terça-feira, 22 de setembro de 2009

Loucura, ontem e hoje

Chama à atenção no filme "A troca" o fato de ter comentado sobre Cosme de Farias, nome também do Bairro onde morei durante quase a vida toda.
Comentei que o considerava, o primeiro a se preocupar e fazer um trabalho corpo a corpo contra o analfabetismo na Bahia.
    Não era meu objetivo falar sobre o que ele representava, para isso se encontra um longo e excelente texto da jornalista. Mônica Celestino. Encontrei também outro pequeno texto que mostra sua atuação na Psiquiatria Forense, onde destaca seu papel na internação de muitas pessoas no maniconio. É um texto de pesquisa portanto baseado em documentos, o considero importante. “A troca”. É um filme com direção de Clint Eastwood, uma história real onde uma mulher em 1928 ousou enfrentar o poder, por isso foi internada como louca. Não vou me aprofundar como critico de cinema, simplesmente por existir bons críticos para isso. Vejo neste filme a ilegalidade usada na época pelo poder para eliminar seus inimigos usando o manicomio, destaco a pratica em si, exercida numa época que deveria haver manipulações do poder nos internamentos psiquiátricos, uma coisa é uma coisa, outra é um internamento criminoso como é o caso do filme, este sim, um fato extremamente escabroso. De lá pra cá, muita coisa mudou, evoluiu, mas também evoluiu o crime e diversas e invisíveis formas de sacrificar uma pessoa, as mais populares são sem duvida o assedio moral e a metalinguagem. É bastante saudável questionar neste filme a forma de excluir uma pessoa dos seus direitos, hoje, acredito ser impossível um internamento vergonhoso como foi no filme. Paralelamente as técnicas de torturas se tornaram transparente, invisíveis e através da metalinguagem e do assedio moral não se interna ninguém, mas podem levar a vitima a cometer suicídio, assassinato ou realmente ficar doida de pedra, não escolhem idade para atacar, estão seguros da impunidade e arrasam com a vida de qualquer um que atravesse a vida de um pseudo poderoso.. Se não bastasse a natureza com sua ambígua significação, lutamos pelo saber, sem poder definir nenhum limite ou parâmetro que possa estabelecer regras da louca vida que normalmente vivemos. A loucura acaba sendo desculpas para confinamentos atrás de grandes muros contra os loucos normais que se transformam em verdadeiras bestas ao perder o luxo ou não consegui-lo. O obstinado desejo de poder e luxo transforma alguns homem em feras enlouquecidas, se privados, tornam-se, bestas sanguinárias sentem prazer vendo a sua vitima morrer lentamente aos olhos de todos. O luxo e poder geralmente predomina de forma vergonhosa, ignorando a grandeza do saber. Não podemos esquecer que além da estabelecida loucura pelos poderosos loucos normais, existe a necessidade do amor, da compaixão e da solidariedade. Uma coisa é certa, Come de Farias morreu pobre, o conheci já marcado pelas tatuagens da vida, surgia com um acompanhante no fim de linha do bairro, pegava um taxi e sempre convidava pessoas na fila para dar carona. Todas as manhas o encontrava na hora em que estava indo para a escola, são boas lembranças que tenho da sua imagem. Texto e foto de Jader Resende. 

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