um exemplo banal.
A nossa sociedade deve ser composta não de homens livres, mas duma massa de trabalhadores-consumidores-eleitores na base, e dum pequeno grupo ou camada superior de líderes, jovens empresários, políticos e banqueiros.
Só estes últimos são levados a um nível privilegiado de conhecimento que lhes permitam continuar a dirigir a sociedade e manter o poder estabelecido.

Acaba aqui a primeira parte.


Tradução e adaptação: Informação Incorrecta
Baseado no livro: “Neuroschiavi: manuale scientifico di autodifesa” de Marco Della Luna e Paolo Cioni, Edições Macro (ISBN-10: 8862290276; ISBN-13: 9788862290272).

Buscado no Gilson Sampaio

voltar ao topo