quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lula: Povo brasileiro não quer intermediário

Lula deu entrevista ao Carta Maior e aos jornais Página/12 (Argentina) e La Jornada (México)
O presidente Lula afirmou que o povo brasileiro não precisa mais de intermediário e “quer falar pela sua boca, enxergar pelos seus olhos e tomar decisão pela sua consciência”. A declaração está na primeira parte da entrevista que concedeu ao Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, que já está disponível no site brasileiro.
Em relação aos meios de comunicação, Lula comentou que tinha a impressão que tentavam lhe provocar para que tomasse uma medida mais dura, mas que sua reação foi deixar que batessem à vontade até todo mundo perceber que o único juiz é o receptor daquela mensagem, que a interpreta de acordo com a sua maneira de pensar.
“O cidadão coloca uma gravata, vai à televisão, dá uma entrevista e se autodenomina formador de opinião pública e acha que todo mundo vai segui-lo. Aí, você tem o presidente de uma Central Única, aqui no Brasil, que representa milhões de trabalhadores, esse não é formador. Então, essas coisas foram caindo por terra”, disse Lula.
A entrevista vale a leitura pela franqueza com que Lula se expressa e pela dimensão de certas conquistas do governo, como a ascensão de 36 milhões de pessoas à classe média, dado que impressiona o jornalista argentino Martín Granovsky, do Página/12, que exclama ao ouvir o número que ele corresponde a quase uma Argentina.

Fonte:  Tijolaço


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A equação ambiental no terminal público do novo porto de Ilhéus

A licença de instalação do terminal público do novo porto em Ilhéus, no sul da Bahia, transformou-se no principal entrave para o início das obras dos primeiros cinco lotes da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e o presidente Lula deixou claro, na última quarta-feira (29/9), que pretende resolver isso logo para dar início à obra do trecho ligando Ilhéus e o município de Barreiras, também na Bahia.
Em discurso durante cerimônia de entrega de três elevados da “Rótula do Abacaxi” (ver aqui), Lula solicitou que a secretária da Casa Civil do governo baiano, Eva Maria Cella Dal Chiavon, consiga resolver o problema da licença.
Nós temos que ver a licença do Porto de Ilhéus, o porto privado está pronto, o porto público de Ilhéus é que está com problema. Nós precisamos resolver o problema da licença, dona Eva, o problema da licença ambiental. Aqui, o Ibama estadual com o Ibama federal tem que se colocar de acordo, porque a gente só vai começar a ferrovia quando a gente tiver a licença dela inteira, e quando tiver a licença do porto, porque eu não vou começar a fazer uma ferrovia para os adversários dizerem: Essa ferrovia vai para onde? Vai ligar o que a o quê?” E eu quero dizer: Essa ferrovia vai pegar todos os produtos que a Bahia produz, vai trazer lá do Tocantins, vai trazer lá de Barreiras, vai trazer para o Porto de Ilhéus, e vai levar coisas do Porto de Ilhéus para outros estados. Nós vamos interligar essa ferrovia com a Norte-Sul, até Estrela D’Oeste, em São Paulo, e até Belém, no Pará. Nós vamos fazer, nós vamos fazer mais de 6 mil quilômetros de ferrovia neste país, que estava desativada.
De acordo com técnicos, as obras dos terminais portuários -- situados a 15 quilômetros do centro de Ilhéus, no sentido Itacaré -, contemplam porto privado e público. A unidade privada será explorada pela Bahia Mineração Ltda (BAMIN) que possui todos os documentos para tocar o projeto. O obstáculo é exatamente o terminal estadual que depende de licença do Ibama.
A Valec -- autarquia que licitou os trecho da FIOL -- informou ao Blog do Planalto que os vencedores dos primeiros lotes da ferrovia já foram proclamados, seguindo todos os preceitos do edital de licitação por menor preço. Enquanto isso, técnicos tentam agilizar as desapropriações de terras no trajeto da ferrovia. Porém, isso não dificulta o começo das obras.
Segundo informou a secretária da Casa Civil do governo da Bahia, Eva Dal Chiavon, o estado vem promovendo ações junto ao Ibama para conseguir o aval e, deste modo, eliminar os obstáculos para as obras. Dona Eva disse que tem mantido contatos com a direção da autarquia em Brasília, bem como a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira. “Estamos fazendo o possível e o impossível para obtermos as licenças. Tenho informado diretamente ao governador. Agora, se o presidente Lula se referiu no discurso ao terminal público, acho que será difícil a liberação até o final de outubro”, explicou.
Segundo informações da Valec, a ferrovia tem por finalidade dinamizar o escoamento da produção do estado da Bahia e, ao mesmo tempo, servirá de ligação dessa região com outros polos do país, por intermédio de conexão com a Ferrovia Norte-Sul. Incluída entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Oeste-Leste terá 1.490km de extensão e envolverá investimentos estimados em R$ 6 bilhões até 2012.
A ferrovia ligará as cidades de Ilhéus, Caetité e Barreiras – no estado da Bahia – a Figueirópolis, no estado do Tocantins, formando um corredor de transporte que otimizará a operação do Porto de Ponta da Tulha e ainda abrirá nova alternativa de logística para portos no norte do país atendidos pela Ferrovia Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás.
Entre as vantagens previstas com a construção da ferrovia para o estado da Bahia estão a redução de custos do transporte de insumos e produtos diversos, o aumento da competitividade dos produtos do agronegócio e a possibilidade de implantação de novos polos agroindustriais e de exploração de minérios, aproveitando sua conexão com a malha ferroviária nacional.
Por outro lado, a ferrovia promoverá a dinamização das economias locais, alavancando novos empreendimentos na região, com aumento da arrecadação de impostos, além de geração de cerca de 30 mil empregos diretos. A ferrovia deve fomentar ainda mais o desenvolvimento agrícola da região oeste do estado, cuja previsão é de uma produção de 6,7 milhões de toneladas em 2015. Os principais produtos a ser transportados são soja, farelo de soja e milho, além de fertilizantes, combustíveis e minério de ferro.

Fonte: Blog do Planalto



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Lula ataca Baixarias




Fonte: Conversa Afiada



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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Por que voto na DILMA


Autor: Daniel Bezerra editor geral

Rogério Ignácio de Almeida Cunha 

rogeriozenobia@yahoo.com.br


Voto na Dilma.
Em primeiro lugar porque o projeto que ela representa e continuará tirou da miséria mais de vinte milhões de pessoas. Vinte milhões de pessoas não são os números de uma vitória política ou econômica. São vinte milhões de barrigas cheias, em condições de começar a pensar, a julgar, a trabalhar, a freqüentar uma escola. São vinte milhões de pessoas que podem desejar uma sociedade melhor para além do bocado de comida, começam a ter condições de perceber e participar da sociedade. Vinte milhões de barrigas famintas que começam a ter ouvidos. Votando Dilma eu me coloco radicalmente ao lago delas, no espírito da Opção pelos Pobres.
Vinte milhões de pessoas nas escolas, no mercado, na sociedade, no espaço até agora ocupado prevalentemente pelos que se submetem aos ditames das elites que se comportam como donos absolutos da verdade e do país. Vinte milhões a mais significa crescimento deste mesmo número, pela consolidação dos processos de governo. E uma maior densidade populacional, um maior número de consciências acarreta a necessidade de estruturas diferentes, em que caibam, e que respondam às exigências de sua vida empobrecida, mas libertada da miséria que os mantinha inativos e ausentes. São vinte milhões de consciências capazes de crítica e luta.
Uma transformação social não virá pela atividade revolucionária de pequenos grupos esclarecidos. Menos ainda de grupos que ascenderam ao poder institucionalizado. Quanto isto aconteceu, foi fácil à direita retomar o processo e aniquilar a caminhada já feita. O primeiro passo ainda está em momento frágil e difícil de se consolidar. Quando é uma multidão que aos poucos toma consciência e se levanta, a caminhada pode se tornar irreversível. Este primeiro passo não pode ser traído por armadilhas eleitoreiras articuladas pela direita que maneja a imprensa e a opinião oficial.
O segundo motivo é esta vitória sobre a estratégia da direita mundial que mantém em São Paulo um núcleo forte de sua predominância decadente. A vitória de Dilma confirmará mais uma rebelião contra a hegemonia direitista, racista, ditatorial, golpista, fascista, elitista do neoliberalismo ocidental. Enfraquecer Dilma ou entregar o poder, mesmo que parte de seu poder nas mãos destes representantes nacionais da direita mundial é entrar no jogo deles e reforçar o plano da soberania dos EUA e da Europa Central, que estão decadentes, mas que terão marcado, na vitória conseguida aqui no Brasil um passo importante na estratégia que está hoje acuada.
Uma reflexão mais reforça este segundo argumento, do jogo da direita mundial no Brasil. O Brasil vem representando, internacionalmente, uma importante frente de resistência popular, na aliança entre os países em crescimento, da AL da África e da Ásia. É necessário consolidar este levantar-se de povos, a esperança de pequenos que se fazem respeitar.
É importante que esta vitória abaixe o quanto possível o tom de voz da imprensa que se coloca sempre mais nas mãos dos udenistas golpistas, aliados do neoliberalismo internacional. Eles já configuram uma verdadeira ditadura do pensamento único com os maiores meios de comunicação brasileiros, que se julgam mais até que um partido, um tribunal superior mundial que faz e desfaz a verdade, destrói pessoas e prestígios. Acusam e condenam a todo o mundo, mas não aceitam a mínima observação por parte de quem quer que seja. São os fazedores da verdade e uma vitória deles ou uma derrota menos significativa continuará a corroborar seu papel de julgadores não julgados, fiscais não fiscalizados.
Mais uma vez, enfraquecer o significado da vitória ou impedi-la significará deitar-se frente às esteiras mortais do trator direitista, grão-capitalista e latifundiário, que redistribuirá de maneira sempre mais humilhante o papel econômico e político dos nossos países.
Outro motivo é a maneira cínica e baixa como os adversários do povo que se levanta estão articulando a campanha eleitoral. Não é uma campanha eleitoral, é uma guerra de mentiras, de semi-verdades erigidas em lei férrea e absoluta. Enfraquecer a vitória ou talvez mesmo cedê-la é abaixar a cabeça ao comando mundial da mídia neoliberal, reduzir a política ao jogo porco de atirar lama nos adversários, semear a mentira na cabeça dos cidadãos, e fazer deste baixo-nível a arma e estratégia máxima da campanha. É reduzir política a emporcalhamento, reduzir luta eleitoral a debate sujo de revivenciamento de antigas querelas já armadas com a intenção de fazê-las valer na hora da verdade, transformando-a em hora da mentira. As acusações éticas não têm o mínimo caráter nem fundamento ético. São puramente questões montadas já há algum tempo, como pretensas bombas a se lançarem na campanha eleitoral. A mídia escondeu tudo o que se referia aos interessados e inflou o mais que pode o caráter acusatório contra a candidata e o partido que a sustenta.
A questão supostamente ética das delações e acusações reforça o aspecto moral e ético, até mesmo civilizacional da luta eleitoral. A ética está sendo invocada para os golpes mais rasteiros em que se conspurcam os inimigos com a manipulação das consciências. Um dos aspectos mais claros do governo que ora se encerra e que desejamos prolongar é a transparência que colocou em jogo, arriscando ser a primeira vítima dos que fazem da liberdade de expressão uma estratégia de enxovalhamento da consciência. A quantidade imensa de missões atribuídas à política federal criou um ambiente novo, em que a tática do tapete largamente utilizado antes do governo atual, não terá mais vez. Impedir ou diminuir a vitória de Dilma é reconhecer que ética é jogar lama indiscriminadamente, com o fito único de reconquistar o poder. Gritar e gritar, para não deixar ouvir.
As reformas sociais e políticas, a revolução que se torna sempre mais necessária, ainda não chegou ao ponto de maturidade de uma explosão decisiva. O povo em suas escolhas mostrou que não deseja transformações sociais agitadas, construídas na ruptura. Exigir ou tentar, agora, a reforma agrária necessária, as reformas políticas inadiáveis, as transformações do mundo do trabalho, da educação e da saúde, e fazer desta exigência um argumento contra a Dilma, é colocar o ideal como impedimento a um passo decisivo e certo. E o que se corre o risco de provocar é o retrocesso talvez irremediável, o adiamento da caminhada. Por não se poder fazer imediatamente o todo e o radical, impede-se – com o reforço de fajutos argumentos pseudo-éticos – a caminhada que já começou.
Impedir ou enfraquecer, hoje, a vitória do projeto Dilma porque as reformas não vieram – em nome da intragável governabilidade – é dar uma rasteira em quem acreditou que caminhar é levantar-se, dar um golpe baixo em quem procura, no povo, a resposta histórica dos desafios radicais. É jogar fora a água, os nenéns, o sabão… e guardar a sujeita para a próxima etapa do combate. Uma facada nas costas dos vinte milhões em quem nossa esperança já se realiza.
Copiado do Blog da Dilma

Leia também Porque Votar na Dilma


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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dilma em duas fotos

Em uma foto que circula na internet como pertencente à  “jovem Dilma”, há uma graça de moça, como toda graça que é só futuro, formas e felicidade. A pessoa que divulgou essa foto colorida, à margem de um tranquilo riacho, deve ter desejado uma atualização para que os jovens do Brasil vissem Dilma como uma guapa e linda moça. Bem que entendemos. Mas nessa atualização houve um inarredável paradoxo. Trazer o passado para o  presente não é o mesmo que vestir na forma passada a forma presente. Uma “atualização” assim apenas recria cara, paisagem e roupas como um cenário de novela de televisão.           
Para nada falar de asperezas técnicas, por exemplo, de uma foto digital em 1970, ou mesmo de inadequações físicas, porque a “jovem Dilma” ali está sem os dentes de coelhinho, a foto exibe um semblante puro, claro, a sorrir em um Brasil livre, sem a mácula do vampiro Médici. Essa jovem poderia ser uma nossa filha, bela, guapa e feliz. No entanto há nela um erro mais essencial, que vai além do que venha parecer uma jovem Dilma assim: os militantes contra a ditadura brasileira, naquele tempo, não tiravam fotos, a não ser, claro, as indispensáveis 3 x 4 de documentos. As raras imagens arrancadas de surpresa em dias de álcool e irresponsabilidade deixavam uma grande angústia. E se a foto “caísse”, vale dizer, e se a foto fosse aprisionada em alguma busca dos militares ou policiais?

Em outra foto de Dilma, a imagem é ainda mais bela porque verdadeira. Para falar dela seriam necessários muitos artigos definidos em textos, poemas e palavras de ardor e reflexão. Na imagem de óculos pesados, em preto e branco, Dilma se une a outras mulheres que vimos nos malditos tempos de 1970. Mas eram mulheres de tal altura, que ficamos à beira de cair em novo paradoxo: o de querer que voltem suas pessoas daqueles anos, mas sem a infâmia das circunstâncias e pesadelo daquele tempo.
Em lugar da pura orquídea pura pétala,  de cor fresca e fugaz, a Dilma na sua foto real remete mais à pessoa mesma, de carne e luta, determinada em alcançar um mundo além do interesse de mocinhas bonitas de sua classe, aquele que se podia resumir em três cês, como o velho CC: Carro, Casa e Carreira. Em preto e branco, como um filme de roteiro de Semprum, vemos uma Dilma que vislumbramos em 1970, multiplicada em outras à sua semelhança, que cresciam como guerreiras, e por isso se tornavam mais fêmeas. Como uma, a quem disfarcei com o nome de Cíntia no romance Os Corações Futuristas. No Recife, em plena censura e terror ela gritava aos companheiros que a cercavam:
Eu sou subversiva! Falem, podem dizer, não me importo: eu sou subversiva! Eu quero é virar esse sistema de cabeça para baixo".  E lembro que ouvíamos isso, e  tal ordem mais alta calava fundo no peito de todos, pois também não encontrávamos lugar naquela ordem/desordem da ditadura. Aquele "Eu sou subversiva" se transformava em um sentimento, que nos dizíamos em voz silenciosa e perfurante:  "ela tem a coragem de avançar contra a injustiça que nos sufoca. Que mulher!"
Assim como ela, assim como o seu gênero, pessoa e qualidade, foi Soledad Barrett, que escreveu para a mãe um último poema, como uma predestinação:
“Mãe, não sofras se não volto/ Me encontrarás em cada moça do povo/ deste povo, daquele, daquele outro/ do mais próximo, do mais longínquo/  talvez cruze os mares, as montanhas/ os cárceres, os céus/ mas, mãe, eu te asseguro / que, sim, me encontrarás!”

Naquele momento em que víamos mulheres à imagem e semelhança de Dilma, nós não podíamos prever, sequer sonhar com o Brasil em que uma delas subiria para a presidência. Pois como podíamos prever o pássaro que canta agora no jardim em 1970? Sentíamos apenas os abalos que nos davam pessoas desse fogo, e não sabíamos interpretá-las, porque em nós se misturavam admiração, amor e força além dos limites da própria covardia.
Essa Dilma em preto e branco, de óculos pesados,  em resumo, é a pessoa/mulher com quem todos crescemos. Ela é uma sobrevivente, como todos nós, como, enfim, todo o povo brasileiro. Como não salvá-la de todos os assaltos das múmias da ditadura? Como não guardá-la, como um bem precioso, contra os velhos de todos os preconceitos de classe? Fazemos isso não por dever,  mas por uma defesa da cidadania de nosso sonho. Estamos vivos, bulindo e loucos de emoção Quem diria? Há um gozo imenso em  sobreviver tendo posto em risco a sobrevivência. E sobreviver como no próximo 3 de outubro, ah, isso vai  além dos números das urnas. Como não saudá-la?
Salve, Dilma. Os novos tempos anunciados por Lula crescem com a tua presença.   

Fonte: Direto da redação

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José Dirceu e o "vale tudo da imprensa"



Copiado do blog Altamiro Borges

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domingo, 26 de setembro de 2010

As verdades de Ahmadinejad

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad continua falando suas verdades.

Agora nos Estados Unidos.

Duas, deixaram o presidente Barack Obama e a mídia em má situação.

A que deixou o presidente Obama possesso, foi o pedido de que haja nova apuração dos atentados às torres gêmeas.

Para o iraniano, tudo leva a crer que os atentados foram obra de agentes dos Estados Unidos para justificar a invasão do Iraque e do Afeganistão.

Obama disse que o pedido era indigno, ou seja, utilizou-se de um adjetivo para desmerecer a solicitação.

Na verdade, Ahmadinejad nada mais fez do que juntar-se àqueles que não se deixaram manipular pelas mentiras do criminoso de guerra Bush, rapidamente acumpliciadas pela mídia publicitária de todo o mundo.

A outra questão diz respeito Teresa Lewis, condenada à pena de morte e executada sob a acusação  de assassinato de seu marido.


O agravante é que Teresa sofria de “grave deficiência de aprendizado”.

Ahmadinejad, em reunião com muçulmanos estadunidenses, e depois na ONU, perguntou por que a mídia se calou diante de tamanha monstruosidade.

Claro que ele usou o exemplo de Teresa para relembrar como a mídia agiu quando a iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani acusada do mesmo crime foi também condenada a morte.

A iraniana continua viva ao contrario da infeliz Teresa Lewis.

São coisas de um mundo que trocou a liberdade de imprensa por liberdade de empresa.

Hoje, repito pela enésima vez, somos reféns dos órgãos de publicidade travestidos de mídia de informação.

Até quando?

E vamos deixar uma coisa clara. Nada, absolutamente nada justifica a pena de morte.

Copiado do blog Bourdoukan



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Ahmadinejad está certo, o 11/9 foi uma fraude


Mahmoud Ahmadinejad está certíssimo quando, em discurso na ONU, colocou em dúvida a autoria dos atentados às Torres Gêmeas. O Brasil não inventou a velha e velhaca mídia golpista. No 11/9 a imprensa americana olhou para outro lado, esquecendo de apurar fatos claríssimos. Há muitos, vamos só a um:

Uma semana antes dos atentados aconteceu um forte e estranho movimento nas bolsas americanas em ações de empresas que se envolveriam com o 11/9, como American Ailines, entre outras.

Eram operações futuras, nas chamadas "put options", onde ganha-se com a queda das ações. Coisa deste grande cassino.

Quem percebeu e alertou poucos dias após a tragédia foi a grande mídia, avisada por vários operadores. Vejam aqui o que disse a CBS. Eles sabiam e já adiantavam, sem provas, que Osama Bin Ladem estava ganhando um dinheirinho.

Não mais tocaram no assunto. Perderam o interesse. Esqueceram um princípio básico do jornalismo investigativo: "siga o dinheiro".

Quem seguiu, fora da grande mídia é claro, descobriu uma estranha relação entre o movimento e escritórios de operação no mercado de capitais que estavam ligados a grandes nomes da CIA, como o de A.B. Krongard, o diretor da agência.

A reportagem, que poderia ser a mais premiada da história do jornalismo americano, nunca aconteceu. Mas apareceram vários colunistas da grande imprensa para jogar a apuração na vala comum destinada às teorias conspiratórias. A internet ficou como culpada por espalhar boatos, apesar do pesado volume de informação que confirmava o fato.

Tente uma pesquisa no Google com "insider trading 9/11", sem as aspas, e faça você o julgamento sobre o que disse Ahmadinejad.

O PIG é internacional.

Copiado do blog AbundaCanalha



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A porrada que nocauteou a Folha e o Estadão



Copiado do blog Terror do nordeste




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Operador de metrô diz ter de ignorar cão para evitar atrasos

O metrô de São Paulo está tão saturado que não há margem para qualquer tipo de atraso -nem para esperar um cachorro sair dos trilhos. O relato é de operadores de trens que dizem ser pressionados a seguir viagem até estando diante de animais.A queixa foi encaminhada ao Ministério Público em abril e motivou a abertura do inquérito policial 397/10 para investigá-la na Delegacia de Crimes Ambientais.Por trás da polêmica está a operação no limite de uma linha do metrô que ficou parada mais de duas horas na terça passada, levando milhares de passageiros a sair dos trens e caminhar nos trilhos.

Os trens dessa linha, a 3-vermelha, têm intervalos de só cem segundos nos picos, um dos menores do mundo.Qualquer imprevisto que aumente a demora basta para provocar um caos em plataformas e vagões -que já abrigam hoje dez usuários por m2, contra um índice aceitável de até seis por m².

Diante desse cenário, é frequente a ordem do CCO (Centro de Controle Operacional) para seguir viagem mesmo quando há bichos na frente, segundo três operadores com quem a Folha falou.

"[O Metrô] reiteradas vezes tem desrespeitado a legislação ambiental ao determinar e mesmo pressionar os operadores de trens para que atropelem cachorros que estejam nas vias", diz um trecho da representação da Associação dos Operadores de Trem do Metrô protocolada na Promotoria em 20 de abril.

A entidade, fundada em 2009 e desvinculada do sindicato dos metroviários, afirma que a ordem não consta de procedimentos formais -mas, para evitar atrasos, é dada por parte dos chefes.
Segundo eles, alguns operadores se negam a seguir viagem com animais na via, mas acabam advertidos.

BRECHAS
Cachorros costumam entrar nos trilhos tanto por brechas em muros como pelas estações -na última quinta, a Folha presenciou animais na Corinthians-Itaquera.Há quem reconheça que não se pode ameaçar a segurança de passageiros nos vagões com freadas repentinas. Mas, segundo a representação, a orientação é passada após a parada dos trens -quando um condutor alerta para a impossibilidade de prosseguir devido a cães.

Em vez de deslocar algum funcionário da estação para retirar os bichos, dizem eles, a prioridade é não perder tempo e avançar -em atropelamentos que nem são registrados pela empresa.O Metrô foi procurado no meio da tarde da última sexta, mas alegou que não responderia devido ao horário.

Os operadores prepararam um relatório com abaixo-assinado relatando a queixa à companhia no fim de 2009.No começo deste mês, a presença de três cachorros nos trilhos da estação Sacomã, da linha 2-verde, foi filmada por um usuário durante a aproximação de um trem, conforme vídeo veiculado no YouTube. O relato de atropelamento foi parar no Ministério Público Estadual.Folha



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México: A verdade sobre o massacre de Tamaulipas

Via Patria Latina

20 mil imigrantes sequestrados por ano
Sobre o massacre de 72 imigrantes em Tamaulipas, onde dias depois foram assassinados o juiz encarregado da investigação e o prefeito da cidade de Hidalgo, o complexo desinformativo mundial quis passar a idéia de que as vítimas tinham sido recrutadas pelos narcotraficantes ou tinham tentado se vender melhor aos cartéis.
É uma interpretação carente de fundamento, caluniosa e racista, que quer ocultar a verdade da exploração até o último centavo da vida dos 600.000 imigrantes do Centro e Sul do continente americano que cada ano se atrevem a atravessar todo o México.
A realidade é que estes imigrantes são constantemente acossados, vítimas de extorsões, violações e ameaças, inclusive antes de empreender a travessia do deserto – o muro construído por George Bush –, de ser vítimas das patrulhas de minutemen, – milícias armadas de anglo-americanos –, das leis raciais de Estados como Arizona e de tantos outros infortúnios na sua busca de trabalho nos Estados Unidos. Para o sacerdote católico Alejandro Solalinde, os “cachucos” (sujos imigrantes, na gíria) desde o momento em que saem de seu país “deixam de ser pessoas e viram mercadoria, uma mina de ouro tanto para as máfias como para as autoridades.”
Os grandes meios de imprensa os apresentam como mão de obra criminosa de baixo custo disponível para o narcotraficante, dejeto da sociedade, indesejáveis, cúmplices se não membros eles mesmos das máfias, e, portanto, sem direitos nem dignidade humana. Contra eles apontarão agora aviões não tripulados – drones – que não conseguirão deter a entrada de uma grama sequer de cocaína, mas que ajudarão a jogar nos braços da delinqüência os imigrantes, que na realidade são vítimas de uma autêntica emergência humanitária que os governos de Calderón e Obama deveriam enfrentar.
Os imigrantes são um negócio de 3 bilhões de dólares por ano que se repartem os cartéis criminosos e as forças de poliícia corruptas, tanto dos EUA como do México. Para passar para o outro lado pagam entre 4.000 e 15.000 dólares.
Para monsenhor Felipe Arizmendi Esquivel, bispo de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, pelo menos dois terços dos imigrantes, uma vez no México, sofrem extorsões ou roubos, e um de cada dez é vítima de violação durante a viagem. Cerca de uma quinta parte é detida e enviada de regresso. Trata-se de um número que tem diminuído, por que os que interceptam os imigrantes preferem tirar tudo deles a enviá-los a seus países. A situação tem piorado sem cessar na última década, com a violenta campanha contra os imigrantes que levou George Bush a construção do muro na fronteira entre EUA e México, que logo se complementará com um muro duplo na fronteira entre o México e Guatemala. As medidas adotadas para deter a emigração, como em outras fronteiras entre o Sul e o Norte, longe de impedir o tráfico de seres humanos, não fazem mais que aumentar o preço, fazer o negócio mais lucrativo e por ainda mais em risco a vida dos imigrantes.
Cada ano, segundo estatísticas oficiais do México, pelo menos 20.000 imigrantes acabam sendo sequestrados pelos cartéis criminosos e obrigados a pagar, além do preço da travessia da fronteira, resgates de entre 1.000 e 5.000 dólares cada um, e a ser objeto de comércio entre os cartéis, como se fossem pacotes, ou ser assassinados como reféns para induzir a outros a pagar.
Segundo Jorge Bustamante, relator especial da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), o México é o país onde se cometem as mais graves agressões aos direitos humanos do continente.
Em 2009, a CNDH publicou um volume intitulado “Bem-vindos ao inferno dos sequestros”, no qual se denunciava o maltrato aos imigrantes centro-americanos, e recolhia inúmeras testemunhas relativas à implicação das autoridades mexicanas nos sequestros.
No informe se descrevem as características dos sequestros. O imigrante é frequentemente detido pela policia e vendido às organizações criminosas, que o conduzem a lugares isolados, como a fazenda de San Fernando onde ocorreu o massacre em Tamaulipas. Aqui começam as surras, as violações e as torturas. O objetivo é obter os números de telefone dos familiares que permitam obter resgates exorbitantes dos imigrantes, quase todos muito pobres. Em geral, quem não pode pagar é assassinado.
O massacre de Tamaulipas se enquadra neste atroz contexto de 20.000 sequestros por ano. Setenta e dois imigrantes que provavelmente não podiam pagar foram fuzilados como nos massacres nazistas. Soubemos disso só porque Freddy Lala, um jovem equatoriano de 18 anos, conseguiu sobreviver e dar o alarme, depois de caminhar durante mais de 20 quilômetros com uma bala no pescoço. Ou talvez fosse que, como em tempos do Plano Condor ou no genocídio da Guatemala, lhe permitiram sobreviver para que contasse a historia e induzisse mais terror. Os imigrantes são vítimas, não cúmplices.



Copiado do blog Gilson Sampaio



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E se fosse proibido usar barba e bigode no trabalho?


Comentei no último post que ainda há redações de veículos de comunicação em que o uso de tatuagens ou de brincos por homens é proibido. Alguns leitores encaminharam mensagens me questionando. Afinal de contas, estamos em pleno século 21 e esse tipo de preconceito parece anacrônico demais até para nossa conservadora sociedade.
Como uma luva, caiu no meu colo a informação de que o juiz Guilherme Ludwig, da 7ª Vara do Trabalho de Salvador, condenou o Bradesco por discriminação estética – no caso, por proibir o uso de barba pelos seus empregados. A decisão atendeu a uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho. A empresa já entrou com recurso.
Confirmada a decisão, o banco terá que pagar uma indenização de R$ 100 mil por dano moral coletivo – o valor deve ir para o Fundo de Amparo do Trabalhador. De acordo com nota divulgada pelo Ministério Público do Trabalho ontem, a empresa também será obrigada a publicar durante dez dias seguidos no primeiro caderno dos jornais de maior circulação na Bahia e em todas as redes de televisão aberta, a seguinte mensagem:
“O BRADESCO S/A, em virtude de condenação imposta pela Vara do Trabalho de Salvador, conforme determinação contida em decisão prolatada em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho na Bahia, registra que a Constituição de 1988 refere que são direitos de todos os trabalhadores brasileiros a preservação de sua dignidade e proteção contra qualquer prática discriminatória, especialmente aquelas de cunho estético, cumprindo salientar ainda que o BRADESCO S/A, ao reconhecer a ilicitude do seu comportamento relativo à proibição de que seus trabalhadores do sexo masculino usassem barba, vem a público esclarecer que alterou o seu Manual de Pessoal para incluir expressamente tal possibilidade, porque entende que o direito à construção da imagem física é direito fundamental de todo trabalhador brasileiro.”
Nunca é demais lembrar que a Constituição proíbe preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O caso parece apenas um fato pitoresco, mas não é. É claro que ninguém quer um cozinheiro com barba de estilo Karl Marx, Pai Mei ou Papai Noel soltando fios em cima da sopa que lhe será servida. Mas nesses casos, há regras de manuseio de alimentos que incluem toucas e afins. Além disso, nos casos em que barbas são proibidas (devido ao uso de máscaras pelos trabalhadores da indústria química, por exemplo), há a necessidade de garantir a segurança da própria pessoa.
Se a questão for puramente estética, não há justificativa. Não acha bonita uma frondosa barba? Então não a deixe crescer ou não se case com alguém que a use. 

Copiado do blog do Sakamoto


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Os Estados Unidos estão perdendo o controle

“Os Estados Unidos estão perdendo o controle” Por Redação
O escritor e filósofo estadunidense Noam Chomsky assinalou que os Estados Unidos estão perdendo o controle no mundo e indicou que a América Latina, região que a nação norteamericana considerou por décadas como “quintal”, está se aproximando da sua independência e da integração.

“Agora estamos em um momento dramático porque os Estados Unidos estão perdendo o controle em todas as partes. O Oriente Médio é o lugar mais importante. Mas a China é outro caso, assim como é o hemisfério ocidental”, indicou Chomsky.

Acrescentou que “sempre se deu por certo que o chamado quintal estaria sob controle. Se você olhar os documentos internos, durante os anos de [ex-presidente estadunidense Richard ] Nixon, quando estavam planejando a derrocada do governo de [Salvador] Allende [ex-presidente chileno derrubado pelo ditador Augusto Pinochet], disseram exatamente que, se não podiam controlar a América Latina, como iriam controlar o resto do mundo”.

“Já não podem controlar a América Latina. De fato, passo a passo, a América Latina, pela primeira vez, está se aproximando da sua independência e da integração”, sublinhou.

Recordou que, em fevereiro, realizou-se a Cúpula da Unidade da América Latina e Caribe, em Cancún, no México, em que foi aprovado um organismo regional que reúne os países da América Latina e Caribe sem a participação dos Estados Unidos nem Canadá, com o objetivo de integrar a região, isso “foi um tapa” para ambos países norteamericanos.

“Por enquanto, somente é formal. Mas se chega a ser operativo, elimina a OEA [Organização dos Estados Americanos] que é dirigida pelos Estados Unidos. É como se dissessem aos Estados Unidos que se retirem de nossos assuntos. E há outras medidas que estão sendo tomadas. Por exemplo, a China superou os Estados Unidos como importador do Brasil e provavelmente o superará como sócio comercial. É uma grande notícia”, acrescentou.

A seguir, a entrevista na íntegra realizada com o escritor e filósofo estadunidense Noam Chomsky.

Quero começar perguntando-lhe sobre o Irã, os Estados Unidos estão pressionando para que o Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas] imponha-lhe sanções mais duras. Até onde vão os Estados Unidos ou Israel, poderiam invadir ou atacar o Irã?
Israel não é previsível. Particularmente, nos últimos dois anos, tem agido de maneira muito irracional, com muita paranóia, em uma situação em que não se pode saber o que vão fazer. Não creio que nem eles saibam o que vão fazer. Estão chegando a um ponto onde podem não ter outra saída a não ser bombardear o Irã. Mas não podem fazer isso sem o apoio dos Estados Unidos. Assim, a pergunta é se os Estados Unidos autorizarão.

Tecnicamente, Israel poderia fazê-lo. Tem submarinos, que conseguiram da Alemanha, com mísseis nucleares profundamente submersos no Golfo Pérsico.

Teoricamente, poderiam atacar ao Irã sem passar pelo espaço aéreo. Mas quase todos os ataques que se podem conceber passariam pelo espaço aéreo de algum país, assim seria difícil o fazerem sem algum tipo de autorização pelo menos tácita. A Turquia não vai consentir. A pergunta é se os Estados Unidos a autorizaria contra o Iraque. E a outra pergunta é a Arábia Saudita. É concebível que tentaria. Eu acredito que seria uma loucura. E os Estados Unidos? [Barack] Obama, que avançou com os programas de [George W.] Bush, junto com seus assessores, também está se metendo em uma situação onde poderia não ter opção. Porque criaram essa ideia de ameaça do Irã. A ilha mais importante é Diogo García, uma ilha africana onde a Grã-Bretanha expulsou todos os habitantes para que os Estados Unidos pudessem construir uma base militar grande, e é uma das bases militares para atacar o Oriente Médio na Ásia Central. E Obama avançou ali. Enviou centenas de artilharia com penetração profunda chamada “rompe-bunkers”, que estão apontados para o Irã. Enviou instalações para apoiar submarinos nucleares com mísseis Tomahawk. Tudo isso representa uma ameaça direta ao Irã. E as sanções estadunidenses estão ficando mais duras. Mas chama a atenção que fora da Europa e do Japão ninguém está prestando muita atenção. Esses países estão de acordo em ser servis aos Estados Unidos.

Não é o caso do resto do mundo. Os países não alinhados, que são a maioria dos países do mundo, têm apoiado fortemente o direito do Irã em enriquecer o urânio. Mas ninguém presta atenção a eles. São as colônias. Mas é cada vez mais difícil de evitá-los. Turquia, o poder regional mais importante, está construindo oleodutos através do Irã. Está aumentando o comércio com o Irã. Opuseram-se às sanções. O Paquistão acaba de abrir oleodutos para o Irã. Mas o que mais preocupa os Estados Unidos é a China. A China simplesmente não presta atenção às ordens dos Estados Unidos. E se acreditam que são o dono do mundo, isso dará medo. De fato, o governo de Obama está desesperado por isso. Apenas há duas semanas, o Departamento de Estado emitiu advertências à China, dizendo que, se querem ser aceitos no mundo civilizado, tem que cumprir com suas responsabilidades internacionais. O que são as responsabilidades internacionais? Seguir as ordens dos Estados Unidos. Obedecer às sanções dos Estados Unidos. Essas sanções não têm nenhuma força, exceto os meios de violência por detrás delas.

A China está satisfeita em obedecer às sanções da ONU [Organização das Nações Unidas] porque são fracas. Os Estados Unidos não podem fazer com que aprovem sanções sérias na ONU. Assim, a China aprova as sanções da ONU e não tem nenhuma responsabilidade de seguir as sanções dos Estados Unidos. O mais provável é que estejam rindo na Chancelaria porque os Estados Unidos não podem fazer nada.

Igual à Rússia, seguem com suas relações econômicas. Estão desenvolvendo suas terras para gás natural etc. É provável que a China esteja de acordo com as sanções dos Estados Unidos porque abre oportunidades a eles. Não tem que competir com empresas dos Estados Unidos e Europa. E as empresas estadunidenses e europeias provavelmente estão furiosas por isso. Mas é uma política de Estado. Isso também está se passando com as manobras navais. A China criticou que os Estados Unidos estejam fazendo manobras navais perto da costa da China. Estavam muito incomodados pelo plano de enviar um porta-aviões nuclear Aircraf avançado, com o nome de George Washington, ao mar Amarelo com capacidade para atacar Pequim [capital da China] com mísseis, segundo os chineses. Aqui nos Estados Unidos não dão importância. Mas nós não reagiríamos dessa forma se a China estivesse realizando manobras no Caribe. De fato, a reação dos Estados Unidos é muito interessante, tanto do governo como da imprensa. A China não está sendo razoável. Estão interferindo na liberdade dos mares, é dizer, nossa liberdade de realizar manobras militares perto de sua costa.

Claro que ninguém tem esse direito, somente nós. E estão possivelmente estão interferindo com nosso desenvolvimento avançado perto da sua costa. Ninguém tem esse direito perto da nossa costa. Todas essas coisas são reflexo de uma ideologia imperialista profundamente arraigada, que diz que é nosso mundo, nós somos os donos e, se alguém interfere com nosso direito de fazer o que queremos, é sua culpa. E quando a China não aceita, a China é considerada uma ameaça. Não seguem ordens e exercem sua própria soberania, e isso não se pode tolerar. E se nos voltarmos para o Irã, é a mesma coisa.

Segunda-feira [13], o Wall Street Journal anunciou que os Estados Unidos estão acelerando seus planos para um enorme envio de armas a Arábia Saudita. Helicópteros, aviões F-15 etc, projetado cuidadosamente para que Israel consiga armas avançadas e a Arábia Saudita consiga as armas inferiores. No entanto, é enorme. Talvez a maior venda de armas na história. Supostamente é para se defender contra o Irã. Mas o que é exatamente a ameaça iraniana? É interesante. Sempre se fala disso.

É considerado, pelos analistas da política externa dos Estados Unidos e pelo governo estadunidense, de ser um problema maior para a ordem mundial. De fato, tem se chamado o ano do Irã porque é um problema tão grande. Assim, qual é a ameaça? Na verdade, temos uma resposta definitiva para isso.

Desgraçadamente os meios não cubrirão isso. A cada ano, o Pentágono e os Serviços de Inteligência nos Estados Unidos entregam informes ao Congresso analisando a situação global de insegurança.

Acabam de fazê-lo em abril passado. Há uma seção sobre o Irã. O que dizem é muito interessante e, por isso, os meios não cobrem. Dizem que o Irã tem gastos militares muito baixos, inclusive em comparação com outros países da região. Portanto não está claro por que a Arábia Saudita necessita de helicópteros e F-15. O Irã não tem praticamente nenhuma capacidade de mobilizar forças no exterior. Sua doutrina militar é puramente defensiva, projetada para postergar uma invasão do Irã por tempo suficiente para permitir a diplomacia.

Os informes afirmam também que se o Irã está desenvolvendo uma capacidade nuclear, que não quer dizer uma arma nuclear necessariamente, seria parte da estratégia de uma força dissuasiva. Necessitam uma força dissuasiva que não é surpreendente porque há dois países em suas fronteiras ocupados por uma superpotência hostil. Israel e Paquistão têm armas nucleares. Assim, estão em uma situação de perigo. Portanto, se supõe que isso seria parte de sua estratégia de uma força dissuasiva, se estão fazendo isso. Assim, qual a ameaça? Os informes explicam a ameaça. A ameaça é que estão exercendo sua soberania. Estão tentando estender sua influência para países vizinhos, como o Afeganistão e o Iraque. E isso não se pode tolerar porque nós somos os donos desses países. Se nós invadimos esses países, está tudo bem. Mas se eles tentam influenciá-los, chama-se de desestabilização. Impomos a estabilidade. É uma terminologia comum. É tão comum que um editor de uma publicação de relações internacionais uma vez escreveu, sobre o golpe de Estado no Chile contra Allende, que desgraçadamente tivemos que desestabilizar o Chile para estabelecer a estabilidade. E não estava se contradizendo porque tivemos que desestabilizar ao depor o governo e impor uma ditadura, e o resultado é estabilidade porque o novo governo segue ordens e sua visão do mundo. Cada artigo do jornal que lê, cada publicação acadêmica sobre as relações internacionais, dão por certa essa perspectiva. É uma perspectiva natural se acredita que é o dono do mundo. E se você olha os documentos internos dos Estados Unidos, têm suas origens há muito tempo, desde a Segunda Guerra Mundial, quando os assessores de Roosevelt se deram conta de que os Estados Unidos saíam de uma guerra com um poder mundial dominante substituindo a Grã-Bretanha. E estabeleceram diretrizes que são explícitas e nunca são discutidas porque são demasiado explícitas. Dizem que os Estados Unidos devem controlar uma vasta área, pelo menos no hemisfério ocidental, o anterior império britânico, que inclui o Oriente Médio, o Extremo Oriente e, talvez mais, e dentro dessa área nenhum país pode exercer sua soberania se interfere com os planos dos Estados Unidos. Os Estados Unidos devem ter poder absoluto.

Professor Chomsky, o império dos Estados Unidos está acabando?
Agora estamos em um momento dramático porque os Estados Unidos estão perdendo o controle em todas as partes. O Oriente Médio é o lugar mais importante. Mas a China é outro caso, assim como é o hemisfério ocidental.

Sempre se deu por certo que o chamado pátio estaria sob controle. Se você olhar os documentos internos, durante os anos de [ex-presidente estadunidense Richard] Nixon, quando estavam planejando a derrocada do governo de [Salvador] Allende [ex-presidente chileno derrubado pelo ditador Augusto Pinochet], disseram exatamente que, se não podiam controlar a América Latina, como iriam controlar o resto do mundo.

Já não podem controlar a América Latina. De fato, passo a passo, a América Latina, pela primeira vez, está se aproximando da sua independência e da integração.

Por enquanto, somente é formal. Mas se chega a ser operativo, elimina a OEA [Organização dos Estados Americanos] que é dirigida pelos Estados Unidos. É como se dissessem aos Estados Unidos que se retirem de nossos assuntos. E há outras medidas que estão sendo tomadas. Por exemplo, a China superou os Estados Unidos como importador do Brasil e provavelmente o superará como sócio comercial. É uma grande notícia.

Professor Chomsky, no caso de Honduras, o golpe de Estado do ano passado. Esse não foi um golpe duro para a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e uma grande vitória para os Estados Unidos?
A América do Sul avançou em direção à independência e a integração. A Unasul [União de Nações Sul-americanas], por exemplo, não é uma organização somente escrita no papel. Não faz muito, mas se opôs às bases estadunidenses na Colômbia. Apoiou a [presidente boliviano Evo] Morales quando estava sob atraque da velha elite nas províncias do leste.

O Banco do Sul poderia chegar a ter importância e o Mercosul [Mercado Comum do Sul] está se formando. Assim a América do Sul está saindo do controle dos Estados Unidos, o que é muito significativo. Mas a América Central está sob controle até agora. Foi devastada pelas guerras terroristas de [Ronald] Reagan, incluindo Honduras, e apenas está emergindo disso. Porém tem estado disciplinada pelos Estados Unidos.

Com a Nicarágua tem sido um pouco diferente, mas também não tem incomodado muito os Estados Unidos. Honduras é sério. E uma razão é a base de Palmerola. É a única base militar importante que os Estados Unidos têm nessa região. Foi a principal base para atacar a Nicarágua durante a guerra dos Contras. E os Estados Unidos querem mantê-la. E como disse, Honduras é a república bananeira tradicional. Se não podemos mantê-la, estamos com problemas sérios.

Assim, Obama apoiou o golpe de Estado astutamente. Nas palavras, estavam contra, mas nas ações, mostravam que apoiavam. E conseguiram fazer isso. Foi um golpe militar de Estado exitoso. Mas se você fizer uma comparação com o passado, a forma como foi realizado explica muito.

Em anos passados, se os Estados Unidos quisessem apoiar um golpe militar de Estado, simplesmente diriam às Forças Armadas que derrubassem o Governo, e o fariam por si mesmos. Desta vez, se obrigaram a fazê-lo de uma forma mais astuta e indireta que poderia chegar a ser aprovada na Europa.

A Europa é tão obediente aos Estados Unidos. A Europa poderia dizer que não gostou, mas poderia dizer que se manteve dentro da lei, o que por certo não é verdade por certo. Mas não puderam fazer algo assim com o resto do mundo e não puderam fazer como faziam no passado.

São sinais da debilidade crescente dos Estados Unidos, de impor o que chamam de estabilidade no hemisfério. Se fixar nesta década, houve três tentativas de golpe de Estado. O primeiro na Venezuela, apoiado abertamente pelos Estados Unidos, foi revertido. O segundo, no Haiti, os Estados Unidos conseguiram levar a cabo. Estados Unidos, França e Canadá, de fato, levaram a cabo um golpe militar no Hati. Sequestraram o presidente e o enviaram á África Central e baniram seu partido, que ganharia qualquer eleição. Foi um golpe militar de Estado verdadeiro. O Haiti é um Estado fraco, assim puderam fazer isso. E o terceiro foi em Honduras.

São três em uma década. Mas não tem nada a ver com a época em que os Estados Unidos podiam derrubar governos à vontade.

Nada a ver, por exemplo, com John F. Kennedy, que pôde organizar um golpe militar de Estado no Brasil, que ocorreu justamente depois de seu assassinato, mas foi organizado pelos Kennedy. O Brasil é um país grande, não é um lugar pequeno, e não foi um grande problema. Instalaram um de seus primeiro países assassinos de segurança nacional que depois se estendeu como uma praga por todo o continente.

Esses dias acabaram. E está causando muita preocupação entre os formadores da política externa dos Estados Unidos. Inclusive um país tão poderoso como os Estados Unidos já não podem manter o tipo de dominação mundial que foi projetada depois da Segunda Guerra Mundial e implementá-la em grande medida.

Professor Chomsky, você escreveu um livro muito importante há 20 anos sobre a fabricação do consenso feito por grandes meios comerciais. A capacidade dessas empresas de controlar o pensamento das pessoas mudou nesse período?
Tomamos os exemplos da Telesur, RT, Press TV ou Al-Jazeera, que é o maior. Vemos um exemplo real, como a invasão israelense a Gaza, que foi uma invasão israelense e estadunidense a Gaza porque os Estados Unidos participaram plenamente. Foi possível conseguir uma cobertura ao vivo 24 horas de Gaza da Al Jazeera. E havia dois povos nos Estados Unidos de onde se poderia ver. Um está em Michigan [centro-norte] onde há uma grande população árabe e outro é um pequeno povo no norte de Nova Hampshire.

No resto do mundo, foi possível ver a cobertura 24 horas do evento mais importante desse período. Nos Estados Unidos, foi proibido. Se por acaso estivesse nesses povos, poderia ver pela televisão a cabo. Se foi suficientemente inteligente para encontrar pela internet, podia encontrar pela internet. Mas quanto ao impacto sobre a população, teve mais êxito sobre os que viviam na União Soviética. Havia muito mais gente escutando a BBC na União Soviética, escutando fontes no exterior.

Um grande número estava conseguindo suas notícias da BBC e pela Voz da América. Sabemos isso por estudos que foram realizados. Aqui está essa voz alternativa, e se sabe o que busca e faz um esforço, pode encontrar. Isso é bom, porém só alguns aproveitam.

A internet tem muito valor se você sabe o que está fazendo. Mas para a maioria da população, é como se você quisesse ser biólogo e eu diga que vá a bibliotecas de Harvard e leia todas as revistas sobre biologia. Não vai aprender nada. Estão ali. No entanto, tem que saber o que está buscando. E as pessoas nos Estados Unidos não sabem porque tem havido uma campanha extremamente exitosa, especialmente nos últimos 20 anos, de fragmentação para as pessoas, subordinando-as.

Professor Chomsky e a mudança climática, a possibilidade de uma guerra nuclear, a crise alimentar, os desastres naturais, nesse sentido o mundo é assustador. Você tem esperança?
O mais surpreendente é que quase não há uma forma de abordar a mudança climática com as instituições já existentes. Os Estados Unidos realmente não têm um sistema de mercados, nenhum país poderia sobreviver com um sistema de mercados. Mas têm um sistema de mercados parcial. E na medida em que funciona um sistema de mercados, você perdeu. Se você é executivo de uma empresa, está obrigado por lei a maximizar as ganâncias em curto prazo e ignorar as externalidades, por exemplo, o destino da espécie humana.

Não faz isso porque é uma pessoa má, talvez lhe importe o destino da espécie. Mas não pode importar em teus negócios. Se você decide ser uma pessoa decente, está fora, e se incorpora outra pessoa que vai fazer o que se requer institucionalmente. O efeito nos Estados Unidos é que há campanhas de propaganda importantes dirigidas a um mundo dos negócios que tentam convencer as pessoas a esquecer. O que não está se passando, o que os humanos não têm que ver, o que seja. É uma sentença de morte.

E as mesmas pessoas que estão fazendo essa campanha sabem bem disso. Sabem igualmente como eu, você e outros que é muito sério. Mas estão presos. Estão nessa estrutura institucional e não podem sair. E isso é sério. Se você vê o mundo, há duas trajetórias. Há a trajetória que está sendo perseguida, lentamente, irregular, de que na América Latina há mais independência em direção aos horríveis problemas internos da pobreza massiva e o sofrimento e a desigualdade. Há passos tímidos para essa direção. É uma trajetória positiva. Há outra trajetória que conduz à destruição. A mudança climática é um caso. A guerra nuclear é outro. E há outros. A pergunta é qual trajetória acabará dominando. Não tem sentido especular.

(*) Entrevista publicada originalmente pela Telesur, e reproduzida no Brasil de Fato. Tradução: Patrícia Benvenuti
Fonte: http://www.fazendomedia.com

Copiado do Provos.Brasil



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sábado, 25 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O lulismo posto à prova em 2010

Reproduzo polêmico artigo de André Singer, publicado no jornal Folha de S.Paulo: (Altamiro Borges)

Conta-se que certa vez o engenheiro Leonel Brizola teria levado o metalúrgico Lula ao túmulo de Getúlio Vargas em São Borja (RS). Lá chegando, o gaúcho pôs-se a conversar com o ex-presidente. Depois de algumas palavras introdutórias, apresentou o líder do PT ao homem que liderou a Revolução de 1930: "Doutor Getúlio, este é o Lula", disse, ou algo parecido. Em seguida, pediu que Lula cumprimentasse o morto. Não se sabe a reação do petista.

Será que algum dos personagens do encontro pressentiu que, naquela hora, estavam sendo reatados fios interrompidos da história brasileira? Desconfio que não.

Os tempos eram de furiosa desmontagem neoliberal da herança populista dos anos 1940/50. Mesmo aliados, em 1998, PT e PDT - praticamente tudo o que restava de esquerda eleitoralmente relevante - perderiam para Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno. O consulado tucano parecia destinado a durar pelo menos 20 anos e trazer em definitivo o neoliberalismo para o Brasil.

Brecha

Foi por uma brecha imprevista, aberta pelo aumento do desemprego no segundo mandato de FHC, que Lula encontrou o caminho para a Presidência da República. Para aproveitá-la, fez substanciais concessões ao capital, pois a ameaça de radicalização teria afastado o eleitorado de baixíssima renda, o qual deseja que as mudanças se deem sem ameaça à ordem [1].

Apesar da pacificação conquistada com a "Carta ao Povo Brasileiro" ter sido suficiente para vencer, o subproletariado não aderiu em bloco. Havia mais apoio entre os que tinham renda familiar acima de cinco salários mínimos do que entre os que ganhavam menos do que isso, como, aliás, sempre acontecera desde 1989. Ainda que as diferenças pudessem ser pequenas, elas expressavam a persistente desconfiança do "povão" em relação ao radicalismo do PT.

Depois de 2002, tudo iria mudar. A vitória levaria ao poder talvez o mais varguista dos sucessores do dr. Getúlio. Não em aspectos superficiais, pois nestes são expressivas as diferenças entre o latifundiário do Sul e o retirante do Nordeste. Tampouco no sentido de arbitrar, desde o alto, o interesse de inúmeras frações de classe, fazendo um governo que atende do banqueiro ao morador de rua. Dadas as condições, todos os presidentes tentam o mesmo milagre.

O que há de especificamente varguista é a ligação com setores populares antes desarticulados. Ao constituir, desde o alto, o povo em ator político, o lulismo retoma a combinação de autoridade e proteção aos pobres que Getúlio encarnou.

Burguesia em calma

Mas em 1º de janeiro de 2003 ninguém poderia prever o enredo urdido pela história. Para manter em calma a burguesia, o mandato inicial de Lula, como se recorda, foi marcado pela condução conservadora nos três principais itens da macroeconomia: altos superavits primários, juros elevados e câmbio flutuante. Na aparência, o governo seguia o rumo de FHC e seria levado à impopularidade pelas mesmas boas razões.

De fato, 2003 foi um ano recessivo e causou desconforto nos setores progressistas. Ao final, parte da esquerda deixou o PT para formar o PSOL. Mesmo com a retomada econômica no horizonte de 2004, Brizola deve ter morrido em desacordo com Lula, por ter transigido com o adversário.

Ocorre que, de maneira discreta, outro tripé de medidas punha em marcha um aumento do consumo popular, na contramão da ortodoxia. No final de 2003, dois programas, aparentemente marginais, foram lançados sem estardalhaço: o Bolsa Família e o crédito consignado. Um era visto como mera junção das iniciativas de FHC. O segundo, como paliativo para os altíssimos juros praticados pelo Banco Central.

Em 2004, o salário mínimo começa a se recuperar, movimento acelerado em 2005. Comendo o mingau pela borda, os três aportes juntos começaram a surtir um efeito tão poderoso quanto subestimado: o mercado interno de massa se mexia, apesar do conservadorismo macroeconômico.

Nas pequenas localidades do interior nordestino, na vasta região amazônica, nos lugares onde a aposentadoria representava o único meio de vida, havia um verdadeiro espetáculo de crescimento, o qual passava despercebido para os "formadores de opinião".

Passo decisivo

Quando sobrevém a tempestade do "mensalão" em 2005 - e, despertado do sono eterno pela reedição do cerco midiático de que fora vítima meio século antes no Catete, o espectro do dr. Getúlio começa a rondar o Planalto -, já estavam dadas as condições para o passo decisivo.

Em 3 de agosto - sempre agosto -, em Garanhuns (PE), perante milhares de camponeses pobres da região em que nascera, Lula desafiou os que lhe moviam a guerra de notícias: "Se eu for [candidato], com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez".

Até então, a ligação entre Lula e os setores populares era virtual. Chegara ao topo cavalgando uma onda de insatisfação puxada pela classe média. Optou por não confrontar os donos do dinheiro. Perdeu parte da esquerda. Na margem, acionou mecanismos quase invisíveis de ajuda aos mais necessitados, cujo efeito ninguém conhecia bem.

Foi só então que, empurrados pelas circunstâncias, o líder e sua base se encontraram: um presidente que precisava do povo e um povo que identificou nele o propósito de redistribuir a renda sem confronto.

Placas tectônicas


Os setores mais sensíveis da oposição perceberam que fora dada a ignição a uma fagulha de alta potência e decidiram recuar. A hipótese de impedimento foi arquivada, para decepção dos que não haviam entendido que placas tectônicas do Brasil profundo estavam em movimento.

Em 25 de agosto, um dia depois do aniversário do suicídio de Vargas, Lula podia declarar perante o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social que a página fora virada: "Nem farei o que fez o Getúlio Vargas, nem farei o que fez o Jânio Quadros, nem farei o que fez o João Goulart. O meu comportamento será o comportamento que teve o Juscelino Kubitschek: paciência, paciência e paciência". Uma onda vinda de baixo sustentava a bonomia presidencial.

O Lula que emerge nos braços do povo, depois da crise, depende menos do beneplácito do capital. Daí a entrada de Dilma Rousseff e Guido Mantega em postos estratégicos, o que mudou aspectos relevantes da política macroeconômica. Os investimentos públicos, contidos por uma execução orçamentária contracionista, foram descongelados no final de 2005. O salário mínimo tem um aumento real de 14% em 2006.

Polarização


Para o público informado, a constatação do que ocorrera ainda demoraria a chegar. Foi preciso atingir o segundo turno de 2006 para que ficasse claro que o povo tinha tomado partido, ainda que em certos ambientes de classe média "ninguém" votasse em Lula.

A distribuição dos votos por renda mostra a intensa polarização social por ocasião do pleito de 2006. Pela primeira vez, o andar de baixo tinha fechado com o PT, antes forte na classe média, numa inversão que define o realinhamento iniciado quatro anos antes.

Embora, do ponto de vista quantitativo, a mudança relevante tenha se dado em 2002, o que define o período é o duplo movimento de afastamento da classe média e aproximação dos mais pobres. Por isso, o mais correto é pensar que o realinhamento começa em 2002, mas só adquire a feição definitiva em 2006. Como, por sinal, aconteceu com Roosevelt entre 1932 e 1936.

Segundo mandato

Assentado sobre uma correlação de forças com menor pendência para o capital, o segundo mandato permitirá a Lula maior desenvoltura. Com o lançamento do PAC, fruto de um orçamento menos engessado, aumentam as obras públicas, as quais vão absorver mão de obra, além de induzir ao investimento privado.

Em 2007, foi gerado 1,6 milhão de empregos, 30% a mais do que no ano anterior. A recuperação do salário mínimo é acelerada, com aumento real de 31% de 2007 a 2010, contra 19% no primeiro mandato, conforme estimativa de um dos diretores do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) [2]. A geração de emprego e renda explica os 70% de aprovação do governo desde então.

Nem mesmo a derrubada da CPMF, com a qual a burguesia mostrou os dentes no final de 2007, reduziu o ritmo dos projetos governamentais. A transferência de renda continuou a crescer. Foi só ao encontrar a parede do tsunami financeiro, no último trimestre de 2008, que se interrompeu o ciclo ascendente de produção e consumo. Teria chegado, então, segundo alguns, a hora da verdade. Com as exportações em baixa, o lulismo iria definhar.

Comprar sem medo


Mas o lulismo já contava com um mercado interno de massa ativado, capaz de contrabalançar o impacto da crise no comércio exterior. A ideia, difundida pelo presidente, de que a população podia comprar sem medo de quebrar, ajudou a conter o que poderia ser um choque recessivo e a relançar a economia em tempo curto e velocidade alta.

Além da desoneração fiscal estratégica, como a do IPI sobre os automóveis e os eletrodomésticos da linha branca, o papel dos bancos públicos - em particular o do BNDES - na sustentação das empresas aumentou a capacidade do Estado para conduzir a economia. Numa manobra que lembra a de Vargas na Segunda Guerra, Lula utilizou a situação externa para impulsionar a produção local.

Surge uma camada de empresários - Eike Batista parece ser figura emblemática, como notava dias atrás um economista -, dispostos a seguir as orientações do governo. A principal delas é puxar o crescimento por meio de grandes obras, como as de Itaboraí - o novel polo petroquímico no Estado do Rio -, as de Suape (PE) e de Belo Monte, na Amazônia. Cada uma delas alavancará regiões inteiras.

Por fim, a aliança entre a burguesia e o povo, relíquia de tempos passados que ninguém mais achava que pudesse funcionar, se materializa diante dos olhos. Que o estádio do Corinthians em Itaquera não nos deixe mentir.

Projeto pluriclassista


A candidatura Dilma representa o arco que o lulismo construiu. A ex-ministra, por sua biografia, é talhada para levar adiante um projeto nacional pluriclassista. O fato de ter sido do PDT até pouco tempo atrás não é casual. A mãe do PAC tem uma visão dos setores estratégicos em que a burguesia terá que investir, com o BNDES.

O povo lulista, que deseja distribuição da renda sem radicalização política, já dá sinais de que o alinhamento fechado em 2006 está em vigor. Em duas semanas de propaganda eleitoral na TV, Dilma subiu 9 pontos percentuais e Serra caiu 5. À medida que os mais pobres adquirem a informação de que ela é a candidata de Lula, o perfil do seu eleitorado se aproxima do que foi o de Lula em 2006. Ou seja, o voto em Dilma cresce conforme cai a renda, a escolaridade e a prosperidade regional.

A classe média tradicional, em que pese aprovar o governo, continuará a votar na oposição, como demonstram a dianteira de Serra em Curitiba e o virtual empate em São Paulo, municípios em que o peso numérico das camadas intermediárias é significativo.

Parte delas, sobretudo entre os jovens universitários, deverá optar por Marina Silva. Isso explica por que os que têm renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos dão 12 pontos percentuais de vantagem para a soma de Serra e Marina sobre Dilma na pesquisa Datafolha concluída em 3/9.

O problema da oposição é que esse segmento reúne apenas 14% do eleitorado, de acordo com a amostra utilizada pelo Datafolha, enquanto os mais pobres (até dois salários mínimos de renda familiar mensal) são 48% do eleitorado. Nesse segmento, Dilma possui uma diferença de 22 pontos percentuais sobre Serra e Marina somados! Se vier a ganhar no primeiro turno, será graças ao apoio, sobretudo, dos eleitores de baixíssima renda, como ocorreu com Lula na eleição passada.

Realinhamento


A feição popular da provável vitória de Dilma confirma, assim, a hipótese que sugerimos no ano passado a respeito da novidade que emergiu em 2006. Se estivermos certos, por um bom tempo o PSDB precisará aprender a falar a linguagem do lulismo para ter chances eleitorais. Não se trata de mexicanização, mas de realinhamento, o qual significa menos a vitória reiterada de um mesmo grupo e mais a definição de uma agenda que decorre do vínculo entre certas camadas e partidos ou candidatos.

Quando um governo põe em marcha mecanismos de ascensão social como os que se deram no New Deal, e como estamos a assistir hoje no Brasil, determina o andamento da política por um longo período. Num primeiro momento, trata-se da adesão dos setores beneficiados aos partidos envolvidos na mudança -o Partido Democrata nos EUA, o PT no Brasil.

Com o passar do tempo e as oscilações da conjuntura, os aderentes menos entusiastas podem votar em outro partido, mesmo sem romper o alinhamento inicial. Foi o que aconteceu com as vitórias do republicano Eisenhower (1952 e 1956) e dos democratas Kennedy (1960) e Johnson (1964).

Mas para isso a oposição não pode ser extremada, como bem o percebeu a hábil Marina Silva. Até certa altura da sua campanha, José Serra igualmente trilhou esse caminho. Foi a fase em que propôs cortar juros e duplicar a abrangência do Bolsa Família.

Depois, tragado pela lógica do escândalo, retornou ao caminho udenista da denúncia moral, que só garante os votos de classe média - o que, no Brasil, não ganha eleição. Convém lembrar que no ciclo dominado pelo alinhamento varguista, a UDN só conseguiu vencer com um candidato: Jânio Quadros, que falava a linguagem populista. Fora disso, resta o golpe, sombra da qual estamos livres.

Duração


Qual será a duração do ciclo aberto em 2002, completado em 2006, e, aparentemente, a ser confirmado em 2010? O realinhamento abrange, por definição, um período longo. O último que vivemos, dominado pelo oposicionismo do MDB/PMDB, durou 12 anos (1974-86) e foi sepultado, quem sabe antes do tempo, pelo fracasso em controlar a inflação. A resposta para o atual momento também deve contemplar a economia.

Por isso, as condições de manter, pelo menos, o ritmo de crescimento médio alcançado no segundo mandato de Lula, algo como 4,5% de elevação anual do PIB, estarão no centro das preocupações do novo presidente. Sem ele, as premissas do lulismo ficam ameaçadas. Recados criptografados sobre a necessidade de reduzir a rapidez do crescimento e de fazer um ajuste fiscal duro já apareceram na imprensa, dirigidos a Dilma, provável vencedora.

O capital financeiro - apelidado na mídia de "os mercados" - vai lhe cobrar o tradicional pedágio de quem ainda não "provou" ser confiável. Caso os reclamos de pisar no freio não sejam atendidos, sempre haverá o recurso de o BC - cuja direção deverá continuar com alguém como Henrique Meirelles, senão o próprio - aumentar os juros. O aumento real do salário mínimo no primeiro ano de governo, que dependerá da presidente, pois o PIB ficou estagnado em 2009, será outro teste relevante.

Cabo de guerra


Convém notar que, no segundo mandato de Lula, ainda que de modo relutante, o BC foi obrigado a trabalhar com juros mais baixos. Mas o cabo de guerra será reiniciado no dia 3 de janeiro de 2011. Com os jogadores em posse de um estoque de fichas renovados pela eleição, uns apostarão em uma recuperação do espaço perdido, outros numa aceleração do caminho trilhado no segundo mandato.

O PMDB, elevado à posição de sócio importante da vitória, atribuiu-se, na campanha, o papel de interlocutor com o empresariado. O PT, possivelmente fortalecido por uma bancada maior, deverá, pela lógica, fazer-lhe o contraponto do ângulo popular. A escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro, servirá de termômetro para o balanço das respectivas forças.

O futuro do lulismo dependerá de continuar incorporando, com salários melhores, os pobres ao mundo do trabalho formal. Em torno desse ponto é que se darão os principais conflitos e se definirá a extensão do ciclo. Alguns analistas da oposição alertam para a proximidade de um índice de emprego que começará a encarecer a mão de obra e gerar inflação. Como mostra Stiglitz [3], é a conversa habitual dos conservadores para brecar a expansão econômica.

Por fim, não se deve esquecer que uma palavra decisiva sobre esses embates virá de São Bernardo, onde residirá o ex-presidente, bem mais perto da capital do que foi, no passado, São Borja.

Aguardam-se os conselhos de Vargas e Brizola, dos quais poderemos tomar conhecimento naquelas mensagens psicografadas por Elio Gaspari.

Notas

1. Ver André Singer. "Raízes Sociais e Ideológicas do Lulismo", "Novos Estudos", 85, nov 2009.

2. Ver João Sicsú. "Dois Projetos em Disputa". "Teoria e Debate", 88, mai/jun 2010.

3. Ver Joseph Stiglitz, "Os Exuberantes Anos 90", Companhia das Letras, 2003.

Copiado do blog  Altamiro Borges

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Liberdade de expressão: um ato para a história

Estive no ato, de tão cheio, ouvi as falas do corredor. O PIG está falando em 300 ou 400, os organizadores do evento falam em oitocentos. Fico com os segundos, do PIG, desconfio até da data dos jornais. (Blog do Cappacete)


O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo viveu um dos seus melhores dias nesta quinta-feira à noite.
Eram 18h15 quando este blogueiro chegou ao local e mais de cinquenta pessoas já se aglomeravam no auditório Wladimir Herzog, que tem capacidade para 100 pessoas sentadas.
O ato começaria às 19h, registre-se.
Entramos numa das salas da diretoria da entidade pra discutir os encaminhamentos do evento e quando saimos, umas 18h45, o auditório já está lotado.

Antes de continua preciso fazer um registro, todas as fotos que você ve aqui são do blogueFalando Sozinho, do Ivan Trindade, que me autorizou a publicação e onde você vai encontrar outras boas imagens.
O ato começou às 19h20. Éramos umas 300 pessoas no auditório e uma fila de mais de 100 tentando entrar.
Ao fim, os mais pessimistas falavam em 600 presentes. E os otimistas em mais de 1 mil. Este blogueiro arrisca dizer que de 700 a 800 pessoas estiveram no Sindicato dos Jornalistas nesta quinta à noite.
Havia gente no corredor, no saguão do prédio e na rua. Algo impressionante.

Manifestante trouxe a sua faixa
E gente de diversos lugares. Um número considerável de pessoas de outras cidades e até de outros estados.
Além da presença de muitos veículos da mídia independente e livre, o que surpreendeu foi a presença maciça de órgãos da mídia tradicional. Provavelmente esses veículos esperavam que algo fosse dar errado. Ou imaginavam que a gente repetiria o fiasco do ato que ajudaram a promover na tarde de ontem na Faculdade do Largo São Francisco. E que não juntou nem 100 pessoas.
De qualquer forma é importante que se registre aqui que a relação com a imprensa comercial foi absolutamente respeitosa. Nenhum jornalista teve qualquer dificuldade pra realizar o seu trabalho.
Posso assegurar, porque fiz essa mediação, que todos foram tratados de forma democrática e respeitosa.
Havia gente do Globo, do Estadão, da Folha, da Record, da Veja etc.
Da mesa do participaram representantes da CUT, CTB, CGTB, Nova Central Sindical, MST, Altercom, Barão de Itararé, Sindicato dos Jornalistas, PDT, PCdoB e PSB.
Pelo PSB falou a deputada federal Luiza Erundina. Ela encerrou o encontro e foi a mais aplaudida da noite.
Segue a carta lida pelo Altamiro Borges, em nome do Centro de Estudos Barão de Itararé.
É importante que ela seja divulgada para todos os cantos possíveis.


Pela ampla liberdade de expressão no Brasil.

Pra ter uma idéia de como o evento estava lotado
O ato “contra o golpismo midiático e em defesa da democracia”, proposto e organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, adquiriu uma dimensão inesperada. Alguns veículos da chamada grande imprensa atacaram esta iniciativa de maneira caluniosa e agressiva. Afirmaram que o protesto é “chapa branca”, promovido pelos “partidos governistas” e por centrais sindicais e movimentos sociais “financiados pelo governo Lula”. De maneira torpe e desonesta, estamparam em suas manchetes que o ato é “contra a imprensa”.
Diante destas distorções, que mais uma vez mancham a história da imprensa brasileira, é preciso muita calma e serenidade. Não vamos fazer o jogo daqueles que querem tumultuar as eleições e deslegitimar o voto popular, que querem usar imagens da mídia na campanha de um determinado candidato. Esta eleição define o futuro do país e deveria ser pautada pelo debate dos grandes temas nacionais, pela busca de soluções para os graves problemas sociais. Este não é momento de baixarias e extremismos. Para evitar manipulações, alguns esclarecimentos são necessários:

Erundina falou pelo PSB: a mais aplaudida da noite
1. A proposta de fazer o ato no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo teve uma razão simbólica. Neste auditório que homenageia o jornalista Vladimir Herzog, que lutou contra a censura e foi assassinado pela ditadura militar, estão muitos que sempre lutaram pela verdadeira liberdade de expressão, enquanto alguns veículos da “grande imprensa” clamaram pelo golpe, apoiaram a ditadura – que torturou, matou, perseguiu e censurou jornalistas e patriotas – e criaram impérios durante o regime militar. Os inimigos da democracia não estão no auditório Vladimir Herzog. Aqui cabe um elogio e um agradecimento à diretoria do sindicato, que procura manter este local como um espaço democrático, dos que lutam pela verdadeira liberdade de expressão no Brasil.
2. O ato, como já foi dito e repetido – mas, infelizmente, não foi registrado por certos veículos e colunistas –, foi proposto e organizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, entidade criada em maio passado, que reúne na sua direção, ampla e plural, jornalistas, blogueiros, acadêmicos, veículos progressistas e movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação. Antes mesmo do presidente Lula, no seu legítimo direito, criticar a imprensa “partidarizada” nos comícios de Juiz de Fora e Campinas, o protesto contra o golpismo midiático já estava marcado. Afirmar o contrário, insinuando que o ato foi “orquestrado”, é puro engodo. Tentar partidarizar um protesto dos que discordam da cobertura da imprensa é tentar, isto sim, censurar e negar o direito à livre manifestação, o que fere a própria Constituição. É um gesto autoritário dos que gostam de criticar, mas não aceitam críticas – que se acham acima do Estado de Direito.
3. Esta visão autoritária, contrária aos próprios princípios liberais, fica explícita quando se tenta desqualificar a participação no ato das centrais sindicais e dos movimentos sociais, acusando-os de serem “ligados ao governo”. Ou será que alguns estão com saudades dos tempos da ditadura, quando os lutadores sociais eram perseguidos e proibidos de se manifestar? O movimento social brasileiro tem elevado sua consciência sobre o papel estratégico da mídia. Ele é vítima constante de ataques, que visam criminalizar e satanizar suas lutas. Greves, passeatas, ocupações de terra e outras formas democráticas de pressão são tratadas como “caso de polícia”, relembrando a Velha República. Nada mais justo que critiquem os setores golpistas e antipopulares da velha mídia. Ou será que alguns veículos e até candidatos, que repetem o surrado bordão da “república sindical”, querem o retorno da chamada “ditabranda”, com censura, mortos e desaparecidos? O movimento social sabe que a democracia é vital para o avanço de suas lutas e para conquista de seus direitos. Por isso, está aqui! Ele não se intimida mais diante do terrorismo midiático.
4. Por último, é um absurdo total afirmar que este ato é “contra a imprensa” e visa “silenciar” as denúncias de irregularidades nos governos. Só os ingênuos acreditam nestas mentiras. Muitos de nós somos jornalistas e sempre lutamos contra qualquer tipo de censura (do Estado ou dos donos da mídia), sempre defendemos uma imprensa livre (inclusive da truculência de certas redações). Quem defende golpes e ditaduras, até em tempos recentes, são alguns empresários retrógrados do setor. Quem demite, persegue e censura jornalistas são os mesmos que agora se dizem defensores da “liberdade de imprensa”. Somos contra qualquer tipo de corrupção, que onera os cidadãos, e exigimos apuração rigorosa e punição exemplar dos corruptos e dos corruptores. Mas não somos ingênuos para aceitar um falso moralismo, típico udenismo, que é unilateral no denuncismo, que trata os “amigos da mídia” como santos, que descontextualiza denúncias, que destrói reputações, que desrespeita a própria Constituição, ao insistir na “presunção da culpa”. Não é só o filho da ex-ministra Erenice Guerra que está sob suspeição; outros filhos e filhas, como provou a revista CartaCapital, também mereceriam uma apuração rigorosa e uma cobertura isenta da mídia.
5- Neste ato, não queremos apenas desmascarar o golpismo midiático, o jogo sujo e pesado de um setor da imprensa brasileira. Queremos também contribuir na luta em defesa da democracia. Esta passa, mais do que nunca, pela democratização dos meios de comunicação. Não dá mais para aceitar uma mídia altamente concentrada e perigosamente manipuladora. Ela coloca em risco a própria a democracia. Vários países, inclusive os EUA, adotam medidas para o setor. Não propomos um “controle da mídia”, termo que já foi estigmatizado pelos impérios midiáticos, mas sim que a sociedade possa participar democraticamente na construção de uma comunicação mais democrática e pluralista. Neste sentido, este ato propõe algumas ações concretas:
- Desencadear de imediato uma campanha de solidariedade à revista CartaCapital, que está sendo alvo de investida recente de intimidação. É preciso fortalecer os veículos alternativos no país, que sofrem de inúmeras dificuldades para expressar suas idéias, enquanto os monopólios midiáticos abocanham quase todo o recurso publicitário. Como forma de solidariedade, sugerimos que todos assinemos publicações comprometidas com a democracia e os movimentos sociais, como a Carta Capital, Revista Fórum, Caros Amigos, Retrato do Brasil, Jornal Brasil de Fato, Revista do Brasil, Hora do Povo entre outros; sugerimos também que os movimentos sociais divulguem em seus veículos campanhas massivas de assinaturas destas publicações impressas;
- Solicitar, através de pedidos individuais e coletivos, que a vice-procuradora regional eleitoral, Dra. Sandra Cureau, peça a abertura dos contratos e contas de publicidade de outras empresas de comunicação – Editora Abril, Grupo Folha, Estadão e Organizações Globo –, a exemplo do que fez recentemente com a revista CartaCapital. É urgente uma operação “ficha limpa” na mídia brasileira. Sempre tão preocupadas com o erário público, estas empresas monopolistas não farão qualquer objeção a um pedido da Dra. Sandra Cureau.
- Deflagrar uma campanha nacional em apoio à banda larga, que vise universalizar este direito e melhorar o PNBL recentemente apresentado pelo governo federal. A internet de alta velocidade é um instrumento poderoso de democratização da comunicação, de estimulo à maior diversidade e pluralidade informativas. Ela expressa a verdadeira luta pela “liberdade de expressão” nos dias atuais. Há forte resistência à banda larga para todos, por motivos políticos e econômicos óbvios. Só a pressão social, planejada e intensa, poderá garantir a universalização deste direito humano.
- Apoiar a proposta do jurista Fábio Konder Comparato, encampada pelas entidades do setor e as centrais sindicais, do ingresso de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão do parlamento na regulamentação dos artigos da Constituição que versam sobre comunicação. Esta é uma justa forma de pressão para exigir que preceitos constitucionais, como o que proíbe o monopólio no setor ou o que estimula a produção independente e regional, deixem de ser letra morta e sejam colocados em prática. Este é um dos caminhos para democratizar a comunicação.
- Redigir um documento, assinado por jornalistas, blogueiros e entidades da sociedade civil, que ajude a esclarecer o que está em jogo nas eleições brasileiras e que o papel da chamada grande imprensa tem jogado neste processo decisivo para o país. Ele deverá ser amplamente divulgado em nossos veículos e será encaminhado à imprensa internacional.
 

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